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O Papel Do Psicólogo

Por:   •  15/8/2023  •  Trabalho acadêmico  •  2.532 Palavras (11 Páginas)  •  56 Visualizações

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REDE DE ENSINO DOCTUM

ALYCE GONÇALVES DE OLIVEIRA

O PAPEL DO PSICOLOGO

ESTÁGIO PSICOSOCIAL – 10º Período

SERRA 2023

O trabalho profissional do psicólogo deve ser adaptado às condições concretas da população que atende. A situação atual dos povos centro- americanos é caracterizada por injustiça estrutural, conflitos revolucionários e perda de soberania nacional. Embora o psicólogo não seja responsável por resolver esses problemas, sua contribuição é fundamental. O objetivo principal é promover a conscientização, auxiliando as pessoas a transcenderem suas identidades pessoais e sociais ligadas à opressão, e transformar as adversidades do contexto. Isso implica uma mudança na perspectiva teórica e prática, não necessariamente no campo de atuação. O psicólogo centro- americano deve direcionar seus conhecimentos e práticas para as maiorias populares, acompanhando-as em sua jornada histórica em direção à libertação.

Assim, com relação à questão do papel do psicólogo no contexto atual da América Central, antes de perguntarmos sobre o quefazer específico do psicólogo, devemos voltar nossa atenção para esse contexto, sem presumir que o fato de fazermos parte dele torna-o suficientemente conhecido, ou que nele viver o converte automaticamente no referente de nossa atividade profissional.

Sobre sociedades pobres e subdesenvolvidas assentam-se regimes que distribuem desigualmente os bens disponíveis, submetendo a maioria dos povos a condições miseráveis que permitem a pequenas minorias desfrutar de todo tipo de comodidade e luxo. Central, a maior parte do povo nunca teve suas necessidades mais básicas de alimentação, moradia, saúde e educação satisfeitas, e o contraste entre essa situação miserável e a superabundância das minorias oligárquicas constitui-se na primeira e fundamental violação aos direitos humanos em nossos países.

Há uma situação difundida de guerrilha na Guatemala, resistindo a uma pavorosa campanha contra insurreição. E há uma psicose de pré-guerra em Honduras, forçada pelo atual governo norte-americano a servir de porta-aviões à sua política bélica de contra insurreição regional e, em um nível menor, talvez também em Costa Rica. As consequências desse estado generalizado de guerra só podem ser adequadamente avaliadas quando se somam à situação de miséria estrutural, por si só catastrófica. Nestes últimos anos, o desenvolvimento econômico da área centro-americana não somente estacionou, como certamente retrocedeu.

A terceira característica da situação atual da América Central é a sua acelerada satelitização nacional. Trata-se de uma consequência óbvia da doutrina da segurança nacional, segundo a qual toda a existência dos países deve submeter-se à lógica da confrontação total frente ao comunismo. Certamente, a América Central tem sido durante este século, parte do quintal norte-americano e, em nenhum momento, constituiu-se em uma ironia afirmar, como o fazia o poeta salvadorenho Roque Dalton, que o presidente dos Estados Unidos é mais presidente do meu país que o presidente do meu país. Não obstante, os avatares da política norte-americana permitiram momentos em que os países da área desfrutaram de uma certa autonomia, ao menos na sua política interna.

A injustiça estrutural, as guerras revolucionárias e a satelitização nacional nos permitem caracterizar, em linhas gerais, a situação atual da América Central e oferecem-nos assim esse contexto histórico frente ao qual e no qual devemos definir o papel que corresponde ao psicólogo desempenhar.

O PAPEL DO PSICÓLOGO

Para sermos sinceros, quando se examina de forma desapaixonada o lugar que algumas concepções psicológicas ocupam no discurso político e cultural dominante, ou quando se pondera sobre o papel desempenhado pela maior parte dos psicólogos em nossos países, não se pode deixar de conceder uma boa dose de razão a Deleule. O problema, obviamente, não pode ser visto na intenção subjetiva que podem ter os profissionais da psicologia em um determinado país, nem sequer, me atreveria a dizer, em sua opção política. O problema reside nas próprias virtualidades da psicologia como quefazer teórico- prático. Com este enfoque e com esta clientela, não é de se estranhar que a psicologia esteja servindo aos interesses da ordem social estabelecida, isto é, que se converta em um instrumento útil para a reprodução do sistema.

Uma boa maneira de se abordar o exame crítico do papel do psicólogo consiste em voltar às raízes históricas da própria psicologia. Seria necessário reverter o movimento que levou a limitar a análise psicológica à conduta, isto é, ao comportamento enquanto observável, e dirigir de novo o olhar e a preocupação à caixa preta da consciência humana. A consciência não é

simplesmente o âmbito privado do saber e sentir subjetivo dos indivíduos, mas, sobretudo, aquele âmbito onde cada pessoa encontra o impacto refletido de seu ser e de seu fazer na sociedade, onde assume e elabora um saber sobre si mesmo e sobre a realidade que lhe permite ser alguém, ter uma identidade pessoal e social. A consciência é o saber, ou o não saber sobre si mesmo, sobre o próprio mundo e sobre os demais, um saber prático mais que mental, já que se inscreve na adequação às realidades objetivas de todo comportamento, e só condicionada parcialmente se torna a saber reflexivo.

A consciência, assim entendida, é uma realidade psicossocial, relacionada com a consciência coletiva de que falava Durkheim. Na medida em que a psicologia tome como seu objetivo específico os processos da consciência humana, deverá atender ao saber das pessoas sobre si mesmas, enquanto indivíduos e enquanto membros de uma coletividade.

O saber mais importante do ponto de vista psicológico não é o conhecimento explícito e formalizado, mas esse saber inserido nas práxis quotidianas, na maioria das vezes implícito, estruturalmente inconsciente, e ideologicamente naturalizado, enquanto adequado ou não às realidades objetivas, enquanto humaniza ou não às pessoas, e enquanto permite ou impede os grupos e povos de manter o controle de sua própria existência. É importante enfatizar que esta visão da psicologia não descarta a análise do comportamento. Não obstante, o comportamento deve ser visto à luz de seu significado pessoal e social, do saber que põe de manifesto, do sentido que adquire a partir de uma perspectiva histórica. À luz desta visão da psicologia, pode-se afirmar que a conscientização se constitui no horizonte primordial do quefazer psicológico.

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