PROCESSOS ORGANIZACIONAIS DIVERSOS
Por: luanaparaujo • 10/7/2018 • Relatório de pesquisa • 2.897 Palavras (12 Páginas) • 172 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
RELATÓRIO SOBRE O SEMINÁRIO “PROCESSOS ORGANIZACIONAIS DIVERSOS”
Salvador
2018
RELATÓRIO SOBRE O SEMINÁRIO “PROCESSOS ORGANIZACIONAIS DIVERSOS”
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia da UFBA como requisito de avaliação do componente Psicologia e Organizações
Salvador
2018
Com base nos referenciais teóricos de Richard Sennet e Robert Henry Srour fizemos um estudo de diversos processos ocorridos nas organizações e consequentemente com quem está dentro delas, quem faz os processos acontecerem. Para isso, iniciamos pensando acerca do texto “A corrosão do caráter”, de Sennet. No texto, o autor faz um apanhado interativo sobre as mudanças sofridas dentro da realidade capitalista, desde o campo moral até o econômico.
Ele conta a história de Enrico, faxineiro americano que sonhava com a ascensão do filho. Sennet denomina de Mobilidade Ascendente ou Sonho Americano as aspirações do americano, que foca sua vida na perpetuação da família, com muito esforço, e consegue o que quer. Seu filho, sai da classe popular e se depara com outros dilemas. Como explica o autor, as instituições modernas vivem num esquema de curto prazo, com base em princípios que corroem a confiança e o compromisso mútuo. Isso limita o desenvolvimento da confiança informal, gerando laços fracos nas organizações e uma constante mudança de pessoal.
O texto de Srour, por sua vez, inicia com uma introdução sobre as organizações, falando sobre como elas são o objeto de diversos campos de estudo como a sociologia, a ciência política, a antropologia, administração, economia, direito e psicologia. Depois vem a definição: as organizações são coletividades especializadas na produção ou execução de um determinado produto ou serviço.
É importante diferenciar instituições de organizações, pois o uso do termo Instituição possui vários significados; Srour assume o significado que não se intercala com o das organizações: “instituições são conjuntos de normas sociais que gozam de reconhecimento social.”.
Um dos paradoxos das organizações é o comportamento de se voltar para sua própria burocracia; elas são planejadas para realizarem um determinado objetivo, mas se tornam unidades sociais portadoras de interesses próprios e tentam se perenizar, deixando de ser um meio e se tornando um fim por si só. (organização para desenvolver a cura de uma doença atrasa o desenvolvimento da pesquisa por que se a cura for descoberta a organização acaba / serviços de inteligência mudam de foco após o fim da guerra fria / partidos políticos, sindicatos e associações voluntárias adotam estratégias para se perpetuar para além do que foram idealizadas)
O empresário no sistema capitalista é ao mesmo tempo gestor e proprietário, o trabalhador é executor e não proprietário; um gestor contratado pode ser gestor, mas não proprietário; na pequena propriedade mercantil, um indivíduo pode ser proprietário e executor ao mesmo tempo (e gestor, se envolver outras pessoas).
Dentro das organizações, além dos papéis sociais que eu falei sobre as relações, existem mais dois conjuntos que definem os indivíduos dentro da coletividade.
Classe x Categoria
Classe (relações de trabalho e propriedade) = empregado ou gestor, etc;
Categoria (característica do indivíduo) = gênero, etnia, orientação sexual, etc.
Srour teoriza sobre uma relação direta entre o Ethos (caráter cultural de uma coletividade) e as relações que se constroem dentro de uma organização.
1. Ethos autoritário – relações de dependência
São relações pautadas em sistemas hierárquicos, girando em torno das noções de superioridade e subordinação onde os detentores do poder, dentro da organização, são como patriarcas que “protegem” os inferiores, sempre reduzindo-os à menoridade. Ou seja, uma relação de dependência hierárquica.
2. Ethos totalitário – relações de sobredependência
São relações que se constroem em torno da mesma lógica das relações de dependência, mas de um certo modo se comportam como uma relação de dependência agravada. Porém, como acontece nas coletividades totalitárias, os sujeitos têm o delírio de não servirem mais aos líderes, mas a um grandioso ideal. As relações de sobredependência transcendem as relações de dependência por oferecerem ao menos a ilusão de independência, onde os sujeitos sonham em tornarem-se agentes. Transplantar o ideal de obediência ao gestor em fidelidade a um ideal.
3. Ethos liberal – relações de independência
Centradas na individualidade autônoma e na meritocracia, as relações que se desenvolvem nas coletividades Liberais são marcadas pela noção de que o indivíduo deve ser completamente responsável pelo seu destino, respondendo plenamente por seus atos. Prevalecem os ideais de impessoalidade e profissionalismo, além de serem regidas por normas universalistas de modo que todos os indivíduos estejam sujeitos ao mesmo contrato social, possuidores dos mesmos direitos e deveres, e passíveis de sofrerem das mesmas punições.
4. Ethos democrático – relações de interdependência
As relações de interdependência enfatizam o coletivo, a co-responsabilidade e a cidadania. Se baseiam no ideal libertário e na gestão democrática, utilizando da influência, convencimento e persuasão, abominando a coerção e incentivando o consentimento. São centradas em torno da ajuda mútua para resolução de problemas cotidianos, do compromisso coletivo e das responsabilidades compartilhadas. Se fazem presentes em situações sociais onde os agentes atuam de forma sinérgica e voluntária.
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