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Resumo de Materialismo Dialético e Psicanálise - Wilhem Reich

Por:   •  12/11/2019  •  Resenha  •  2.219 Palavras (9 Páginas)  •  176 Visualizações

Página 1 de 9

Cabeçalho

Título

Materialismo Dialético e Psicanálise

Autor

REICH Wilhem

Ano

1934

Local(pg/cap.)

Tudo

Data da leitura

06/09/16

Motivo da leitura

Aula do Bebeto

Referência do texto

---

Temas

Marxismo, psicanálise, dialética

Palavras chave

Marxismo, dialética, psicanálise.

Resumo

Prefácio:

        A introdução explica que a intenção do livro é identificar se há relações possíveis entre a psicanálise e o marxismo, apontando que , quer de uma corrente, quer da outra, não se teve nenhum trabalho que se dispusesse a isso levando a sério ambas as correntes.  Reich aponta que a comunicação entre as duas ciências ainda não pôde ocorrer porque, até então, os trabalhos de psicanálise não levam em consideração a luta de classes, imprescindível para o marxismo. Esse segundo por sua vez, não leva em conta os conflitos sexuais do indivíduo em sua formação, imprescindível para a psicanálise. Reich aponta a necessidade de se distinguir o marxismo como sociologia; como método de investigação; e como prática. A psicanálise poderia dialogar principalmente com a sociologia Marxista, por serem duas ciências

        O autor condena as críticas feitas pelos marxisitas à psicanálise, apontando que pouco conheciam destas e lista as duas mais recorrentes que são enunciadas: a primeira é de que a psicanálise é uma “Ciência burguesa”- Tal enunciado não é de forma alguma dialética, por não admitir contradições como constituintes de qualquer ciência e por considerar que algo inventado pela burguesia não pode ser usado para tal fim-Não seria o Marxismo também um fruto da decadência da burguesia?  A segunda crítica é de que a psicanálise é idealista. O autor se propõe assim a demonstrar que a dialética está presente na psicanálise.

Os conhecimentos materialistas da psicanálise e algumas interpretações idealistas.

        Nesta segunda introdução, Reich basicamente põe a questão: seria a psique material? O autor refuta os chamados materialistas mecanicistas, como Feuerbach, que antecederam Marx, que trabalhavam a psique como algo metafísico, decorrendo daí a conclusão de uma impossibilidade de uma psicologia materialista. Para explicar melhor a crítica, Reich cita Marx, quando diz que os materialistas mecanicistas consideram o mundo “objetivo” apenas como forma de objeto ou de intuição, e não como sujeito a atividade humana, como “práxis”.  Uma importante ponderação do autor que inclusive justifica sua investigação é que, se caso a psique for metafísica, então que se desfaçam os conceitos de consciência de classe e de ideologia, pois tampouco podem ser trabalhados no materialismo histórico.         

A teoria psicanalítica das funções.

        O texto expõe o desenvolvimento da teoria psicanalítica das pulsões, segundo a qual o indivíduo, desde o seu nascimento, é movido por duas pulsões básicas “psicologicamente indivisíveis”: a pulsão sexual e a pulsão de nutrição (Fome e Amor)- todo o resto derivaria disso.  O desenvolvimento do indivíduo se daria na constante contradição entre a “pulsão de Eros”, que englobaria a pulsão sexual e a pulsão de nutrição(considerada aí como amor-de-si), e a pulsão de morte, que aparece mais tardiamente na vida, mediante a insatisfação das pulsões básicas(Essa pulsão de morte é mais dificilmente materialmente comprovada). A dialética está presente na psicanálise primeiramente é demonstrada a partir desse conceito, no qual a vida psíquica de alguém se desenvolve a partir da contradição entre a expansão(promovida pela satisfação das necessidades e pelo prazer) e o retraimento(promovido pela insatisfação das necessidades e pelo desprazer.)

        O segundo ponto tratado no capítulo diz respeito à relação também dialética entre o princípio do prazer(que fundamenta essas duas pulsões), que leva o organismo justamente a buscar tudo que é prazer e repelir tudo que é desprazer; e o chamado princípio da realidade, que pode ser mais entendido como de adequação à realidade, que não só impede o indivíduo que siga suas pulsões, como também as modifica, na medida em que o indivíduo busca substituir suas necessidades por outras que pode alcançar(aí está a dialética). A crítica que Reich já tece à psicanálise é com respeito a seu conformismo quanto a essa “realidade” do princípio de realidade, que já é considerada como dada, mas que a partir do marxismo se poderia entender que é fruto da dominação burguesa, que impõe uma moral e um regime econômico que convém à sua permanência na dominação e à submissão do proletariado.  Essa realidade que se choca com o princípio do prazer, no caso, seria a sociedade capitalista.

A teoria do inconsciente e do recalcamento

Neste capítulo Reich explica a descoberta de freud do insconsciente, que é um terceiro sistema psíquico que dispomos(os outros são o pré-consciente e o consciente), que se caracteriza por não poder tornar-se consiciente, por ser estratégicamente ignorado pela criança para que ela própria possa dar conta de submeter suas pulsões às restrições sociais. Depois disso, Reich explica que esses sistemas são construidos materialmente e não metafísicamente, que na teoria de Freud o mundo não é metafísico, ou uma construção do eu, mas, ao contrário o "Eu" é construido pelo mundo, como resposta necessária a questões materiais da vida do indivíduo. Outra questão abordada é a inexistência de uma moral metafísica, a psicanálise "demonstra" a moral como algo trabalhado pela sociedade, e impede a filosofia de pensá-la como além desta, apesar de que muitos psicanalistas, por se incomodarem com essa proposição, buscam conciliar a psicanálise com a moral e com Deus. Por fim, o autor explica que na psicanálise, o indivíduo é produzido e trabalhado pela sociedade, assim como em Engels. O marxismo também afirma o papel da circunstancia na produção do indivíduo, porém, não tem conhecimento de como isso se dá, e é isso que a pssicanálise pode responder: isso se dá sobretudo através da família, que é a primeira sociedade com a qual o indivíduo lida, e depende da estrutura econômica em cima de qual a família está. 

A dialética do psiquismo

Neste capítulo, Reich primeiramente expõe os 7 princípios básicos da dialética materialista, dos quais se evidenciam que (1) a dialética materialista se opõe à Hegeliana, por considerar que a dialética não está só no pensamento, mas em tudo (2) a dialética parte da ideia de que há contradição em tudo, de que no germe de tudo que nasce está o que vai destruí-lo e (3) que é através dessas contradições que tudo se desenvolve. A partir dessa exposição, Reich demonstra o quanto a psicanálise analisa de forma dialética o psiquismo, considerando que tudo está em constante transformação(sendo que o antigo sempre aparece sob  outra forma; o novo sempre traz algo de antigo e tudo que se vai, se vai por conta de um conflito entre opostos.) Um mesmo evento apresentado ao analista contém em si a sua pulsão original, o seu recalcamento e a sua nova aparição junto a sua defesa. Sendo assim, pode-se dizer que a psicanálise faz uma análise completamente dialética. A psicanálise pode servir, segundo Reich, para a compreensão de como "a existência material se transpõe ao pensamento do indivíduo", para ligar esses dois extremos da teoria marxista. Mas para isso, ela tem que por em questão o quadro econômico e social no qual se desenrola a única coisa que parece ser perene na teoria psicanalítica: o complexo de Édipo. Reich defende que esse complexo não pode ser visto como universal ou natural, se não se acreditaria justamente que a vida social sempre se deu e sempre se dará como está, e assim não seria fruto de circunstância alguma- essa concepção seria absolutamente metafísica e nada dialética. Para contrapor o argumento, Reich cita os trabalhos de etnológos como Malinowski, que questionam a universalidade do complexo de Édipo, sobretudo com base nas experiencias de sociedades matriarcais. Para Reich o complexo de Édipo é algo que surgiu.

A posição sociológica da psicanálise

Neste capítulo, Reich busca analisar brevemente a psicanalise de forma sociológica. É, assim como o marxismo, uma ciencia oriunda de um membro da burguesia, mas que se contrapõe a esta e que não advém das suas bases materiais, e pela mesma razão é refutada. Enquanto o marxismo significa uma tomada da consciência das leis economicas que regem a sociedade, ou seja, a consciencia de que uma maioria explora uma minoria; a psicanálise é a tomada de consciência da repressão sexual a que se esta exposto na sociedade burguesa. Reich coloca o problema já colocado por Freud a respeito da psicanálise- ou ela será incorporada ou destruida. Na sequência ele já aponta pra várias perdas da psicanálise para a moral burguesa, principalmente a partir do livro "o eu e os infra-eus" que voltam a erguer "algo de superior" no homem e a libido e a teoria sexual são cada vez mais empurradas para o lado. Segundo o autor, isso ocorre por conta do próprio mecanismo de defesa evidenciado pela psicanálise: o recalcamento sexual dos próprios cientistas. Por fim o autor aponta que a psicanálise só é plenamente possível no socialismo, livre da moral burguesa. 

O texto também explica de forma um pouco mais detalhada de que forma a burguesia, após fazer sua transformação ao capitalismo, abriu mão de suas transformações relativas à moral e se aliou à igreja para valer-se da moral cristã na repressão do proletariado; e de que forma essa moral se reconfigurou na ordem capitalista e, paulatinamente, os problemas psíquicos foram atingindo mais e mais a classe proletária.

A aplicação da Psicanálise à pesquisa histórica.

        Neste capítulo Reich basicamente defende que não se pode fazer sociologia através da psicanálise, porque isso conduz necessariamente a explicações metafísicas da sociedade, desviadas da estrutura material. O método da psicanálise não pode ser estendido à sociologia, mas os conhecimentos a respeito do indivíduo podem ser úteis para a explicação de como a realidade material se transforma em ideologia na cabeça dos indivíduos.  A psicanálise é sim materialista dialética e também o é a sociologia marxista, mas daí não decorre que uma se extende à outra, e que as reações das massas podem ser explicadas pelos traumas familiares(como se o cerne de uma greve fosse a revolta contra o pai.). A sociedade não tem psique, não tem inconsciente, o que ela tem, e isso a sociologia e a economia marxista puderam explicar, são modos de produção e de economia nas quais se baseiam. A direção da pesquisa deve ser contrária, na pesquisa de Reich: Não explicar a razão infantil ou de qualquer natureza humana em uma greve, pois isso seria metafísico  e contradiria a raiz econômica material da greve; deve-se entender que a estrutura familiar que impede a greve,  que leva à conformação e que trava o processo sociológico de superação do capitalismo; decorre de um determinado modo de produção- Capitalista com economia privada, e assim serve à manutenção desse sistema com sua repressão sexual e sua moral.

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