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Pesquisa sexologia

Por:   •  30/5/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.947 Palavras (12 Páginas)  •  474 Visualizações

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UMA ABORDAGEM DO PROCESSO EVOLUTIVO DE MANIFESTAÇÃO DA SEXUALIDADE NO INDIVÍDUO AO LONGO DA HISTÓRIA FOCADA NUMA DISCUSSÃO PSICANALÍTICA.

Desde o aparecimento do ser humano no mundo, a sexualidade já era um fenômeno existente, mas a história do estudo da sexualidade só vem sendo pensada nos últimos séculos. Durante todo este percurso encontramos diferentes formas de expressão dessa sexualidade, carregadas de valores, estigmas e preconceitos de cada época e sociedade. Longe de ser somente um ato físico, acabou adquirindo significado simbólico bastante complexo e hoje funciona como uma estrutura social e cultural situada dentro de um sistema de poder.

O estudo dos papéis sexuais associa-se à história das sociedades humanas, em suas variedades. Um fato, entretanto, as aproxima: a grande importância que sempre é atribuída ao sexo. Ora o sexo é valorizado por representar força, riqueza e fecundidade, ora é condenado quando deixa de cumprir sua função reprodutora.

 “A sexualidade humana é uma construção da espécie, vinculada às formas de relação interindividuais. Ela se transforma, assim, ao curso do tempo e conforme o espaço, não possuindo caráter ou modelos definitivos”.

(Seixas,1998, p.23)

Para Foucault, a "sexualidade" não é um dado da natureza, mas o nome de um dispositivo histórico, datado da metade do século XVIII: o dispositivo de sexualidade. Trata-se de uma rede trançada por um conjunto de práticas, discursos e técnicas de estimulação dos corpos, intensificação dos prazeres e formação de conhecimentos (FOUCAULT, 1980, p.100).

Tendo como ponto de partida o fato de que a regulamentação do sexo sempre foi um assunto do Estado, das elites dominantes e da religião (FOUCAULT, 1980, p.56), pretendemos neste texto fazer uma breve digressão para tentar compreender como a “moral” de cada uma destas instâncias cria tanto o discurso sobre a regulamentação da sexualidade, quanto os dispositivos que visam regulá-la, controlá-la ou mesmo curar as manifestações da sexualidade “desviantes”. Isto é, aquelas que não respondiam aos critérios estabelecidos e que ameaçam a ordem vigente.

 A presente análise visa abordar de forma superficial os dados da história sexual da humanidade, da pré-história à civilização ocidental. Mas, naturalmente, sem perder de vista a questão relacional, pois a sexualidade dos dois gêneros é interdependente e frequentemente está interligada.

A SEXUALIDADE NA HISTÓRIA

A moderna Paleontologia situa o aparecimento da vida no planeta Terra por volta de 2 bilhões de anos atrás. A reprodução inicialmente é assexuada e, com a evolução das espécies, torna-se sexuada, embora algumas espécies menos complexas ainda permanecem assexuadas. Os primeiros mamíferos surgem no período Jurássico, há 150 milhões de anos, e os primeiros hominídeos, há aproximadamente 5 milhões de anos. O homem atual – Homo sapiens – aparece entre 100mil e 40mil anos atrás e descende do Australopithecusrobustus, habitante das selvas africanas, cujos fósseis foram encontrados na África do Sul.

Nessa época, a sexualidade é permissiva, com acasalamentos permanentes, semipermanentes ou casuais. O ato sexual é voltado exclusivamente para a satisfação física. Passados milhares de anos, o homem paleolítico começa a estabelecer normas relativas à sexualidade e, com o contato entre as tribos, que permite o acasalamento externo, surge o tabu do incesto, no sentido mãe/filho.

Nos primórdios da civilização egípcia, a cultura é matricêntrica e a transmissão do trono é matrilinear. Homens e mulheres têm os mesmos direitos e na maioria das vezes o poder é exercido pelas mulheres dos faraós, reduzidos ao papel de príncipes consortes. Como inexiste o tabu do incesto, os casamentos na família real e nas classes superiores são realizados entre irmãos, que acabam reinando juntos.

Os hebreus, pastores nômades da Palestina, não elevam as mulheres à condição de rainhas. A sexualidade é enaltecida, mas o casamento tem como finalidade a procriação, e o incesto, o adultério e a prostituição são condenados. A virgindade da mulher hebreia é extremamente valorizada, e as meninas casam-se em torno dos 12 anos. A escolha dos cônjuges é feita pelos pais, e o casamento é considerado decreto divino, uma obrigação moral para gerar filhos e satisfazer as necessidades sexuais. Havia ainda a lei do levirato, que se um homem morresse sem deixar herdeiro masculino, o irmão mais velho assumiria a esposa que deveria gerar um filho e levar o nome dele. (SEIXAS,1998, p. 35-36)

 As mulheres gregas estiveram relativamente em pé de igualdade legal e social com suas contemporâneas orientais: são consideradas inferiores aos homens e constituem propriedade dos pais. Tanto que o pai pode vender a filha como escrava ou prostituta caso perca a virgindade, mesmo por estupro. A autoridade paterna passa para o marido ou para o irmão mais velho se a mulher não se casar. Também são vistas como procriadoras por excelências.

A mulher, na baixa Idade Média, conquista o interior da Igreja institucional. Muraro (1993, p.103) acentua que o “celibato livrava as mulheres não só da sobrecarga da domesticidade e da reprodução, mas também do domínio masculino”. A posição legal e social da mulher da era cristã é praticamente a mesma que a da Antiguidade, pois a liberdade oferecida pelo cristianismo é somente espiritual. As esposas, na definição cristã, são fracas, frágeis, lentas de entendimento, emocionalmente instáveis, fúteis, hipócritas e indignas de confiança no que diz respeito às questões públicas. Além disso, representam uma ameaça sexual.

A moralidade cristã é investida de autoridade religiosa e social, e os padres utilizam uma ameaça eficaz: o fogo do inferno. O cristianismo é severo com a mulher, começando por sua interpretação do Antigo Testamento: Eva é a segunda na ordem da criação (é feita a partir da costela de Adão) e é a origem do pecado, dos sofrimentos e de todos os males (é ela quem tenta Adão). A mulher e o prazer são instrumentos do diabo, destinados a afastar o homem de Deus e da transcendência. Deus é sexualizado na figura de Cristo-homem, enquanto a mulher é valorizada na figura de Maria, enaltecida especialmente por permanecer virgem apesar de ser mãe de Cristo.

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