RESENHA DO LIVRO: ENCONTRO MARCADO COM A LOUCURA: ENSINANDO E APRENDENDO PSICOPATOLOGIA
Por: gustavo2009 • 20/8/2018 • Resenha • 3.185 Palavras (13 Páginas) • 752 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO PSICOLOGIA
Walquíria C. Souza Gabriel - R.A: B71FEF-4
RESENHA DO LIVRO: ENCONTRO MARCADO COM A LOUCURA: ENSINANDO E APRENDENDO PSICOPATOLOGIA
JUNDIAÍ
2016
Walquíria C. Souza Gabriel - R.A: B71FEF-4
RESENHA DO LIVRO: ENCONTRO MARCADO COM A LOUCURA: ENSINANDO E APRENDENDO PSICOPATOLOGIA
Trabalho apresentado ao Professor Prof. Dr. Miguel Antônio de Mello Silva, como parte da disciplina de Psicopatologia Geral, do curso de Psicologia.
JUNDIAÍ
2016
CAPÍTULO 1
Loucura: de que se trata?
A história de Maria
A história de Maria na verdade não passa de uma história de muitas Marias e muitos Joões desse Brasil. Maria adquiriu depressão com sintomas psicóticos após a morte de seu marido, apesar de nunca ter passado por nada igual antes, ela não aceitou o fato desta perda a ponto de tentar o suicídio duas vezes, sem ao menos se preocupar com a filha de seis anos.
Tais sintomas a levaram a uma internação, onde está sendo medicada com uma parte do tratamento bem-sucedida, mas ela tem medo de voltar para casa e começar tudo de novo.
Com isso, de um lado está Maria dependente de tratamento e internação e do outro lado a filha que também irá precisar de acompanhamento preventivo, devido à perda repentina do pai e a angústia de também acabar perdendo a mãe. Segundo Lino Silva, Maria vai precisar de ajuda de outra forma, porque só os medicamentos não irão resolver.
Concepção mítica e desenvolvimentos posteriores
A dúvida a que será designado o poder para tratar o indivíduo e tem sido objeto de estudo de vários ramos da ciência, como a Antropologia, a Sociologia, a Psiquiatria, a Psicologia, etc. Mesmo que inconscientemente, essas concepções existem nos dias de hoje no imaginário popular e nos meios científicos, fazendo parte do nosso arcabouço cultural.
Para Homero poeta épico da Grécia, todo ato insensato é determinado pela ação dos deuses, ou porque seus caprichos determinam o rumo dos acontecimentos ou porque roubam do homem a razão, dando como exemplo a fala de Agamêmnon tentando desculpar-se por ter roubado a amante de Aquiles, caracterizando esta obra de Homero como primeiro modelo teórico da loucura.
Ésquilo e Eurípedes em dois séculos depois descrevem em seus textos diferentes formas de loucura, como usa de termos como delírio, desvario, mania, etc..... Onde chegam a conclusão de que a loucura não é uma determinação dos deuses e sem algo que se desenvolve a partir do interior do homem, como suas paixões irresistíveis com conflitos entre o desejo e a regra social, deixando de ser mítico-religioso passando para uma concepção psicológica da loucura. Posteriormente será citado na obra de Freud com os estudos sobre a histeria e seus seguidores como Melanie Klein com a importância das paixões na constituição humana ou falar de amor, ódio, e reparação em outros autores.
Histeria porque vinha de hístera, nome dado ao útero, ou seja, doença que eles acreditavam que era provocado pelo sufocamento do útero. Platão acreditava em uma concepção dualista em que mente e matéria eram fenômenos separados, a alma racional estaria no cérebro e seria imortal e a alma irracional no tórax/corpo. Hipócrates também concebeu a histeria como uma doença do útero e defendeu a importância do cérebro como sede das emoções e pensamentos. Para Galeno, a loucura era, uma disfunção encefálica. O modelo organicista persiste sob as teorias mais diversas, colocando em jogo a identidade individual do homem.
Concepção científica: a ciência delimita caminhos
Nessa concepção os valores do cristianismo na época medieval, tinham a loucura associada à possessão diabólica, mas com o Renascimento foi instalado uma concepção científica da loucura, onde a Psiquiatria entra como especialidade médica para tratar da loucura. Pinel e seu seguidor Esquirol enfatizavam a importância das alterações anatomo-fisiológicas como determinantes das psicopatologias.
Durante o Renascimento, médicos e teólogos acirraram-se a disputa pelas histéricas, onde deixaram de serem caçadas como bruxas e começaram a ser tratadas como doentes mentais. A passagem de uma concepção diabólica da histeria para a concepção científica, deu-se na metade do século XVIII, com a teoria de Mesmer, onde ele foi taxado de charlatão por propor que o médico se transformasse em um magnetizador distribuindo um fluído pelo corpo para obter a cura.
O médico francês Charles Lepois foi o primeiro a diagnosticar a histeria masculina, agregando como manifestação fatores de ordem social e material. Enquanto os organicistas tinham a histeria como uma doença cerebral fisiológica ou hereditária, também tinham os defensores da psico gênese que a concebiam como uma afecção psíquica, ou seja, uma neurose. Este termo neurose foi introduzido pelo médico escocês Willian Cullen em 1769, sendo, portanto, uma doença nervosa.
Em 1843, o médico escocês James Braid introduziu o termo hipnotismo, provocando estado de sono dos pacientes buscando informações enterradas no inconsciente dos sujeitos. Liébeault e Bernheim em 1884, também retomam o hipnotismo com forma de tratamento dos pacientes nervosos.
Kraepelin surge neste período também como o maior representante da concepção organicista da doença mental, onde para ele a fala do doente não tinha importância e sim as condições de observação do paciente seriam mais adequadas. Assim como o psiquiatra Bleuler contemporâneo de Kraepelin e Freud também apontou para a importância de uma clínica baseada na escuta do paciente, contribuindo para retirar a loucura do período de silêncio como objeto da Ciência, surgindo com a descoberta da Psicanálise de Freud no final do século XIX, trazendo à cena o sujeito do inconsciente onde precisa ser compreendido à luz de sua subjetividade. Chegando então ao século XX sob estas teorias, percebe-se que na atualidade, também não é diferente, conflitos e confrontos persistem.
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