RESUMO - CONFIANÇA NAS ORGANIZAÇÕES

Resumo do texto: FISCHER, Rosa Maria; NOVELLI, José Gaspar Nayme. Confiança como fator de redução da vulnerabilidade humana no ambiente de trabalho.

O artigo estuda como a confiança depositada nos trabalhadores é capaz de atuar no ambiente organizacional, neutralizando a sensação de vulnerabilidade dos funcionários, perceptível pelos relacionamentos efêmeros e superficiais, que distanciam as pessoas.

Esta pesquisa tem como objetivo ver se os gerentes das organizações têm percepção da vulnerabilidade humana em relação a um ambiente com ou sem confiança, como reagem à situação e quais as suas influências no processo de gestão. A pesquisa foi realizada com um grupo de oito gerentes de multinacionais através de um questionário sem estrutura e aberto, estimulando o diálogo espontâneo com o entrevistador.

Na década de 1980 ocorreram mudanças de larga escala e radical profundidade nas áreas econômicas, sociais e interpessoais, onde a produtividade nas empresas aumentou, mas o estímulo à busca de satisfação de interesses pessoais contrariou o conceito de grupos cooperativos.

O ambiente de trabalho se tornou improdutivo para o estabelecimento da confiança. A existência da confiança entre os membros do grupo sustenta a coesão que, por sua vez, é elemento-chave para que as pessoas compartilhem experiências, melhores práticas e etc.

No enfoque psicossocial, a confiança se manifesta como elemento moderador de relacionamentos, na relação entre pessoas, até em relações mais complexas, por exemplo, entre várias organizações. Chama-se esta confiança de relacional, por derivar de relações repetidas no tempo e no espaço entre confiado e confiante.

A metodologia do trabalho teve como base um questionário aplicado em profissionais com poder de decisão pertencentes às organizações de médio e grande porte, diretamente afetadas pelas turbulências e rupturas no mercado de trabalho. Os temas abordados junto aos respondentes foram: a percepção do trabalho num ambiente economicamente dinâmico, características do ambiente que causam sentimentos de insegurança, trabalho e confiança interpessoal, diferenças entre a percepção atual e a passada sobre confiança, atitudes e práticas que retratam a existência de confiança no trabalho, desafios atuais para a coordenação de equipes, estímulos do ambiente que fortalecem e fragilizam a incorporação de confiança nos relacionamentos e influência do ambiente sobre a percepção de estabilidade profissional.

Na análise dos dados, a competitividade e a pressão por resultados foram confirmadas pelos entrevistados, trazendo sentimento de insegurança e insatisfação com as relações de trabalho. Em comparação com o passado foram destacados os aspectos positivos e negativos. Como positivos temos: a “descentralização de atribuições”, “maior disseminação de informações”, “uso mais frequente de diálogo” e “atitudes de mais respeito e tolerância” entre as pessoas. Os negativos são demissões em larga escala, processos de fusões e aquisições gerenciados sem cuidados com as pessoas, ocasionando dificuldades de se estabelecer relacionamentos sólidos e duradouros.

Os meios de comunicação modernos reduzem a confiança no outro, pois passam a sensação de controle. No passado, bastavam os contratos verbais. Hoje, há a obrigatoriedade de fazer registros por e-mail, exigindo maior eficiência e menor tolerância a erros, gerando um clima de desconfiança entre as partes.

Uma organização altamente competitiva, sem gestão apropriada, colabora com o aumento da sensação de vulnerabilidade, fragilizando a instalação da confiança. Portanto, o reconhecimento de habilidades, o compartilhamento de informações, a coerência entre o discurso e a prática e o conhecimento mútuo de expectativas entre o grupo são fatores da confiança, necessários na gestão das organizações.

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