Resenha: O Documentário lixo Extraordinário
Por: michele Manduca • 30/8/2020 • Resenha • 1.292 Palavras (6 Páginas) • 1.006 Visualizações
Resenha: Documentário “Lixo Extraordinário’.
O documentário “lixo Extraordinário”, regado a sensibilidade, realismo e reflexões, nos envolve e nos traz o projeto realizado por Vik Muniz, artista plástico brasileiro. A intenção do artista era sair do âmbito das belas artes, e adentrar espaços incomuns, na busca de mostrar que a arte circula e está presente onde acredita-se não ter mais utilidade. Vik com sua destreza e façanha, mostra interesse em trabalhar juntamente com os catadores de material reciclável, no maior aterro sanitário da América Latina, Jardim Gramacho, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
A busca por essa experiência, e material a ser utilizado, fez com que vivenciasse o cotidiano das pessoas que fazem parte desse contexto, e função que exercem. O documentário nesse sentido, nos traz as relações que vão se criando ao decorrer do projeto, peculiaridades e subjetividade dos sujeitos escolhidos por Vik para realizar o desejo de transformar, o até então lixo em arte. A fala de muitos, fez com que o artista viesse a se impressionar com o dia a dia de cada um, e as histórias de vida ali relatadas, pois até então acreditava que os integrantes do Jardim Gramacho, seriam pessoas rudes e inflexíveis ao projeto, entretanto encontrou acolhimento, e pessoas orgulhosas pelo trabalho que fazem, e interesse na busca de conhecimento, nos livros que no lixo encontram e leem. Percebe-se no entanto que vic comungava infelizmente da percepção de uma grande parte da sociedade, onde vincula o lixo descartado as pessoas que ali estão, fazendo com que fiquem cada vez mais excluídas e esquecidas.
Gramacho, mais do que um local de descarte, nos mostra uma realidade que está à margem da visão da sociedade, pessoas inseridas se mostram esclarecidas com o papel que exercem, no sentido de cuidado e preservação ao meio ambiente. Além disso, como o documentário destaca, “Tião”, um líder e presidente da associação dos catadores, relata seu interesse por livros e autores que o fazem refletir quanto a vida e seu papel em sociedade, servindo como incentivo na sua caminhada em busca de melhores condições humanas para a comunidade e trabalhadores do aterro.
O projeto e as ações que foram sugeridas, fizeram com que trabalhadores, que até então desconhecidos, e muitas vezes suas identidades misturadas ao do aterro, pudessem vivenciar experiências novas, e descobrir outras possibilidades de reconhecer-se como sujeito, e juntos aos demais construir e transformar a realidade em que vivem, fazendo com que objetos descartados viessem a criar lindas obras de arte, representativas, e de suma importância para a legitimidade do seu trabalho e reconhecimento em sociedade. Vik, por sua vez, propôs que a partir de fotos tiradas dos catadores no aterro gramacho, e consequentemente aumentadas, pudessem que, sobre as sombras da imagem, fossem colocados materiais coletados pelos mesmos, e logo após, produzir quadros para leiloar, e o dinheiro arrecadado retornasse a comunidade. Assim foi iniciado e construído a obra, onde o interessante se encontra nos detalhes dessa construção, os catadores dos quais foram parte do projeto, puderam literalmente construir a obra junto ao artista, ou seja, cada um deles foi protagonista e criador, tendo um papel fundamental nesse processo, e não apenas como objetos de estudo. Sendo os personagens das fotos, e colocando os materiais em cima das sombras da imagem, Nesse sentido vale ressaltar também, as expressão dos participantes ao deparar-se com o trabalho finalizado, onde até então desconheciam o sentido de arte, e o quão seriam capazes de colaborar ativamente em toda essa construção.
A reação de cada um após ver sua foto exposta aumentada, e os materiais misturando-se as sombras, fizeram com que as emoções e sensibilidade viesse a tona, o rosto por vezes com expressões de espanto, e em alguns lágrimas, fizeram com que Vik percebesse o quão pôde contribuir para o reconhecimento e busca de identidade de cada envolvido.
É sensibilizador no decorrer dos relatos, as emoções que vão surgindo diante da realidade exposta e as histórias entrelaçadas, o quão por vezes se misturam aos objetos descartados do aterro, onde as pessoas se encontram fragilizadas quanto a sua auto identidade, autoimagem, importância e capacidades como sujeito e cidadão. A intenção de Vik sempre foi mudar de alguma forma a vida dessas pessoas, e viu-se diversas vezes envolvido muito além do que apenas, delinear, dirigir o projeto e a construção do mesmo. Vic se questionou quanto a intenção de proporcionar um futuro com mais oportunidades e dignidade humana, diante da precariedade da qual os catadores viviam. Compreendeu que a superação encontra-se diariamente junto a todos que ali residem, pois são pessoas que tem um papel fundamental na organização do sistema e sociedade, levando em consideração questões ambientais e de cunho preservativo, porém, vivem de forma
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