Relatório de Psicologia Hanseníase (mycobacterium leprae)
Por: JulioOcireu • 9/1/2017 • Relatório de pesquisa • 8.669 Palavras (35 Páginas) • 522 Visualizações
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Hanseníase
(mycobacterium leprae)
Faculdade Leão Sampaio
Curso de Psicologia
Turma 347.3
Disciplina de Epidemiologia
Profo. Msc. Cícero Magérbio
Etiologia da Doença – Hanseníase
Equipe:
Ana Cristina Coelho
Bruno Cesar Sousa Romão
Jonas José Macedo Neto
José Fernandes Ferreira
Julio Ocireu de Souza
Maria Leda Vieira Rocha
Raniere Ribeiro Campos
Out 2008
Hanseníase no mundo
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A hanseníase é uma das mais antigas doenças conhecidas pela humanidade, remonta aos tempos pré-históricos. Doença endêmica grassou de forma disseminada em todo território europeu do século II ao século XV, ocasião em que passou a declinar rapidamente, persistindo casos isolados até hoje. Conhecida inicialmente pela denominação de “LEPRA”. Alguns autores descrevem que seu surgimento se deu inicialmente na Ásia. Outros apontam a África como berço desta doença.
Conhecida há mais de 4.000 anos na Índia, China e Japão. Achados históricos da época de Ramsés II (4.300 a.C.), comprovam a existência dessa moléstia no Egito. Inclusive com evidências objetivas em análises de esqueletos mumificados, datando do segundo século a.C.
Outros escritos antigos também descrevem a existência da doença, como no livro "Nei Ching Wen", cuja autoria é atribuída ao Imperador chinês Huang Tin, traduzido entre 2698-2598 a.C., onde aparece o termo “li-feng” para designar paralisia grave e descrever um estado patológico que provoca queda de sobrancelhas, nódulos, ulcerações, dormência, mudança de cor da pele e desabamento do nariz. Outras referências, na literatura chinesa antiga, são encontradas no livro "Analects", datado de 600 a.C., época da dinastia Chou. Neste escrito há referências que um dos discípulos de Confúcio sofria de uma doença parecida com a hanseníase virchowiana, mas a descrição da mesma é imprecisa e restam dúvidas a respeito. Autênticas descrições da hanseníase são encontradas no manuscrito chinês intitulado "Remédios secretos completos", escrito por volta de 190 a.C., no qual encontra-se a descrição de uma doença que provocava a perda de sensibilidade e o aparecimento de manchas vermelhas que inchavam e depois se ulceravam, ocorrendo em seguida queda de sobrancelhas, cegueira, deformidade nos lábios, rouquidão, ulceração das plantas, desabamento de nariz e deslocamento de articulações. Há escritos que descreve os primeiros sintomas como dormência da pele e sensação de vermes andando sob ela.
Na Índia, escritos (de 600 a.C.), descrevem hiperestesia, anestesia, formigamento e deformidades sob os termos “vat-ratka” e “vatsonita”. Sob a designação de “kushtha”, cita três espécies de manifestações cutâneas principais: anestesia local, ulcerações e deformidades (queda dos dedos e desabamento do nariz). Nos "Vedas" (1400 a.C.) a hanseníase é mencionada como “kushtha”, alguns autores afirmam que nas "Leis de Manu" (1300-500 a.C.) há instruções sobre a profilaxia da hanseníase.
Segundo alguns autores há referências de que a hanseníase existia em muitos outros lugares da Terra nos tempos antigos, mas na verdade o que houve foram traduções errôneas de termos designando diferentes moléstias. Nos tempos Babilônicos, por exemplo, há referências sobre a hanseníase como a palavra lepra, mas seu significado era de uma doença escamosa. A palavra “epqu”, que foi traduzida como lepra no Dicionário Assírio, também significa escamoso. A hanseníase existia em épocas remotas no Egito e era citada no "Papiro de Ebers" (1300-1800 a.C.). Contudo, o que foi traduzido como lepra no referido documento era uma queixa de sintomas externos para o qual eram prescritos ungüentos. Na tradução grega de textos hebraicos, a palavra “tsaraath” foi traduzida como lepra (leprós = escama). A palavra lepra também foi usada pelos gregos para designar doenças escamosas do tipo psoríase e eles designavam a hanseníase como elefantíase.
Outras citações sobre a Doença de Hansen também são encontradas na Bíblia Sagrada, entretanto, estas são confusas. Encontra-se, nos capítulos 13 e 14 do Levítico, o termo hebreu “tsaraath” ou “saraath” para designar afecções impuras. Estes termos foram traduzidos como lepra em vários idiomas, sem que se possa afirmar com certeza o seu significado original. Em hebraico, significavam uma condição de pele dos indivíduos ou de suas roupas que necessitavam de purificação. Aqueles que apresentavam o “tsaraath” deveriam ser isolados até que os sinais desta condição desaparecessem. Ainda conforme a Bíblia, esta manifestação na pele dos judeus seriam manchas brancas deprimidas em que os pêlos também se tornavam brancos.
Admite-se que a hanseníase era desconhecida na Europa na época de Hipócrates (467 a.C.). Nos trabalhos do "Pai da Medicina" não há referências a qualquer condição que se assemelhasse àquela doença. Aceita-se que as tropas de Alexandre o Grande, quando retornaram à Europa depois da conquista do mundo então desconhecido, tenham trazido indivíduos contaminados com a doença nas campanhas da Índia (300 a.C.).
Por volta do ano 150 d.C a doença já era bem conhecida. na Grécia, quando se encontram referências à mesma feitas por Aretaeus e Galeno. O primeiro autor, no seu trabalho intitulado “Terapêutica de Afecções Crônicas”, designa a hanseníase como elephas ou elefantíase. Nesta mesma obra ele fala da semelhança da pele doente à pele do elefante, que é espessada. Foi ele quem introduziu o termo facies leonina para designar o aspecto da face do paciente infiltrada pela moléstia. Estes autores já conheciam, bem no começo da nossa era, a hanseníase virchowiana, mas não fazem referências a distúrbios de sensibilidade.
Da Grécia a Doença de Hansen foi lentamente disseminando-se para a Europa, carregada por soldados infectados (cruzados), comerciantes e colonizadores, sendo mais prevalente entre os séculos X e XV.
Acontece, porém, que a hanseníase era designada como lepra, como eram assim denominadas várias outras doenças de pele que se supunham ser idênticas ou ter alguma relação com ela.
O termo lepra absorveu, então, outras designações da doença como elefantíase. E era utilizada para designar diferentes patologias cutâneas, uma vez que os médicos antigos não tinham uma idéia exata das doenças dermatológicas, assim como o líquen, a psoríase, a escabiose, o impetigo e a hanseníase.
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