Psicologia da Educação: Behaviorismo
Por: Vinicius Pistor • 9/10/2019 • Resenha • 1.247 Palavras (5 Páginas) • 120 Visualizações
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Disciplina: Psicologia da Educação
Assunto: Behaviorismo e percepção sobre a caixa de skinner
Aluno: Vinicius Pistor/ Professor: Luciano Bedin da Costa
A percepção no contexto do behaviorismo radical é explicada por Skinner como comportamento perceptivo. De acordo com Lopes e Abib (2002), a percepção é considerada o ponto de contato entre o mundo físico e o da mente e por isso é descrito como um processo psicofísico, i.e., um estímulo físico que excita, por exemplo, os receptores dos olhos, essa sensação é convertida em impulsos elétricos, que percorrem vias nervosas até chegar ao cérebro, onde provocam uma mudança estrutural da área do córtex sendo esse todo um processo físico. Em seguida os autores descrevem que de alguma maneira a mudança estrutural do cérebro é convertida em uma cópia mental do objeto, que é chamada de “experiência”, “ideia” ou “representação”, que, por conseguinte é percebida pela consciência e essa é a parte mental da percepção.
A junção destes processos físicos e da parte mental da percepção é à base do fundamento do ideal de constituição de uma ciência baseada no comportamento dos seres humanos. Esta por sua vez é fundamentada pela predição e controle do seu objeto de estudo, que por sua vez, estaria apresentando resistências. Skinner tratou durante sua carreira de identificar e caracterizar posicionamentos antagônicos a este ideal. Skinner demonstrou que é possível reprogramar a parte mental da percepção através de estímulos que ele caracterizou como “reforços” (Skinner, 1953/1981; p. 222).
Considerando que existe uma forma de gerar comportamentos que acontecem pela ação imperceptível aos olhos do indivíduo, o que esta sendo alvo de tal mudança, muitas questões começa a emergir dessa teoria (Jair Lopes Junior, 1994). Uma delas seria como superar o limite do acaso na determinação das práticas culturais? Quais as contribuições de uma ciência que envolve o comportamento poderiam efetivamente nos fornecer diante da presente realidade e que coloca em risco a existência pacífica e cooperativa dos indivíduos da própria espécie? Seria admissível uma comissão baseada em valores como livre arbítrio e complexidade do ser humano? Skinner indagou (Skinner, 1953/1981; p. 222): com a omissão de uma ciência do comportamento humano, a quem caberá decidir acerca daquilo que diz respeito ao humano? O autor menciona também em sua obra que “quando o homem se controla, escolhe um curso de ação, pensa na solução de um problema, ou se esforça em aumentar o autoconhecimento, está se comportando. Controla-se precisamente como controlaria o comportamento de qualquer outro através de manipulação de variáveis das quais o comportamento é função. Ao fazer isso, seu comportamento é um objeto próprio de análise, e finalmente deve ser explicado por variáveis que se situam fora do próprio indivíduo”.
Considerando a teoria do behaviorismo associada ao nosso dia-a-dia, a nossa construção como ser humano e o somatório de experiências que nos caracteriza e nos da à consciência que temos cada qual com a sua “programação”. Seria até assustador pensar que não somos nada além do que as nossas experiências nos torna através da sutil programação das nossas percepções e por isso a construção da educação se torna uma ferramenta perigosa e importante na constituição de uma sociedade. Analisemos a estrutura de uma escola para perceber a força do behaviorismo. Um jovem inocente das questões sociais, com a mente limpa para receber as disciplinas pedagógicas que lhe nivelara com os demais indivíduos de sua idade, por si só acaba sendo diferente e único dentro do grupo que foi inserido. Dentro de uma sala de aula, todos aprendem a mesma coisa, porém, não assimilam da mesma forma e não levam em seu futuro os mesmo planos de carreira e ideologias. É claro que não é apenas a construção da escola que irá ditar as regras de quem e o que será o individuo, uma vez que existe uma estrutura familiar, que instiga, impõe ou incentiva o individuo a ser ou seguir algum caminho. De qualquer forma, algumas sutilezas criam algumas expressões mais comuns entre a maioria e isso é perceptível quando analisado através de grupos. Por exemplo, você já parou para pensar no porque as carteiras escolares são desta forma desconfortável e ergonomicamente incorreta? Por que ao passar dos anos os alunos crescem, mas as carteiras são as mesmas? É claro, pode ser porque o governo não institui verba para melhoria da infraestrutura, mas por outro lado, a escola nunca teve como objetivo gerar conforto. O interesse central de uma escola é acostumar o individuo com a ideia de trabalho, de desconforto e prepara-lo para a vida dura que gira em torno de uma carga horária exaustiva, para as massas. O próprio currículo escolar clássico nivela o conhecimento por baixo reprendendo e estimulando o aluno não a aprender, mas, a saber, que será punido com a reprovação caso não seja bem sucedido em decorar os problemas impostos pela disciplina. Existe ai uma programação que faz os indivíduos aceitarem a conduta educacional e não criar muitas perspectivas perante seu futuro. Principalmente no Brasil, isso vem rodeado e circulado por diversas formas de manipulação cultural. Alguns “reforços” como bolsa família, auxílio gás, bolsa carcerária... Todos estes “reforços” programam a comodidade e a aceitação de que os indivíduos precisam de apoio para se erguer perante as dificuldades econômicas e sociais. Expressões culturais em massa como o gosto generalizado por futebol, o excesso de saudosismo em cima de algo que nem deveria gerar tanta importância. Muitas vezes o jovem alia-se a essa necessidade de se doar por um time de futebol, simplesmente porque a maioria o faz e porque isso trás uma sensação moral de inserção social a quem segue o fluxo de falso idealismo social. E alguns diriam: O gosto por futebol é cultural! Mas o que é algo cultural se não algo absorvido através de outrem que absorveu de outrem e que será passado para uma próxima geração como um habito incrustado sem discernimento, colocado nas nossas vidas de forma tão sutil que nem percebemos, assim como acontece com o pequeno rato na caixa de Skinner. O pequeno rato não percebe que esta sendo induzido a adquirir hábitos e simplesmente realiza as tarefas depois de insistentes reforços que lhe fazem agir daquela forma sem questionamento. O objetivo aqui não é fazer uma crítica, mas sim uma observação. O futebol em si não é um problema. O problema em si esta na manipulação social que pode vir por trás de hábitos culturais que são também incentivados pelo governo. Dentre tantas questões, podemos avaliar a rigorosidade com que se abordam questões para a copa do mundo no Brasil (para 2014) comparada com a que se estende a melhoria da educação? Inúmeras situações, milhares de exemplos de controle organizacional, social e cultural podem ser usados, falar sobre religião, sobre ambição, todos esses sentimentos estão envoltos a falta de sensibilidade para perceber que sempre a uma ação subliminar associada ao seu, ao meu ao nosso interesse dia após dia. Eu apenas posso indagar: Você ainda não consegue se enxergar dentro da caixa?
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