Resumo Bernard Range
Por: João Marcello C Muniz • 27/11/2022 • Resenha • 1.965 Palavras (8 Páginas) • 131 Visualizações
A Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC é uma abordagem da psicoterapia baseada na combinação de conceitos do Behaviorismo radical com teorias cognitivas. A TCC entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que nos afeta, e não os acontecimentos em si. Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa.
O livro Psicoterapias Cognitivo Comportamentais: Um Diálogo Com a Psiquiatra é um manual para utilização da terapia cognitivo comportamental em diversos transtornos. Escrito de uma forma direta e prática, leva o profissional a informação valiosa que pode ajudar em sua prática. Considerado por muitos como um livro básico e indispensável para a biblioteca de todo psicólogo que usa a TCC.
No primeiro capítulo temos um breve histórico das terapias cognitivas, focando mais especificamente no Modelo de Reestruturação Cognitiva para Depressão, criado por Aaron Beck, e apresentando os conceitos básicos da terapia cognitiva, como níveis de cognição, conceitualização, estrutura de sessão, tratamento e algumas técnicas da terapia, tais como o questionamento socrático, a técnica da seta descendente, entre outras e também uma visão geral histórica das teorias e das terapias cognitivo-comportamentais. Outros pontos abordados dentro dessa visão geral histórica, são as mudanças de paradigmas, a construção do modelo de reestruturação cognitiva de Beck, o modelo cognitivo, e a conceitualização cognitiva.
Dentro da conceitualização cognitiva, podemos destacar cinco pontos: diagnóstico clínico do paciente; a identificação de pensamentos automáticos, sentimentos e condutas frente a diferentes situações do cotidiano que mobilizem afeto e que tenham um significado importante para a pessoa; as crenças nucleares e intermediárias; as estratégias compensatórias de conduta que o indivíduo utiliza para evitar ter acesso a suas crenças negativas; e os dados relevantes da história do paciente que contribuíram para formação ou fortalecimento destas.
Na terapia cognitiva, nossa primeira tarefa como terapeuta é demonstrar para o paciente a conexão existente entre pensamento, sentimento e comportamento. É importante tomar o paciente atento a essa relação.
A terapia cognitiva, no seu formato original e nos seus desdobramentos, é uma construção que, sem dúvida, proporcionou uma nova, clara e eficaz estrutura conceituai psicoterápica para uma série de transtornos mentais, um sólido instrumento terapêutico para que nossos pacientes se tornem capazes de lidar com e controlar sua doença.
No capítulo 13 temos a evolução da prática da terapia clínica comportamental por três importantes movimentos, reconhecidos como três gerações. Esses movimentos aconteceram em resposta aos resultados obtidos em estudos empíricos controlados na prática clínica. As três gerações de psicoterapia comportamental focaram, cada uma a seu tempo, o comportamento, a cognição, a emoção e a conscientização como eixos em torno dos quais os procedimentos interventivos foram desenvolvidos.
A teoria comportamentalista ganhou espaço na década de 1930 e, a partir de trabalhos clássicos como os de Pavlov, Thorndike, Hull e Skinner, contribuiu para que a psicologia fosse compreendida sob o enfoque científico e definida como a ciência do comportamento, ao invés de ciência da mente ou da consciência. Terapia Comportamental e Modificação de Comportamento são os termos mais utilizados em intervenções clínicas realizadas sob o enfoque do modelo comportamental. Tradicionalmente, essa prática tem sido identificada com a metodologia científica, a avaliação objetiva e as aplicações desenvolvidas a partir dos princípios básicos da teoria da aprendizagem e da análise experimental do comportamento. Desde 1950 a terapia comportamental foi reconhecida como uma abordagem sistemática de intervenção em saúde mental, desenvolvida em oposição à psicanálise e influenciada pelo empirismo crescente à época. Nos anos seguintes, a metodologia e os procedimentos utilizados na terapia comportamental receberam múltiplas contribuições advindas de estudos controlados conduzidos por diferentes grupos; isso resultou na sua ampliação e diversificação.
Os procedimentos utilizados nas técnicas comportamentais e seguem passos que podem ser assim resumidos: Identificação de pensamentos ou das cognições disfuncionais responsáveis por sentimentos negativos e comportamentos maladaptativos. Automonitoração de pensamentos negativos. Identificação da relação entre pensamentos e crenças e os sentimentos a eles subjacentes. Identificação e aprendizado de padrões de pensamentos funcionais e adaptativos em alternativa aos disfuncionais. Teste de realidade dos pressupostos básicos mantidos pela pessoa sobre si mesma, o mundo e o futuro.
O aprimoramento dos estudos empíricos favoreceu o desenvolvimento de novas técnicas e adaptações de outras já conhecidas, que formam o acervo da terapia cognitivo-comportamental. Essas técnicas incluem o Treino de Autoinstrução e o Treino de Inoculação de Stress iniciados a partir dos estudos de Donald Meichenbaum na década de 1970; Treino na Solução de Problemas e Treino em Habilidades Sociais; Exposição; Exposição e Prevenção de Respostas; e Exposição Interoceptiva iniciadas por Meyer na década de 1960.
As técnicas utilizadas na Terapia Cognitivo-Comportamental têm especial projeção na intervenção clínica, tratando transtornos psicológicos e psiquiátricos. Neste capítulo, foram revisadas algumas das técnicas mais conhecidas ou de maior impacto na literatura especializada. Não foi a intenção realizar aqui uma ampla revisão, mas sim oferecer ao leitor subsídios para entender os princípios relevantes dessas técnicas e introduzir indicadores que mostrem o alcance desses recursos. Assim, o leitor poderá selecionar, dentre as múltiplas possibilidades, aquelas que melhor atendam às necessidades e peculiaridades de seus pacientes e das queixas referidas.
Pesquisadores clínicos conceituados argumentam que é importante entender os princípios das mudanças ou o que faz com que uma técnica interventiva funcione para dado organismo. É importante que sejam avaliadas a relevância de cada elemento incluído na proposta, e não apenas a técnica como um pacote fechado. Se obtivermos sucesso ao tratar um paciente com fobia, usando a técnica de exposição ao vivo e um chapéu lilás na cabeça do paciente, o chapéu lilás inserido como parte do procedimento será considerado um elemento curativo da técnica, quando de fato o sucesso teria sido igualmente alcan çado sem o chapéu. Com as novas propostas, é esperado também a evolução dos estudos longitudinais, controlados e empíricos que nos tragam mais respostas e o contínuo crescimento da área.
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