Problematização e Objetivos do Trabalho

Problematização:

Desde a colonização, os padrões estéticos brasileiros sofreram fortes influências europeias. Já no século XIX, os hábitos de consumo dos europeus, passaram a ser constantemente copiados e absorvidos pela burguesia brasileira. O que contribuiu pra reforçar os padrões estéticos da Europa em nossa cultura e consequentemente a beleza dos negros passou a ser negada e considerada inferior.

Já no século XX, vários eventos históricos marcaram a revalorização da beleza negra e impulsionaram diversos sujeitos a reinterpretar a sua estética usando o corpo como território de resistência.

Nesse sentido, como a trajetória escolar marca um importante momento no processo da construção da identidade negra e infelizmente, muitas vezes, reforça esteriótipos e representações negativas sobre os segmentos étnico/racial e seu padrão estético, elencamos alguns objetivos para proporcionar uma experiência significativa no processo de ensino-aprendizagem de nossos alunos que foram os protagonistas na feitura desse trabalho.

São eles:

• Apresentar o universo da estética racial.
• Refletir como o preconceito em torno do cabelo crespo foi construído ao longo da história e como ainda está impregnado na sociedade até os dias de hoje.
• Analisar o contexto histórico em que o cabelo crespo se tornou ícone identitário e cultural, através dos movimentos “Black is Beautiful” e “Black Power”.
• Promover a desconstrução da imagem estereotipada associada à estética negra, formada em um processo de dominação onde prevaleciam, por exemplo, os castigos, a mutilação do corpo, a hipersexualização e os abusos sexuais, fazendo com que nossos alunos tenham vergonha de se identificar com essa imagem reforçada nos livros didático do negro/escravo somente.
• Fomentar a luta pela reconstrução de uma autoimagem positiva, valorizada e de orgulho da estética negra, ressignificando as características físicas relacionadas à negritude.

Vários movimentos se articularam fortemente e torno da estética negra e política. Nos anos 1960 e 1970, com os movimentos “black is beautiful” e “black power”, o cabelo crespo passou a significar orgulho e poder. Nesse contexto, a radicalização em torno do uso do cabelo crespo considerado “natural” foi central, já que este foi reforçado como ícone identitário e cultural. Os reflexos desses movimentos foram sentidos no Brasil. A partir daí, houve um impulso crescente no sentido de também

As mulheres negras já alisaram muitos os cabelos numa tentativa de sair da condição de inferioridade. Mas nos últimos anos, vários movimentos protagonizados por mulheres negras, trouxeram de volta o uso dos cabelos crespos em sua textura natural e estão incentivando outras a abandonarem as químicas capilares.

atualmente, em evidência um novo capítulo na história da ressignificação da estética negra. Fenômeno transnacional, articulado, principalmente, via internet, a transição capilar vem sendo vivenciada e compartilhada por milhares de mulheres negras no Brasil e em outros países. Esse processo consiste na ressignificação de cabelos que eram quimicamente alisados e no retorno ao cabelo natural. Para se livrar da química, é necessário esperar o crescimento de um cabelo totalmente novo, o que acarreta, por exemplo, o “problema das duas texturas”, qual seja: o contraste entre a parte alisada e o cabelo novo que cresce na raiz. Uma das partes mais importantes é, justamente, o corte do cabelo quimicamente tratado; muitas mulheres, inclusive, não esperam muito o crescimento do cabelo natural e optam pelo BC (“big chop” ou grande corte, em português), o que significa raspar a cabeça ou cortar o cabelo bem curto. Esse processo é muito difícil e marca profundamente a vida dessas mulheres

...