O Olhar Humanizado Da Psicologia Dando Voz Aos Moradores Em Situação De Rua
Por: Shirley Cruz • 4/12/2023 • Trabalho acadêmico • 973 Palavras (4 Páginas) • 40 Visualizações
XI Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG
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[pic 2] | XI Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG & IX Salão de Extensão http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao ISSN 2318-8014 | [pic 3] [pic 4] | ||
O OLHAR HUMANIZADO DA PSICOLOGIA DANDO VOZ AOS MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA | ||||
Ana Flavia Corrêa, Catia Regina Balardin Sandri, Monique de Matos Pereira, Raquel Ferreira da Rosa, Shirlei Rosane Galho da Cruz | ||||
a) Curso de Psicologia, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, RS. | ||||
*Orientador (autor correspondente): João Luiz Almeida Webber, endereço: Rua Os Dezoito do Forte, 2366. Caxias do Sul – RS. CEP: 95020-472. E-mail: cicranodetal@fsg.br | Palavras-chave: Psicologia. Vulnerabilidade. Escuta |
INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A população em situação de rua, segundo conceituação apresentada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), é formada por um grupo populacional heterogêneo que tem em comum a pobreza, vínculos familiares quebrados ou interrompidos, vivência de um processo de desfiliação social pela ausência de trabalho assalariado e das proteções derivadas ou dependentes dessa forma de trabalho, sem moradia convencional regular e tendo a rua como o espaço de moradia e sustento. (p. 9). E apesar dessa heterogeneidade do grupo, composto por histórias distintas e motivações singulares para estarem naquela situação, foi possível pontuar também a dependência por substâncias químicas como um denominador em comum. Vieira e colaboradores (1994), refere-se a esse grupo populacional como pessoas que vivem em situação de extrema instabilidade, na grande maioria de homens sós, sem lugar fixo de moradia, sem contato permanente com a família e sem trabalho regular; em que a falta de convivência com o grupo familiar e a precariedade de outras referências de apoio efetivo e social fazem com que esses indivíduos se encontrem, de certa maneira, impedidos de estabelecer projetos de vida e até de resgatar uma imagem positiva de si mesmos, MATERIAL E MÉTODOS: Para a seleção do material que embasa esse trabalho foram utilizadas bases de dados eletrônicas, onde nestes meios foram selecionados artigos, capítulos de livros e outros materiais promovendo uma abordagem reflexiva, ampliada e contextualizada sobre o tema, relacionando as experiências vivenciadas a temática abordada neste trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Com o objetivo de promover momentos de escuta empática no Projeto Hospedagem Solidária, os estudantes componentes do projeto de extensão Diversidade em Foco visitaram e participaram ativamente do projeto, organizado pela Mitra Diocesana de Caxias do Sul e que já estava em sua sexta edição. As atividades tiveram início em 12 de junho de 2023 e se estenderam até o dia 02 de setembro, em um espaço com capacidade para acolher até 53 homens em situação de rua, oferecendo jantar e café da manhã, bem como o espaço para que estes pudessem passar a noite de maneira confortável no período do inverno. Nós, enquanto estudantes do curso de Psicologia, buscamos o local e participamos de maneira ativa, com o olhar da Psicologia Social, oportunizando momentos de fala e escuta ativas, sem julgamentos, de maneira qualificada, além de também auxiliarmos em outras demandas do local. Ao promover os momentos de fala, os sujeitos colocam-se num papel ativo frente a sua história de vida e viam-se como pertencentes à sociedade, que por vezes negligencia e trata com descaso a presença dessas pessoas no dia a dia. Os relatos coletados eram ricos em significados, e permitiam que o entendimento das singularidades de cada um fosse reconhecido. Suas histórias de vida, encontros e desencontros, escolhas por um estilo de vida que os expõe à complexidade de situações de vulnerabilidade, com diversos fatores de risco aos quais estão expostos diariamente, foram ouvidas, acolhidas e ressignificadas através da postura neutra e acolhedora. Segundo Nogueira et. al. (1998), a situação quase sempre precária que a população de rua está sujeita, nos faz pensar na questão de saúde e doença, sendo essa compreensão importante para pensar e desenvolver ações através dos serviços de saúde, a sobrevivência desta população depende muito de sua energia física para poder se locomover pela cidade, o trabalho ele aparece como uma forma de ganho que ocorre de maneira eventual ou alguns não realizam nenhuma atividade, a violência que existe nos centros urbanos e muitas vezes vivenciada pela população de rua, além da perda de vínculos familiares, entre outros, são fonte de grande importância quando pensamos na ideia de cuidado, adoecer e por consequência no acesso a serviços adequados. CONCLUSÃO: A partir das vivências obtidas foi possível perceber o quanto o olhar da Psicologia, considerando o viés social ao qual ela deve estar aberta para atuar, indo além dos muros da clínica, considerando o sujeito em situação de rua como um sujeito singular, com histórias e particularidades que não devem ser negadas. Essas pessoas já vivem à margem da sociedade, os olhares preconceituosos, desumanos e críticos que já recebem no cotidiano não estavam presentes no local da prática. Os trabalhadores voluntários que ali estavam, dispondo seu tempo e humanismo para como todos que ali adentravam, faziam com que eles se sentissem em casa, e pertencentes a um mundo em que eles eram vistos e acolhidos.
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