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Resumo psicodiagnóstico

Por:   •  23/11/2015  •  Resenha  •  1.118 Palavras (5 Páginas)  •  265 Visualizações

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O processo psicodiagnóstico

A concepção do processo psicodiagnóstico é relativamente nova. Tradicionalmente era considerado “a partir de fora”, como uma situação em que o psicólogo aplica um teste em alguém, e era nesses termos que se fazia o encaminhamento. Em alguns casos especificava-se, como “fazer um Rorschach” ou “aplicar um desiderativo” em alguém.

O psicólogo sentia sua tarefa como o cumprimento de uma solicitação com as características de uma demanda a ser satisfeita seguindo os passos e utilizando os instrumentos indicados por outros. O objetivo fundamental de seu contato com o paciente era a investigação do que este faz frente aos estímulos apresentados. Atuava como alguém que aprendeu, o melhor que pôde, a aplicar um teste. O paciente representava alguém cuja a presença é imprescindível, alguém que colabora docilmente, mas que só interessa como objeto parcial. Tudo que se desviasse deste propósito ou interferisse em seu sucesso era considerado como uma perturbação que afeta e complica o trabalho.

Terminada a aplicação do último teste, em geral, despedia-se o paciente e enviava-se ao remetente um informe elaborado com enfoque atomizado. Este tipo de informe psicológico funciona como uma prestação de contas do psicólogo ao outro profissional e são uma fria enumeração de dados, traços, fórmulas, etc. frequentemente não integrados numa Gestalt que apreenda o essencial da personalidade do paciente e permita evidenciá-lo.

O psicólogo trabalhou durante muito tempo com a maior distância possível em relação a seu paciente a fim de estabelecer um vínculo afetivo que não lhe impeça de trabalhar com a tranquilidade e a objetividade necessárias.

A não indagação de tudo o que se referia ao sistema comunicacional dinâmico aumentava a distância entre o psicólogo e o paciente e diminuía a possibilidade de vivenciar a angustia que tal relação pode despertar. Utilizavam-se testes como se eles constituíssem em si mesmos os objetivos do psicodiagnóstico e como um escudo entre o profissional e o paciente.

Muitos experimentaram o desejo de aproximação autentica com o paciente. Para pô-lo em prática, tiveram que abandonar o modelo médico enfrentando por um lado a desproteção, e por outro, a sobrecarga afetiva pelos depósitos de que eram objeto, sem estarem preparados para isso. O resultado era uma contra-identificação projetiva com o paciente inconveniente porque interferia em seu trabalho.

A técnica entrevista livre foi supervalorizada enquanto era relegado a um segundo plano o valor dos testes, embora fosse para isso que ele estivesse mais preparado.

Se um psicólogo deve fazer um psicodiagnóstico, o enquadramento não pode ser esse: ele dispõe de um tempo limitado; a duração excessiva do processo torna-se prejudicial; se não colocam limites às rejeições, bloqueios e atrasos, o trabalho fracassa e este deve ser protegido por todos os meios. Em relação à técnica de entrevista livre ou totalmente aberta, se adotamos o modelo do psicanalista devemos deixar que o paciente fale o que quiser e quando quiser, isto é, respeitar seu timing. Mas, com isto cairemos numa confusão: não dispomos de tempo ilimitado, portanto, aceitar silêncios muito prolongados, lacunas totais em temas fundamentais, insistência em um mesmo tema, etc. é funcionar com uma identidade alheia e romper o próprio enquadramento.

Assim como uma vez teve que se rebelar contra sua própria tendência a ser um aplicador de testes, submetido a um modelo de trabalho frio, desumanizado, atomizado e superdetalhista, também chegou um momento em que teve que definir suas semelhanças e diferenças em relação ao terapeuta psicanalítico.

A aproximação entre a tarefa psicodiagnóstica e a teoria e a técnica psicanalíticas realizou-se por um esforço mútuo. Se o psicólogo trabalha com seu próprio marco de referência, o psicanalista deposita mais confiança e esperanças na correção e na utilidade da informação que recebe dele.

O psicólogo buscou figuras boas para se identificar, aderiu ingênua e drasticamente a certa ideologia e identificou-se introjetivamente com outros profissionais que funcionaram como imagens parentais, até que pôde questionar-se, às vezes com crueldade excessiva.

Caracterização do processo diagnóstico

Institucionalmente, o processo psicodiagnóstico configura uma situação com papéis bem definidos e com um contrato no qual uma pessoa pede que a ajudem, e a outra aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo na medida de suas possibilidades. É uma situação bi-pessoal, de duração profunda e completa possível, da personalidade total do paciente ou do grupo familiar. Enfatiza também a sintomatologia e as características da indicação. Abrange os aspectos passados, presentes e futuros desta personalidade, utilizando certas técnicas para alcançar tais objetivos.

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