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O TRANSTORNO DE PÂNICO NA PERSPECTIVA DA PSICANÁLISE

Por:   •  27/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  948 Palavras (4 Páginas)  •  149 Visualizações

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O TRANSTORNO DE PÂNICO NA PERSPECTIVA DA PSICANÁLISE

A modalidade do sofrimento psíquico, mais conhecida como “ataque do pânico” no campo da psicopatologia, surge no cenário atual em virtude da criação da categoria psiquiátrica “transtorno do pânico” ou “síndrome do pânico” a partir de 1980. Essa classificação, escritos no Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5) e na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11) que norteiam a psiquiatria é refutada pela psicanálise na medida em que é dada maior importância para a clínica a escuta do desejo do cliente e não na exibição de um conjunto de sintomas que devem atender a uma determinada patologia.

A psicanálise, diferente da psiquiatria, privilegia a subjetividade dos sujeitos afetados pelos ataques de pânico. Desse modo, a existência do desejo e as implicações da pulsão se são mais importantes para a clínica psicanálise invés das considerações sintomáticas.

Nos dias atuais, houve um aumento de indivíduos com o transtorno do pânico juntamente com uma alta na procura pelo tratamento desta, com o intuito de encontrar alívio rápido para esse sofrimento. Logo, faz-se muito necessário refletir a patologia enquanto um sintoma na ordem do social e cultural, pois diz a respeito do contexto teórico da sociedade contemporânea com relação ao transtorno de pânico pela via da psicanálise.

Em Freud, foi possível observar que o estudo do transtorno do pânico é similar à evolução de sua teoria da angústia. A primeira menção de Freud ao termo Neurose de Angústia foi no “Rascunho A”. Ele retorna no “Rascunho B”, de 1895, explicando as duas formas de se apresentar a neurose de angústia: em ataques súbitos de angústia (angústia realística) ou em manifestações crônicas (angústia neurótica). Em ambos os casos, predomina uma angústia sem que se saiba claramente seu objeto, reafirmando o papel do recalque.

Consequentemente, Freud (1921) retoma a Neurose de Angústia e descreve o pânico como uma angústia neurótica provocada pela falência do funcionamento psíquico diante de uma ruptura radical das posições do sujeito e seus objetos de desejo, em que a vivência do Édipo e a angústia de castração, contidos nos complexos infantis recalcados, são despertadas no inconsciente sem a devida preparação do psiquismo e provoca uma sintomatologia semelhante à descrita no DSM e CID.

Já Lacan (2005) amplia a referida questão ao dizer que a angústia surge da falta vir a faltar, ou seja, da ruptura do objeto de desejo na dimensão do Real. Logo, o próprio desejo seria a cura para a angústia. Se ele não pode advir e vir a ser, o sujeito é igualado ao objeto de desejo do Outro. Assim, essas crises de angústia convertidas na Neurose de Angústia descrita por Freud se atualizam hoje nos Transtornos de Pânico da psiquiatria, evidenciando a falência do funcionamento psíquico como uma descarga pulsional diante da sua condição de desamparo radical da falta do objeto de desejo.

É pertinente refletir o “mal-estar na civilização” de Freud (1930) na medida em que esse estudo se encaixa nas psicopatologias atuais, pois, diante do desamparo original estruturante do psiquismo, o mesmo é obrigado a uma renúncia pulsional como condição para viver em sociedade, tornando o desamparo do indivíduo contemporâneo intenso e agudo.

Logo, na tentativa de se proteger contra o desamparo do inesperado, o sujeito pode fazer uso de deslocamentos subjetivos em volta do masoquismo, se colocando em uma posição de humilhação. Portanto, o sujeito ameaçado pela falta, não encontra suas identificações que deveria sustenta-lo, consequentemente o corpo entra em cena em forma de pânico para tentar enfrentar a condição de desamparo fundante na constituição da vida psíquica inconsciente.

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