PRISOES , MANICOMIOS E CONVENTOS
Artigo: PRISOES , MANICOMIOS E CONVENTOS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: PAULA251988 • 29/4/2014 • 1.589 Palavras (7 Páginas) • 978 Visualizações
Resumo do livro “Manicômios, prisões e conventos” de Erving Goffman
Realengo, 2010.
Erving Goffman, o autor do livro “Manicômios, prisões e conventos” era professor do Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia em Berkely – EUA e cientista social. Objetivando conhecer o mundo social do interno em hospital para doentes mentais a partir de uma análise sociológica da estrutura do “eu” utilizando como método de obtenção de dados etnográficos a sua inserção no mundo dos internos, na condição de auxiliar observador, sem utilizar medidas de controles, realizou estudos sobre o comportamento em enfermarias nos Institutos Nacionais do Centro Clínico de Saúde. Entre 1955 a 1956, efetuou um trabalho de campo no Hospital St. Elizabeth, instituição federal com cerca de 7.000 internos, em Washington.
A definição de instituição total feita por ele pode ser descrita como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e formalmente administrada. Dentro desse conceito é possível agrupar essas instituições de cinco maneiras: a primeira diz que há instituições criadas para cuidar de pessoas que, segundo se pensa, são incapazes e inofensivas, nesse caso estão as casas para cegos, velhos, órfãos e indigentes; a segunda, há locais estabelecidos para cuidar de pessoas consideradas incapazes de cuidar de si mesmas e que são também urna ameaça à comunidade, embora de maneira não-intencional, sanatórios para tuberculosos, hospitais para doentes mentais e leprosários; a terceira forma é organizado para proteger a comunidade contra perigos intencionais, e o bem-estar das pessoas assim isoladas não constitui o problema imediato - cadeias, penitenciárias, campos de prisioneiros de guerra, campos de concentração; a quarta, há instituições estabelecidas com a intenção de realizar de modo mais adequado alguma tarefa de trabalho, e que se justificam apenas através de tais fundamentos instrumentais - quartéis, navios, campos de trabalho, colônias e grandes mansões (do ponto de vista dos que vivem nas moradias desempregados); a quinta, há os estabelecimentos destinados a servir de refúgio do mundo, embora muitas vezes sirvam também como locais de instrução para os religiosos, como abadias, mosteiros, conventos e outros claustros.
O aspecto central das instituições totais pode ser descrito como a ruptura das barreiras que comumente separam três esferas da vida. Em primeiro lugar, todos os aspectos da vida são realizados no mesmo local e sob uma única autoridade. Em segundo lugar, cada fase da atividade diária do participante é realizada na companhia imediata de um grupo relativamente grande de outras pessoas, todas elas tratadas da mesma forma e abrigadas a fazer as mesmas coisas em conjunto. Em terceiro lugar, todas as atividades diárias são rigorosamente estabelecidas em horários, pois urna atividade leva, em tempo predeterminado, a seguinte, e toda a seqüência de atividades é imposta de cima, por um sistema de regras formais explícitas e um grupo de funcionários. Finalmente, as várias atividades obrigatórias são reunidas num plano racional único, supostamente planejado para atender aos objetivos oficiais da instituição. Individualmente tais aspectos são encontrados em outras locais, além das instituições totais. Por exemplo, nossos grandes estabelecimentos comerciais, industriais e educacionais cada vez mais apresentam refeitórios e recursos de distração para seus participantes; no entanto, o uso de tais recursos ampliados é sob muitos aspectos voluntários, e há cuidados especiais para que a linha comum de autoridade não se estenda a eles. De forma semelhante, as donas de casa ou as famílias de fazendeiros podem ter todas as suas principais esferas de vida dentro da mesma área delimitada, mas essas pessoas não são coletivamente arregimentadas e não vão para as atividades diárias na companhia imediata de um grupo de pessoas semelhantes.
Nas instituições totais, existe uma divisão básica entre um grande grupo controlado, que podemos denominar o grupo dos internados, e urna pequena equipe de supervisão, geralmente os internados vivem na instituição e ter o contato restrito com o mundo existente fora de suas paredes, a equipe dirigente muitas vezes trabalha num sistema de oito horas por dia e está integrada no mundo exterior. Cada agrupamento tende a conceber com outros através de estereótipos limitados e hostis - a equipe dirigente muitas vezes vê os internados como amargos, reservados e não merecedores de confiança: os internados muitas vezes vêem os dirigentes como condescendentes, arbitrários e mesquinhos, os participantes da equipe dirigente tendem a sentir-se superiores e corretos; os internados tendem, pelo menos sob alguns aspectos, a sentir-se inferiores, fracos, censuráveis e culpados" as condições usuais de vida de nossa sociedade, a autoridade do local de trabalho pára quando o trabalhador recebe um pagamento em dinheiro. O fato de gastá-Io em casa ou em local de diversões é um problema pessoal do trabalhador e constitui um mecanismo pelo qual a autoridade do local de trabalhador é mantida dentro de limites bem restritos.
Mas dizer que os internados de instituições totais tem todo o dia determinado para eles, equivale a dizer que todas as suas necessidades essenciais precisam ser planejadas. Portanto, qualquer que seja o incentivo dado ao trabalho, esse incentivo não terá a significação estrutural que ter no mundo externo. Haverá diferentes motivos para o trabalho e diferente atitudes com relação a ele. Este é um ajustamento básico exigido dos internados e dos que precisam levá-los a trabalhar.
A primeira mutilação do “eu” – processo de mortificação do mesmo, onde urna série de rebaixamentos, degradações, humilhações e profanações do eu – é a barreira colocada entre ele e o mundo externo, no qual inicialmente se proíbem as visitas vindas de fora e as saídas do estabelecimento, o que assegura uma ruptura inicial profunda, perdendo alguns dos papéis em virtude da barreira que o separa do mundo externo. Uma descrição de vida de cadete numa academia militar dá exemplo disso.
A admissão nas instituições totais caracterizado como urna despedida e um começo, e o ponto médio do processo pode ser marcado pela nudez.
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