Encontro Marcado Com A Loucura

Encontro marcado com a loucura

​O primeiro contato que tive com o livro “Encontro marcado com a loucura” foi através dos agradecimentos da autora. Quando terminei de ler aquelas citações inundadas de afetividade, percebi que o livro seria inteiramente marcado por experiências pessoais intensas, marcadas de emoções pelas lembranças e pelo trabalho feito.
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​O fenômeno da loucura é amplamente pautado no conceito de diferença, mas não no sentido de que o louco é diferente do “normal”, mas em um sentido de loucura que abrange as inúmeras formas que o humano pode assumir durante a vida. 

​O livro é repleto de posições teóricas, tanto psiquiátricas quanto psicanalíticas, mas sempre com o cuidado de que estas estejam voltadas para o cuidado com o ser humano, ao invés de um distanciamento cômodo que a maioria das teorias nos proporciona. Claramente há uma preferência do uso da Psicanálise como forma de estudar e ensinar Psicopatologia. E esta escolha é muito bem justificada por teóricos que dão preferência ao olhar clínico ao fundamento de uma teoria, e ao cuidado ao invés de uma normatização alienante do indivíduo em sociedade.

   Para mim, ficou claro que um complementa o outro em todos os âmbitos e nos permite um aperfeiçoamento do olhar clínico para o cuidado com pacientes tão únicos e complexos como o da clínica da psicose. E que, apesar de todas as dificuldades impostas por pessoas que acreditam que estas devem ser pessoas afastadas do mundo, nos desafia a trabalhar e pensar cada vez mais em melhorias de tratamento e militância por um espaço em que seja possível este trabalho.

​Esta obra contribuiu para a minha construção de um ser-psicólogo, contribuiu para um refinamento do meu olhar como ser humano para outro ser humano. Um olhar que permite enxergar o Outro ao invés de ver e de escutar o Outro ao invés de ouvir.