Resenha o acaso e repetição em psicanalise
Por: Jénnefer Lorem • 4/6/2019 • Resenha • 529 Palavras (3 Páginas) • 417 Visualizações
LUIZ GARCIA ROSA - Acaso e repetição em psicanálise
Rosa (1999) retoma a antiguidade para compreender o conceito de repetição em psicanálise. Segundo ele o tema da repetição passa pelo "eterno retorno" de Heráclito e Nietzsche até transformar-se no tema central de “Além do princípio do prazer” escrito por Freud, fazendo do Édipo sua marca registrada (ROSA, 1999). Além disso, Rosa cita Hegel, Kierkegaard e Nietzsche como referências para tratar a questão da repetição, e diz que há em comum nesses autores a importância que eles compelem a repetição, bem como o fato de que eles não compreendem a repetição como uma reminiscência.
Rosa (1999) ainda cita Deleuze em “Différence et répétition” (1968) para descrever 4 características do conceito de repetição que Kierkegaard e Nietzsche compartilham juntos, sendo elas:
1)Há uma novidade na repetição, visto que repetir não é simplesmente lembrar, mas atuar. Essa concepção remete a Freud, visto que
Para Freud, a repetição substitui a recordação, e se ela num primeiro momento é tomada sob um aspecto puramente negativo (como resistência), num segundo momento ela é considerada como o fundamento da transferência e produtora de novidade. (ROSA, XXX, pg.32)
2) A repetição não segue a leis da natureza, mas se opõe a essas, dando prioridade a vontade interior. (NÃO ENTENDI DIREITO EXPLICAR MELHOR, PAG 32)
3) A repetição se constitui de forma individual e por tanto, ela confronta a moral.
4) Por fim, a repetição “se opõe às generalidades do hábito assim como às particularidades da reminiscência” (ROSA, 1999, pag. 32).
Rosa ainda diferencia dois tipos de repetição, para ele existe a “repetição-reprodução” que é a repetição do “mesmo” e se confunde com a lei, e a repetição diferencial, na qual Nietzsche é referencia e traz a marca do novo e das diferenças e por vezes do “trágico” que se constitui como a afirmação do acaso.
Com vistas a elucidar tal repetição diferencial bem como o sentido do “Eterno Retorno” de Nietzsche, Rosa esclarece que Nietzsche busca em Heráclito a concepção da repetição, visto que este afirmava o devir e o ser do devir, assim
Essa dupla afirmação corresponde aos dois momentos do jogo de dados de que nos fala Nietzsche em Zaratustra: os dados lançados e os dados que caem. Os dados lançados são a afirmação do acaso; os dados que caem são a afirmação da necessidade. O acaso é identificado ao múltiplo, ao caos, enquanto que a necessidade (ananke) é a própria afirmação do acaso sua própria combinação e não sua eliminação do acaso. Em Heráclito esses dois momentos correspondem à.physis e ao logus. A afirmação não afirma o ser; é ela própria o ser. Enquanto afirmação primeira ela é devir, mas ela mesma é objeto também de outra afirmação. Assim, tomada em toda a sua extensão, a afirmação é dupla, é preciso uma segunda afirmação para que a afirmação seja ela própria afirmada. Acaso e necessidade não se opõem, combinam-se numa unidade complexa, sendo a necessidade uma reafirmação do próprio acaso. Enquanto tal, ela é uma repetição diferencial - este é o sentido do eterno retorno de Nietzsche. (ROSA, 1999, pag. 33,34)
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