O Transtorno de Conduta

Fichamento: Transtorno de conduta

“Segundo a classificação americana de transtornos mentais (DSMIVTR),

a prevalência geral do transtorno de personalidade antissocial e psicopatia é de cerca de 3% em homens e 1% em mulheres, em amostras comunitárias” (SILVA, 2010, p.60). A psicopatia é um tema que vem sendo bastante discutido, procurando-se identificar as causas, os sintomas e as consequências para a sociedade. Os indivíduos psicopatas apresentam características peculiares, como egocentrismo, incapacidade em manter relações, falta de empatia e qualquer sentimento de culpa ou vergonha ao praticar atos ilícitos e imorais.

As crianças e adolescentes também mostram-se capazes de cometer atos foras do contexto da moral e da ética, porém não admite-se a classificação de psicopatia, mas como portadoras do transtorno de conduta. Costumam não demonstrar medo frente a situações de perigo ou qualquer tipo de vergonha. Mostram-se cruéis com animais e pessoas, causando sofrimentos, tanto físicos como mentais, são insensíveis à dor alheia. Geralmente, o quadro é seguido de abuso precoce de álcool e outras drogas. Praticam atos de vandalismo e roubo, não se importam em seguir regras, são desobedientes e gostam de estar no centro das atenções. Geralmente as crianças que apresentam diagnóstico de TC estão à procura de mostrarem-se alguém, buscando um pouco de atenção, pois são muitas vezes acompanhadas de um histórico familiar onde havia hostilidade, maus tratos, e até abusos sexuais por parte de pais ou outras pessoas.

Os cuidados parentais insatisfatórios mostram-se um forte fator de

predisposição ao TC. Percebe-se também o transtorno de conduta bastante associado a outros transtornos, como a depressão, angústia e o TDAH. O reconhecimento dos sintomas deve ser feito da forma mais rápida possível por parte da família, escola e pessoas dentro do convívio do jovem, sendo encaminhado ao tratamento psiquiátrico ideal para que esse problema não venha a desenvolver-se em outros de maior impacto como, por exemplo, a psicopatia.

Segundo Gonçalves e Soeiro (2010), os indivíduos diagnosticados com psicopatia não apresentam qualquer manifestação neurótica ou paranóica. São seres conscientes do que fazem, e que criam suas próprias leis e normas, que simplesmente não apresentam qualquer conhecimento acerca da moral e da ética. Seus atos são na maioria das vezes carregados de caráter sexual. Considerando esse aspecto, os psicopatas possuem uma vida sexual trivial, onde não há espaço para a manifestação de qualquer sentimento de emoção.

Estão interessados apenas em satisfazer suas fantasias, quer cause sofrimento ao outro ou não. Silva (2010) caracteriza os psicopatas como seres desprovidos de consciência, virtude que nos permite a percepção do outro e o entendimento sobre sua dor.

Seres inconscientes são incapazes de sentimentos de empatia e de arrependimento. Não possuem qualquer vontade em se sujeitarem às regras básicas da sociedade, agem segundo seus próprios mandamentos pessoais.

Atualmente admite-se a existência de comportamentos antissociais apresentando-se também no período compreendido entre a infância e adolescência, porém as normas de classificação através das características clínicas não admitem o uso do termo psicopatia para menores de idade.

O transtorno de conduta é uma categoria diagnóstica usada para crianças e adolescentes, já que a categoria de transtorno de personalidade antissocial não pode ser direcionada para menores de 18 anos. Esse transtorno é o maior responsável pelo encaminhamento ao psiquiatra infantil. Atitudes comportamentais antissociais que tendem a ocorrer repetidamente e com persistência podem ser diagnosticadas como transtorno de conduta. O TC pode ser considerado a evolução do transtorno desafiador opositivo que pode ser já observado em crianças pré-escolares.