Resumo do Artigo Vínculo Materno e Paterno Precoce
Por: cecikia • 30/1/2024 • Abstract • 1.737 Palavras (7 Páginas) • 50 Visualizações
A psicopatia é um distúrbio de personalidade que se manifesta por meio de uma combinação de características, abrangendo aspectos interpessoais-afetivos, como manipulação, falta de afeto e emoção, bem como traços anti-sociais, como impulsividade e agressão, como descrito por Hare (2003). Os psicopatas prisionais do sexo masculino tendem a ter um histórico de influências familiares negativas (por exemplo, abuso, negligência, supervisãodeficiente) em comparação com prisioneiros não psicopatas (Marshall & Cooke, 1999).
O vínculo parental emerge como um construto psicossocial pouco explorado, mas relevante para a compreensão da psicopatia. Um estudo clássico de Bowlby (1969) revelou que a privação materna contribui para uma condição denominada "psicopatia sem afeto" em delinquentes juvenis do sexo masculino. No entanto, Rutter (1982) argumenta que a ênfase exclusiva na mãe pode ser enganosa, destacando a importância do vínculo com a figura paterna. Ele também sugere um "período crítico" entre 6 meses e 2–3 anos de idade, durante o qual o estabelecimento do vínculo é particularmente crucial.
Método
Participantes
Os participantes consistiram numa subamostra de 333 participantes (203 homens, 130 mulheres) que foram aleatoriamente derivados de uma amostra maior de 1795 crianças da ilha das Maurícias (uma ilha tropical situada no Oceano Índico entre a África e a Índia). Todas as crianças nascidas em 1969 ou 1970 em duas cidades da ilha foram recrutadas para o estudo aos 3 anos de idade. As duas localidades (Vacoas e Quatre Bornes) foram escolhidas por serem representativas da distribuição étnica de toda a ilha.
A repartição étnica da subamostra foi a seguinte: Crioulos 25,7%, Hindus 38,9%, Muçulmanos 19,5%, Tamil 10,0% e outros (chineses, ingleses, franceses e etnicamente não identificados) 5,9%. Isto corresponde muito de perto à distribuição étnica da amostra completa. Os incluídos nesta fase de teste não diferiram da amostra não testada na ocupação parental [t=1,35, graus de liberdade (df)=1783,p=0,19], etnia (χ2=0,06, df=4,p=0,81) ou um índice abrangente de adversidade social de 3 anos de idade (veja detalhes abaixo; Rainee outros. 2002b) (t=0,04, df=1793,p=0,66), mas teve maior representação do sexo masculino (χ2=13,7, df=1,p<0,001).
Medidas ( 28 anos de idade)
A avaliação do vínculo parental foi conduzida através do PBI (Inventário de Parentalidade de Parker e outros, 1979), uma medida internacionalmente utilizada para avaliar cuidado parental e superproteção (Qadir e outros, 2005; Uji e outros, 2006). O instrumento inclui uma escala de cuidados com 12 itens, abordando aspectos como a comunicação afetuosa, compreensão dos problemas e carinho. Além disso, há uma escala de superproteção com 13 itens, que aborda comportamentos como controle excessivo, invasão de privacidade e superproteção. Participantes avaliaram essas declarações em uma escala Likert de quatro pontos (0 = muito diferente, 1 = moderadamente diferente, 2 = gosto moderadamente e 3 = gosto muito) referente ao comportamento de seus pais durante os primeiros 16 anos de vida. As classificações foram obtidas tanto para o comportamento da mãe quanto do pai (ou cuidadores masculinos e femininos, caso fossem distintos dos pais). O PBI demonstrou consistência interna e confiabilidade teste-reteste satisfatórias, com coeficientes alfa variando de 0,67 a 0,75, indicando uma confiabilidade moderada para os escores das subescalas nesta amostra.
Abuso físico na infância- Abuso físico na infância foi avaliado por meio de uma versão modificada da Escala de Táticas de Conflito (Straus, 1979). Essa medida de autorrelato, validada em relação a adultos abusados fisicamente 20 anos antes, demonstrou boa validade discriminante e preditiva por meio de relatórios judiciais oficiais de abuso infantil (Widom & Shepard, 1996). A avaliação do abuso foi limitada a eventos ocorridos antes do final do ensino fundamental, considerando a importância do trauma precoce na influência do desenvolvimento comportamental (Teicher e outros, 1997). Os participantes responderam a declarações em uma escala Likert de seis pontos (0=nunca, 1=uma vez, 2=duas vezes, 3=às vezes, 4=frequentemente e 5=na maioria das vezes) sobre o comportamento dos pais durante desentendimentos. Uma pontuação total para abuso físico grave (cinco itens, incluindo chute, espancamento, queimadura ou escaldamento, ameaça com faca/arma, uso de faca/arma) foi calculada para avaliar formas significativas de abuso físico (Straus & Gelles, 1990). Nessa medida, 43% da amostra pontuaram 1 ou mais. O coeficiente alfa para o abuso físico muito grave foi de 0,74.
Psicopatia- A personalidade psicopática foi avaliada por meio da Escala de Autorrelato de Psicopatia de Hare (SRP-II) (Hare, 1985), uma versão de 60 itens da Lista de Verificação de Psicopatia - Revisada (PCL-R) (Hare, 1991a, 2003). Análises fatoriais tanto do PCL-R quanto do SRP-II revelaram uma estrutura de dois fatores (Harpur e outros, 1988, 1989; Lebre, 1991a,b), corroborada por Williams e Paulhus (2004) para o SRP-II. O Fator 1 (desapego emocional) abrange características como insensibilidade, falta de empatia, charme superficial e grandiosidade, associado à baixa ansiedade. O Fator 2 (comportamento desviante) avalia comportamentos anti-sociais, incluindo impulsividade, irresponsabilidade e busca de emoção, correlacionando-se com o transtorno de personalidade antissocial (Harpur e outros, 1989).
Separação dos pais nos primeiros 3 anos de vida (3 anos)
Aos 3 anos de idade, assistentes sociais visitaram as casas de todas as crianças para realizar uma entrevista psicossocial detalhada com o cuidador principal sobre as circunstâncias da criança (Raine e outros. 2002b). Incluída na entrevista estruturada estava uma avaliação sobre se a criança foi separada de ambos os pais antes dos 3 anos de idade (sendo órfã ou criada por uma mãe substituta). Da amostra de 333, seis (dois homens e quatro mulheres, 1,8%) enquadraram-se nesta categoria. Homens e mulheres não diferiram no nível de separação (χ2=1,912, df=1, p=0,167).
Adversidade social (idade 3 anos)
Os dados de adversidades sociais foram coletados por assistentes sociais durante visitas domiciliares. Um índice, seguindo padrões da literatura anterior (Rutter, 1978; Moffitt, 1990), foi desenvolvido com base em oito variáveis, detalhado por Rainee e outros (2002b). A pontuação total de adversidade foi calculada atribuindo 1 ponto para cada uma das seguintes oito variáveis: pai sem escolaridade, mãe sem escolaridade,
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