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O Sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão

Por:   •  3/9/2018  •  Artigo  •  948 Palavras (4 Páginas)  •  1.159 Visualizações

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Univesidade Paulista  -  Curso de Psicologia

Valdir Nunes de Souza Junior R.A. B5042B-5

RESUMO

Texto: Sawaia B. B. – O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão.

A autora faz uma reflexão do sofrimento ético-político a partir da visão da dialética da exclusão/inclusão. Para isso ela dividiu sua narrativa em três etapas; Na primeira parte ela relaciona o afeto e o sofrimento; Na seguda parte ela qualificação desse sofrimento; E na terceira parte ela explicita a dialética exclusão/inclusão. Finaliza o texto com reflexões sobre a pesquisa e práxis da Psicologia Social frente à exclusão.

Souza Santos (1997), segundo a autora, recomenda o uso de categorias desestabilizadoras na análise de questões sociais, uma vez que a ciência tem avançado, ultimamente, por excesso de conhecimento. Portanto melhores interrogações podem ser capazes de criar novos conceitos, encarando o conhecimento já cristalizado, que pode acabar por culpabilizar o individuo por sua situação social, bem como recuperar conceitos outrora discriminados, como a própria noção de afetividade, que fora olhada como fonte de desordem ética e moral, empecilho para aprendizagem e como fenômeno obscurecedor.

A autora faz uma pesquisa através da pergunta por sofrimento e felicidade, descartando o conceito cristalizado de que preocupação de pobre é apensa a sobrevivência, trazendo e colocando questões de humanidade para o centro das reflexões. Significa ver a exclusão a partir de diferentes qualidade de sofrimentos, buscando recuperar a noção de individuo, sem perder o coletivo e ainda permanecer no cerne de questões políticas e econômicas. Da força ao sujeito, e não apenas a culpa, e transfere ou evidencializa a responsabilidade do estado. Revelando a dominação oculta, consideradas naturais, contudo, mostram-se como o mal que vive na sociedade. Inclusive, ao mostrar o descompromisso do estado com o bem estar da sociedade civil, praticando uma politica de abstração.

Função importante cabe à Psicologia Social, que não é apenas introduzir o assunto da emoção, mas sim de mudar a perspectiva que a questão é analisada. Por isso a escolha da autora, de analisar o sofrimento ético-politico a partir da afetividade, em principal com o sofrimento. Para isso ela traz autores que a inspiraram como Heller, Vigotsky e Espinosa, autores que concebem positivamente a afetividade na construção do psicológico, da ação coletiva ou individual.
Espinosa queria saber o que faziam as pessoas sacrificarem a vida em favor de monarcas e de autoridades. De acordo com ele a política corrupta se legitima através da superstição que por sua vez se instala e se mantém através do medo de desigualdades e de dominação. Aqui o autor introduz a ideia de unidade entre corpo e alma , passiveis das diversas afecções afetivas, sendo o corpo uma matéria biológica, emocional e social. Diz que o corpo é imaginante e memorioso, que interage com os outros corpos no passado e no presente, e essas interações ficam registradas na mente, por imagens, emoções e ideias. Um sistema de ideias em que se entrelaçam psicológico, social e o político.

Heller distingue dor de sofrimento. A dor sendo aquelas aferidas ao aspecto biológico. Já o sofrimento é a dor mediada pelas injustiças sociais, vivenciadas por quem vive situações de exclusão. Autora de um texto sobre poder da vergonha, Heller, fala sobre a vergonha e a culpa serem ideologizados com função de manter ordem social excludente, bem como a exploração social.

Vigotsky buscou em seus estudos unir todas as manifestações psicológicas, e sua interligação com o corpo e com a sociedade. Definiu o ´´significado`` como principal organizador do desenvolvimento da consciência, sendo inseparável da palavra, mas não idêntico a ela. Ele reflete que as emoções e sentimentos vem  a partir dos significados atribuídos no cotidiano, das relações exteriores, orgânicas que formam motivos, que são estados de maior valor emocional e estáveis, que desencadeiam ações e pensamentos.

Emblemática neste conceito, indicando sofrimento psicossocial, Sawaia diz que tal pode levar a morte, citando o ``banzo`` doença que acometia a morte de escravos. O sofrimento ético-politico abrange múltiplas afecções do corpo e da alma que mutilam a vida de diferentes formas.

A autora faz um contraponto com a felicidade pública, que é diferente do prazer e da alegria que são imediatas. Felicidade pública acaba por ser uma liberdade de movimentar-se no espaço público e de expressar seu desejo e afeto.

Na dialética da Exclusão/Inclusão, Sawaia diz que, as reflexões de Foucault servem de referencia teórica, referindo se a inclusão social como um processo de disciplinarização dos excluídos, portanto um processo de controle social, inserindo a exclusão na luta pelo poder.

Contudo é a concepção Marxista que constitui a ideia central da dialética da exclusão/inclusão, do papel da miséria e servidão no sistema capitalista, onde a sociedade inclui o trabalhador alenando-o de seu esforço vital. A exclusão se transforma, historicamente, em uma ferramenta de exclusão e manutenção da ordem social.

Sawaia sugere a substituição de dois termos, Conscientização e Educação popular, à práxis da psicologia no âmbito social. Substituição pelos termos ´´Potência de Ação``, pois significa atuar ao mesmo tempo, nas ações, emoções significados, coletivos e individuais. Realçando a positividade do papel das emoções na educação e na conscientização, como fator constitutivo do pensar. Faz uma união de mente e corpo, favorecendo ou reprimindo o potencia do corpo de agir e da mente de pensar. E acaba por introduzir a afetividade, transpassando a dicotomia de ética e necessidade. Combatendo por exemplo o descrédito social. Sugerindo por final, a terapia relativa às paixões, contidas na obra de Espinosa, onde a alegria é o fator seletivo, onde a ação deve ser determinada por um afeto de alegria. Ou seja, potencializar as ações como condição da mesma, combater a miséria e a banalização do mal do outro. E colocar a felicidade como critério de cidadania e cuidado que a sociedade e Estado devem prestar aos seus cidadãos.

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