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OS COMPLEXOS DO EGO JUNG

Por:   •  19/2/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.237 Palavras (5 Páginas)  •  1.405 Visualizações

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Joel Sales Giglio

Os Complexos e o Ego: Entenda Como estes conceitos Funcionam e Como Ampliar seus Limites

 
André: Os Complexos e o Ego. Acho que a primeira pergunta, muita gente que está assistindo conhece, mas muita gente também não conhece, os Complexos, é um conceito bem complexo e central do Jung. O que é o Complexo e o que é o Ego especificamente?


Joel: Bom... A gente pode começar falando que o ego também é um complexo. Curioso, como o ego é um complexo? É um complexo talvez em grande parte consciente não totalmente, mais consciente do que os outros complexos, mas é um complexo.

Nós trabalhamos com complexo do ego. Porque a palavra complexo? Começando pela etimologia da palavra. Complexo quer dizer um conjunto: um complexo viário, um complexo de atividades, é um conjunto. Exatamente porque o complexo é um conjunto de ideias, de afetos, de imagens que estão relacionados pelos sentidos.

Vamos dar um exemplo mais simples. Eu prefiro trabalhar com exemplos, do que falar termos muito teóricos e abstratos que às vezes não atingem. Atinge uma parte do público e a outra não atinge, porque tem uma mente mais prática, mais pragmática, mais objetiva.  E as outras pessoas mais abstratas podem se aprofundar, se quiserem, em texto. Eu posso até indicar alguns aqui no final da entrevista. Mas, a palavra complexo quer dizer um conjunto, pode se falar conjunto ao invés de complexo, mas complexo dá uma ideia melhor por que ele amplia mais a noção de conjunto, vem exatamente da natureza do complexo, é um conjunto de ideias, imagens, afetos que estão interligados.

Então, vamos pensar um pouquinho no complexo do pai. O complexo do pai tem a ver com quê? Com a nossa relação com a figura do pai. O que é o pai? Tem os aspectos biológicos, é obvio, mas vamos falar do aspecto mais psicológico e simbólico. Do ponto de vista psicológico, simbólico, o complexo do pai tem a ver com proteção, tem a ver com orientação, tem a ver com normas, pelo menos isso.

Como é que o pai, no desenvolvimento da humanidade foi adquirindo essas características? No começo, não sei se vocês sabem, haviam tribos até recentemente na Austrália, haviam tribos que não relacionavam a relação sexual com a paternidade. A figura do pai em algumas tribos primitivas era praticamente ausente, isso é um fato curioso. Então o tio, digamos assim, tomava o papel do pai para ajudar educar a criança. Mas, a maioria das civilizações, dos grupos éticos e culturais, o papel do pai é a proteção.

A proteção vem desde a época do homem das cavernas, “da pré-história”, em que para proteger a família contra os agressores, que eram os predadores por exemplo, ou então um grupo inimigo, um competidor, precisaria ter força física. E a força física do homem é maior que da mulher. Então, naturalmente elegeu-se o pai no decorrer da evolução nossa, como o protetor. É o homem que vai para a guerra, com algumas exceções de algumas civilizações, como a de mulheres que na lenda das amazonas eram guerreiras, mas, de maneira geral, o papel da mulher é muito mais...

Então, vamos ter um pouquinho de conversa sobre a mãe, de contenção, de afeto, de nutrição, de acolhimento, esse é o papel mais da mãe. E, o complexo do pai, o papel do pai, é muito mais ligado com a proteção contra agressores, provedor da caça. Depois que veio a agricultura, nessa questão da agricultura as mulheres também participavam da caça. Principalmente são atividades que exige força exige ousadia, que exige mais agressividade.

Então, um dos aspectos do complexo do pai, é isso, essas questões ligadas a proteção, a ser o provedor, a ser o norteador, aquele que orienta, que indica. Bom, aí nós estamos entrando em um outro aspecto do complexo do pai, o de orientador, de conselheiro, particularmente o pai que vai ficando o grande pai, que em algumas tribos é o grand-père em francês, é o avô, é o grande pai que adquire também sabedoria. Então, o pai também tem essa ideia de sabedoria, de aconselhar o filho.

Então, tem os dois aspectos que são até complementares, de proteção e de sabedoria, aconselhamento, orientador. Outros aspectos vão entrar, por exemplo, o afeto que liga pai e filho é um pouco diferente do afeto que liga mãe e filho. O afeto ligado ao pai e filho é de um colorido diferente do aspecto ligado a mãe e filho. Talvez em intensidade nós sentimos muito mais o afeto ligado as nossas mães do que em relação aos nossos pais. Ambos têm essa relação de afetividade, mas existe evidentemente uma maior intensidade, um colorido diferente no afeto da mãe. Todos sabem, como é esse colorido, não precisa explicação para vocês, todos nós sentimos isso na nossa pele, no nosso coração, na nossa alma.

Um outro aspecto que a gente poderia levantar no complexo do pai, digamos assim, seriam aspectos tidos mais como negativos. Todo complexo tem aspectos chamados positivos e também alguns negativos. Por exemplo, quando o pai falha nessa proteção, quando o pai é ausente, quando o pai pode até assumir um papel de não proteger adequadamente, até de as vezes usar o filho para seus fins pessoais, então ele entra naquele aspecto do pai negativo, pai tirano por exemplo.

Um rei que tem aspectos do complexo de pai, ligados a posição de rei, na Rússia o Czar chamado de paizinho, por exemplo. O próprio Stalin foi chamado, por incrível que pareça de paizinho, não foi bem um paizinho, mas, enfim. As pessoas projetavam nessa figura forte e protetora, a figura do pai com o apelido carinhoso de paizinho. Então, esse aspecto, agora falando do negativo, pode gerar o tirano, o rei tirano, aquele que é déspota, que é vingativo, que manda condenar pessoas a torturas, etc. Então, seriam por exemplo a figura dos ditadores, são pais que protegem de um lado, mas, agridem de um outro lado, exploram de um outro lado.

Então nós temos sempre que lembrar que o complexo do pai tem também esse lado negativo, como todo complexo. O complexo da mãe também tem, tem o lado da fada, da mãe protetora também, e da mãe que aconchega e que ajuda. Mas, também a mãe negativa, chamada pelos analistas kleinianos, mãe devoradora. Isso pode aparecer na figura da bruxa por exemplo, aquela que come o Joãozinho, cozinha o Joãozinho e a Maria na historinha do João e Maria, para comer, enfim. Então, é bom lembrar que o ser humano tem essa dualidade, esses aspectos eróticos, no sentido de Eros, de amor, mas também tem o aspecto tanático de destruição, isso aparece, em qualquer análise de noticiário e televisão ou jornal, mostra que nós vivemos hoje ainda essas duas polaridades.

Nós temos uma ideia, por exemplo, de quanto isso está presente ainda na humanidade, nós temos nos últimos anos 60 milhões de pessoas que tiveram que deixar seus lares, suas casas ou por miséria, ou por guerras, ou por perseguições políticas, religiosas, etc. Então nós temos um lado agressivo, na espécie humana. Isso aparece também no individuo evidentemente, não é só no coletivo. O coletivo nada mais é que a soma do individual, às vezes de forma até exponencial, maior do que aquele que a pessoa faria, individualmente. Então, deu para ter uma ideia geral do que seria a palavra complexo? Ela junta muitos aspectos, ligados a imagens, a ideias, a afetos, a atitudes, tudo isso está presente no complexo.

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