O PAPEL DA FAMÍLIA E A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA DIFICULDADE DA CRIANÇA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Por: Andréa Girotto • 18/12/2019 • Artigo • 7.856 Palavras (32 Páginas) • 294 Visualizações
O PAPEL DA FAMÍLIA E A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA DIFICULDADE DA CRIANÇA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
GIROTTO, Andréa Maria Barbosa[1].
Orientadora: Professora Drª. Vera Lucia de Oliveira Ponciano[2].
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar as dificuldades de aprendizagem da criança e os fatores que possam estar relacionados a esse processo, que influenciam a construção do conhecimento. Portanto, é preciso considerar a criança enquanto sujeito da aprendizagem e sua história de vida.
É no contexto familiar que a criança constrói suas primeiras relações vinculares com as pessoas que fazem parte de sua vida, e o tipo de vinculação que é estabelecido vai determinar os vínculos que o sujeito irá estabelecer com o conhecimento e com o mundo ao seu redor, repercutindo em sua aprendizagem, e é através da dinâmica familiar que o psicopedagogo consegue observar qual é o lugar da criança na família e o que provoca o sintoma, além de detectar aspectos afetivos emocionais e cognitivos do sujeito, que podem estar interferindo em seu aprender.
PALAVRAS-CHAVE: psicopedagogia; dificuldade de aprendizagem; dinâmica familiar.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze children's learning difficulties in the school environment, and the factors that may be related to this process, which influence the construction of knowledge. Therefore, it is necessary to consider the child as subject of learning and its life history.
It is in the family context that the child constructs his first relationships with the people that are part of his life, and the type of bond that is established will determine the bonds that the subject will establish with the knowledge and with the world around him, and it is through family dynamics that the psychopedagogue is able to observe what the child's place in the family is and what causes the symptom, as well as to detect emotional and cognitive affective aspects of the subject that may be interfering with their learning.
Keywords: psychopedagogy; learning difficulty; family dynamics.
INTRODUÇÃO
Para que o psicopedagogo desenvolva a sua prática, é imprescindível compreender como a aprendizagem se processa, isto é, de que maneira assimila, e por outro lado, entender as dificuldades de aprendizagem, pois é um tema explanado por vários estudiosos ao longo dos tempos e está amplamente presente em nosso cotidiano.
Este artigo tem como temática central evidenciar a importância da família no processo de aprendizagem, pois antigamente atribuía o fracasso escolar para o aluno. No contexto atual, entende-se que a dificuldade em aprendizagem não se dá no vazio, e sim pode ser influenciada por fatores intrapessoais e situacionais, ou seja, o contexto em que o individuo vivencia precisa ser observado.
A família e a escola são elementos fundamentais no processo de desenvolvimento de práticas que beneficiem o êxito escolar e social da criança. É importante terem os mesmos princípios, ou seja, o mesmo objetivo que desejam alcançar. A educação está inserida tanto no ambiente educacional como familiar e a consequência desta parceria, resulta no processo de ensino aprendizagem.
No processo de aprendizagem a família e a escola são fundamentais para o desenvolvimento da criança. Segundo Outeiral e Cerezer (2003), a tarefa de ensinar, em nossa sociedade, não está concentrada apenas nas mãos dos professores. O aluno não aprende apenas na escola, mas também através da família, dos amigos, de pessoas que ele considera significativas, dos meios de comunicação de massa, das experiências do cotidiano, dos movimentos sociais. Entretanto, a escola é a instituição social que se apresenta como responsável pela educação sistemática das crianças, jovens e até mesmo de adultos.
Às vezes, os problemas vividos no âmbito familiar afetam a aprendizagem da criança, e a ansiedade vivenciada por ela, resulta em comportamentos diversificados que acaba lhe atrapalhando em seu processo de elaboração do conhecimento. A busca de respostas dos pais na dificuldade apresentada pela criança diante da dificuldade de aprender faz com que eles sejam parte integrante do sintoma da criança, e algumas vezes esta serve de suporte para a angústia dos pais.
Para Mannoni, “a criança com o seu sintoma ocupa então um lugar na fantasmática parental, o que requer, muitas vezes, a presença dos pais, ou especificamente, da mãe no tratamento” (Mannoni apud Petri, 2008, p.31).
Assim, como Weiss (2008, p.30) também aponta, “o que é percebido pelo próprio indivíduo ou pelos outros é chamado sintoma. O sintoma está sempre mostrando algo, é um epifenômeno. Com o sintoma o sujeito sempre diz alguma coisa aos outros, se comunica”.
Diante desse cenário cabe ao psicopedagogo analisar a estrutura familiar no passado, presente e futuro e de que forma a família contribui no processo de aprendizagem do sujeito, a importância da criança ter o apoio dos pais, convivência positiva entre eles, boa interação da família e uma boa relação com o conhecimento.
Esta pesquisa teve como objetivo entender a importância do papel da família na dificuldade de aprendizagem da criança e a atuação do psicopedagogo neste contexto, considerando a análise e a compreensão de bibliografias diversas que tratem sobre a temática.
1- A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
De acordo com a Wikipédia a “psicopedagogia” é o campo do saber que constrói a partir de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia. O campo dessa mediação recebe também influências da psicanálise, da linguística, da semiótica, da neuropsicologia, da psicofisiologia, da filosofia humanista-existencial e da medicina.
A Psicopedagogia é um campo de atuação da Saúde e Educação que engloba o processo de aprendizagem humana e seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio – família, escola e sociedade, no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. Ela se constitui como área de conhecimento por seu objeto específico, o processo de aprendizagem e as dificuldades decorrentes e se afirma pelo desenvolvimento de instrumentos específicos de abordagem de seu objeto.
O nome “Psicopedagogia” surgiu em meados do século XX e uma das primeiras definições de sua prática foi dado pelo psicanalista francês, George Mauco, em 1954: é a utilização dos conhecimentos da psicologia, psicanálise e pedagogia para auxiliar crianças que tem dificuldade de aprendizagem. Segundo Bossa (2000, p. 37), a psicopedagogia surgiu na França, em meados do século XIX, quando a Medicina, a Psicologia e a Psicanálise, passaram a se preocupar com uma alternativa de intervenção nos problemas de aprendizagem e suas possíveis correções. A corrente europeia influenciou a iniciação psicopedagógica na Argentina que, por sua vez, influenciou a identidade da psicopedagogia Brasileira.
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