RESUMO ANÁLISE DO IMPACTO PSICOSSOCIAL DA COVID-19
Por: Jéssica Figliuolo • 25/7/2020 • Trabalho acadêmico • 1.816 Palavras (8 Páginas) • 230 Visualizações
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO (UNIAN - SP)
JÉSSICA VIEIRA FIGLIUOLO
ABUSO DE ÁLCOOL 305.00 (F10.10)
ANÁLISE DO IMPACTO PSICOSSOCIAL DA COVID-19
São Paulo
2020
INTRODUÇÃO
O ano de 2020, desde seu início ficou marcado pelo descobrimento do novo coronavírus, causador de uma doença infecciosa e altamente transmissível, a COVID-19.
O primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi registrado na China, em dezembro de 2019 e se disseminou rapidamente, fazendo com que 216 países registrassem um total de 5.404.512 de casos confirmados e 343.514 mortes por COVID-19 até o dia 25 de maio de 2020. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com maior número de casos registrados, onde até essa mesma data foram confirmados 363.211 casos e 22.666 mortes entre os brasileiros, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
A alta transmissibilidade e o nível global de disseminação fez com que a doença fosse considerada uma pandemia, tornando-se uma emergência de saúde pública em caráter mundial. (Vasconcelos et al., 2020).
Muitos casos de infecção respiratória pelo novo coronavírus demandam cuidados hospitalares e a falta de medicamentos ou vacinas eficazes e seguras contra a doença faz com que gere uma preocupação em relação ao colapso do sistema de saúde em diversos países. Dessa forma, autoridades sanitárias passaram a criar medidas de contenção para tentar reduzir a propagação do vírus e evitar o esgotamento da capacidade de materiais e leitos hospitalares necessários para o atendimento da população infectada por COVID-19 (Schmidt et al., 2020).
Entre as ações de prevenção ao novo coronavírus estão: o isolamento de casos suspeitos e/ou confirmados; fechamento de órgãos e comércios de uso coletivo considerados como “não essenciais”; distanciamento social e quarentena de toda a população (Schmidt et al., 2020).
A rápida progressão da doença, o alto número de mortes, a contradição nas informações passadas pelas mídias e autoridades e as medidas propostas para contenção da doença, geram adoecimento mental na população, podendo-se dizer que junto com a pandemia “surge um estado de pânico social global e a sensação de isolamento desperta angústia, insegurança, medo que podem se prolongar até mesmo após o controle do vírus.” (Vasconcelos et al., 2020, p. 76).
Dessa forma é importante que, mesmo com a atenção voltada à saúde física da população, a saúde psíquica não seja negligenciada, sobretudo porque “os impactos psicológicos podem ser mais duradouros e prevalentes que o próprio acometimento pela COVID-19” (Schmidt et al., p. 4).
IMPACTOS PSICOSSOCIAIS E CONSUMO DE ÁLCOOL
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) destaca que o grande número de doentes, mortes e o prejuízo financeiro causados em contextos de pandemias ocasiona um alto risco psicossocial, principalmente para os grupos que têm maior dificuldade em reestabelecer seus meios de sustento e apoio social durante e após a crise (2009).
Vasconcelos et al. (2020) apontam o medo, sentimento de raiva, culpa, ansiedade, sintomas depressivos, estresse, solidão e tristeza como as principais manifestações psicológicas relacionadas à COVID-19 e salientam que o isolamento social pode maximizar esses sentimentos
Diante dessa situação, os mecanismos de enfrentamento da população podem ser insuficientes, ocasionando em um desequilíbrio e incapacidade de adaptação psicológica. Portanto, estima-se um aumento de ocorrência de transtornos psíquicos (OPAS, 2009)
Além da depressão, transtornos de adaptação, estresse pós-traumático e transtornos psicossomáticos a OPAS também destaca o consumo excessivo de álcool como um dos efeitos mais frequentes entre sobreviventes de contextos pandêmicos.
Fatores psicológicos, biológicos e sociais são frequentemente relacionados ao uso abusivo de substâncias psicoativas, e atualmente os fatores psicossociais têm se destacado devido às consequências vividas pelo novo coronavírus. Jara (2020) destaca a alta probabilidade do aumento de uso de drogas – ilegais, ou não – como um meio de enfrentamento ao medo, ao isolamento e às inseguranças em torno do vírus.
Rehm et. al. complementam dizendo que as “dificuldades financeiras, o isolamento social e a incerteza sobre o futuro durante e após crises como a pandemia da COVID-19 podem piorar os padrões do uso de álcool” (2020, p. 302).
Jara (2020) aponta que por trás consumo excessivo de álcool existe uma funcionalidade, ou intencionalidade. Segundo ele, o uso de substâncias psicoativas tem uma atuação hedonista, que facilita a retomada do prazer através de uma barreira química que é posta diante do sofrimento. Sendo assim, esse comportamento frente ao contexto estressante do coronavírus surge como uma solução, ou uma automedicação que permite o sujeito enfrentar os estados emocionais negativos que está vivenciando.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) ratifica dizendo que “problemas de conduta, depressão, ansiedade e insônia frequentemente acompanham o consumo intenso (de álcool) e às vezes o antecedem” (2014, p. 492), além disso, cita formas inadequadas de enfrentamentos de estresse como um fator de risco ambiental para que problemas com álcool se desenvolvam em pessoas que tem predisposição.
De acordo com o DSM-5 (2014) o transtorno por uso de álcool se caracteriza por um conjunto de sintomas comportamentais e físicos e sua gravidade é medida de acordo com a quantidade de critérios diagnósticos preenchidos. Ou seja, caso o sujeito apresente 2 ou 3 dos sintomas listados, é considerado transtorno de grau leve (F10.10). Para o grau moderado (F10.20) deve-se preencher de 4 a 5 dos critérios e caso haja a presença de 6 ou mais sintomas o caso é considerado grave (F10.20).
Entre os parâmetros listados para a identificação do transtorno por uso de álcool estão a abstinência, tolerância e fissura e para Frances (2015), são esses três aspectos que diferenciam os casos de Abuso de Álcool (F10.10) dos casos de Dependência de Álcool (F10.10). No primeiro caso, o sujeito não apresenta os parâmetros citados acima, já no uso de grau moderado e grave é possível identificar os três sintomas.
Apesar de o Abuso de Álcool ser considerado de grau leve, o sujeito acometido pelo transtorno ainda apresenta sofrimento ou comprometimento clinicamente significativo, o que diferencia do uso recreativo da substância (Frances, 2015).
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