O Sentido Dos Sintomas

O sentido dos sintomas

Freud aponta que os sintomas tais como as parapraxias e os sonhos têm um sentido e se relacionam com as experiências do paciente. Para desenvolver essa hipótese ele tomará dois fragmentos clínicos de neurose obsessiva.

Observa que na neurose obsessiva não se encontra o salto do psíquico para o somático comum na neurose histérica, isto é, todo o conflito é mantido na esfera mental. Freud assinala que “a neurose obsessiva manifesta-se no fato de o paciente se ocupar de pensamentos em que realmente não está interessado, de estar cônscio de impulsos dentro de si mesmo que lhe parecem muito estranhos, e de ser compelido a ações cuja realização não lhe dá satisfação alguma, mas que lhe é totalmente impossível omitir” (Freud, 1916-17,p. 307).

O mecanismo responsável pelo aparente absurdo e pelo estranhamento causado pelas manifestações obsessivas é o deslocamento. “A possibilidade de deslocar qualquer sintoma para algo muito distante de sua conformação original é uma das principais características desta doença” (Freud, 1916-17, p. 308).

No primeiro fragmento clínico trata-se de uma mulher de trinta anos que executava várias vezes ao dia o seguinte ato obsessivo: ela corria desde seu quarto até outro quarto e assumia determinada posição ao lado de uma mesa que se encontrava no meio do aposento. Em seguida tocava a campainha chamando a empregada que ao chegar recebia algum recado ou era dispensada sem maiores justificativas.

Após ouvir o relato da cena de núpcias Freud aponta que o ato obsessivo parecia uma representação, uma repetição, daquele momento. A paciente parecia querer consertar o fracasso daquela noite.

Ato obsessivo ------------------ cena de núpcias fracassada

Paciente identificada com o marido------------ negação da impotência

O segredo da doença é que através dela protegia o marido e mantinha uma justificativa para estar separada dele e manter uma vida cômoda.

O segundo fragmento vai analisar um ritual de dormir de uma paciente de dezenove anos. Esse ritual possui diversos detalhes que serão decifrados a medida das associações da paciente. Esse ritual era executado em nome de manter o silêncio (racionalização) e para esse fim eram retirados todos os relógios do quarto da jovem assim como os vasos eram dispostos em cima de uma mesa de modo a impedir que caíssem e quebrassem. Além disso, o ritual envolvia um arranjo em relação à disposição dos travesseiros e a colcha com a qual a paciente se cobria. Por fim e paradoxalmente era necessário manter a porta do quarto dos pais entreaberta.

Ritual de dormir--------------ligado a relação erótica da paciente com o pai

O ritual visava impedir a relação sexual dos pais, ou seja, manter homem e mulher separados.

Freud argumenta que ambas as pacientes parecem encontra-se fixadas em determinada parte de seu passado e desse modo estão alienadas do presente e futuro. A primeira paciente continuava através de seus sintomas seu relacionamento com o marido enquanto a segunda paciente que mantinha uma forte ligação erótica com o pai acreditava que não poderia se casar enquanto estivesse doente. Freud observa que ter ficado doente era um modo de manter o vínculo com o pai. Os pacientes parecem fixados a uma experiência traumática, ou seja, uma experiência cujo tom afetivo seria muito intenso. A descoberta do fator traumático encontra-se entre os primeiros elementos da teoria das neuroses. Toda neurose inclui uma fixação no passado, mas nem toda fixação conduz a uma neurose. O luto é um exemplo de fixação no passado e que envolve uma alienação do presente, mas que não constitui uma neurose.

Um segundo aspecto destacado por Freud refere-se à dimensão inconsciente do sentido do sintoma. Freud chama a atenção que a primeira paciente desconhecia a conexão entre o ato e a experiência do fracasso da