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SOCIEDADE PÓS MODERNA

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Por:   •  9/3/2014  •  958 Palavras (4 Páginas)  •  371 Visualizações

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A SOCIALIDADE PÓS-MODERNA EM GESTAÇÃO

SEGUNDO O PENSADOR MICHEL MAFFESOLI.

Adilson Schultz

Nos seus livros No tempo das tribos e No fundo das aparências, o pensador Michel

Maffesoli descreve o espírito “pós-moderno” que vem mudando o mundo nas últimas

décadas. Trata-se não exatamente de uma nova época ou de um novo tempo, mas de uma um

outro espírito para esse tempo. O autor fala de um clima neotribalista que vem modificando

nossas relações sociais, forjado num desejo de aproximação não tanto por interesses a longo

prazo e grandes contratos sociais ideológicos, mas por afeto imediato.

Segundo Maffesoli, uma espécie de nebulosa neotribalista paira em toda a sociedade,

suscitando novas relações e reelaborando questões clássicas como indivíduo, afetividade,

instituições, educação, entre outras. Interessa não tanto mais o indivíduo, mas as relações

entre as pessoas. No amor, não mais o príncipe encantado ou a cinderela, mas uma boa

relação. Não mais ter uma identidade clara, mas compor-se a partir de múltiplas

identificações. Não somos mais indivíduos com uma função maquínico-social a cumprir, mas

pessoas com vários papéis a desempenhar.

Para entender a nova ordem neotribalista em gestação, Michel Maffesoli prefere

substituir o termo sociedade por socialidade. Veja como ele diferencia os termos no livro No

tempo das tribos:

“Enquanto a primeira [sociedade] privilegia os indivíduos e suas associações

contratuais e racionais, a segunda [socialidade] vai acentuar a dimensão afetiva e

sensível. De um lado está o social que tem uma consistência própria, uma

estratégia e uma finalidade. Do outro lado, a massa onde se cristalizam as

agregações de toda ordem, tênues, efêmeras, de contornos indefinidos”.

“O social repousa na associação racional de indivíduos que têm uma identidade

precisa e uma existência autônoma; a socialidade, por sua vez, se fundamenta na

ambigüidade básica da estruturação simbólica.”

O que forma o grupo e suas relações, seguirá Maffesoli, aquilo que agrega, é o que ele

denomina simplesmente de desejo-de-estar-juntos - e de preferência à toa, sem obrigação. Os

grupos não são tanto contratuais, mas afetuais, no sentido de que não respondem mais a

objetivos a longo prazo, mas à realização imediata. O que agrega é uma espécie de destino

comum, e não a utilidade do grupo.

Não obstante a aparente relativização dos objetivos a longo prazo, este micro-grupo

neotribal manifesta uma vontade/busca de realização imediata que podem ser profundamente

transformadoras. Esta ênfase no presente não é sinônimo de falta de projeto, de imperfeição.

Pelo contrário: ela é cheia de qualidades. As relações dentro da tribo podem não ser eficazes

no sentido de planejar para o futuro, mas são intensas no que tange à organização da vida

diária. Há uma perspectiva ex-tensiva comum da modernidade versus outra in-tensiva, que se

aplica perfeitamente aí. Esse neotribalismo baseado na afetividade e no curtir o momento

pode ser tomado como uma reação social à cultura de massas. O pequeno grupo, a tribo,

reestrutura ou restaura a eficácia simbólica perdida na massa. Agora é o grupo que faz a

minha cabeça.

Mas como a pertença a um grupo incide sobre as pessoas? Segundo Maffesoli, na

socialidade não caberia a pergunta pela função do grupo, mas pelo papel do grupo. Ele

distingue a concepção de indivíduo como entendido na sociedade moderna, da concepção de

pessoa entendida na socialidade neotribal. Qual é a diferença? No neotribalismo, as pessoas e

os grupos não são engrenagens de uma máquina que funciona para produzir determinada

coisa, para ser útil; melhor é pensar em alguém desempenhando um papel, como numa peça

teatral. Quem desempenha um papel pode estabelecer interações com as outras pessoas ou

grupos. Se uma peça de uma máquina falhar, se ela não cumprir sua função, está fora, e é

substituída. Essa é a compreensão clássica do indivíduo na modernidade. Já como numa peça

teatral, não há propriamente falhas; cada interpretação é única e diferente da outra. É a

experiência relacional que prevalece, e não exatamente o que eu vou aproveitar ou usar dessa

experiência. Ou seja: nos grupos neotribais

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