Saude Mental Infantil
Por: suellenmaanjos • 18/5/2015 • Trabalho acadêmico • 2.842 Palavras (12 Páginas) • 450 Visualizações
A SAÚDE MENTAL INFANTIL NO BRASIL
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu fatores que podem provocar a deficiência da saúde mental infantil, sendo o principal deles a desigualdade entre os grupos populacionais, perpassados por todas as fases da infância desde o período pré-natal à fatores contextuais presentes em todo desenvolvimento humano (ASSIS; AVANCI; OLIVEIRA, 2009). Considerando que no mundo 10% a 20% de crianças apresentem um transtorno psiquiátrico, há poucos estudos sobre essa temática no Brasil. Justifica-se esta situação pelo histórico da saúde mental no país, que apenas a partir do século XIX começaram a surgir teses de psiquiatria e psicologia focados em adultos em hospícios (RIBEIRO, 2006). Para Couto, Duarte e Delgado (2008) um dos fatores responsáveis pelo atraso da inclusão da saúde mental infantil nas políticas públicas se refere aos variados tipos de transtornos globais presentes na infância e adolescência, como autismo, transtornos de conduta, hiperatividade, depressão e transtornos de ansiedade, estes que para a formulação de um diagnóstico exigem a avaliação do indivíduo incluindo seus familiares, professores e/ou responsáveis.
Outro fator decorrente deste atraso foi o reconhecimento da Psicologia como profissão em apenas em 1962, focado ainda em psicoterapias. Os psicólogos adentraram no campo da saúde pública com o PISAM (Programa Integrado de Saúde Mental) em 1977. As diretrizes deste programa contemplavam a saúde primária, integração da saúde mental nas atividades básicas de saúde, utilização de leitos em hospitais gerais e a integração de profissionais não-médicos, incluindo os psicólogos que eram destinados a atender apenas os neuróticos e crianças (FERREIRA NETO, 2008).
A partir da Constituição Brasileira de 1988, que assegura os direitos entendidos como fundamentais para o desenvolvimento humano, foram desenvolvidos dispositivos que pudessem assegurar ao ser humano acesso à saúde como por exemplo a elaboração da Lei 8080 de 1990 que dispõe sobre as condições para recuperação e promoção de saúde e que, institui o SUS – Sistema Único de Saúde com a função de prover ações em saúde mental baseado na integralidade.
Na década de 1980 surge no Brasil os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), sendo regulamentado pelas portarias do Ministério da Saúde apenas em 2002. Foi neste mesmo ano que foram propostos os CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenis) - pertencentes às gestões municipais – sendo estes compostos por equipes multiprofissionais contendo no mínimo um profissional de cada área: psiquiatria, neurologia, pediatria com foco em saúde mental infantil, enfermagem, e mais quatro profissionais dentre estas áreas: psicologia, assistência social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e pedagogo, e outros cinco profissionais de nível médio de ensino. Este serviço é concebido como um dispositivo aberto de assistência à crianças e adolescentes e suas famílias, assegurando as necessidades subjetivas de cada paciente, com a função de promover saúde mental. Quanto à formação de equipes multidisciplinares, esta prática visa estudar um objeto/fenômeno a partir de diversos pontos de vista, olhando sob suas perspectivas, no caso da saúde mental, o sofrimento psíquico (FERREIRA NETO, 2008).
Outro serviço de saúde mental adulto e infantil são as clínicas-escolas de algumas universidades, que oferecem atendimentos gratuitos para a comunidade, sendo esta constituída por professores que orientam em forma de supervisão os estudantes/ou profissionais em formação. Estes alunos – ou estagiários - atendem geralmente na modalidade de psicoterapias, sendo estas de diferentes abordagens.
AS ETAPAS DA PSICOTERAPIA INFANTIL
Na psicoterapias com crianças, a busca do serviço é em decorrência de comportamentos desadaptativos à realidade, e geralmente quem os encaminha para o atendimento são os pais – ou algum outro profissional (STÜMER; RUARO; SARAIVA, 2009) geralmente o sofrimento psíquico e a angústia está primeiro nos genitores, que temem que seus filhos possam ser incapazes de se desenvolverem normalmente, ou devido a uma parcela de culpa simbólica frente a patologia de seus filhos (GLENN; LAWRENCE; BERNSTEIN, 1996). Por este motivo, considerando que a criança não faz a busca espontânea, a participação dos responsáveis legais no tratamento é imprescindível.
O impacto de ter um filho que necessita de ajuda terapêutica pode ser doloroso e coloca a família frente a diversas emoções, como surpresa, decepção, raiva, ou tristeza. Frente a esta situação o psicólogo precisa ser sensível aos sentimentos que possam surgir nos pais e família durante o processo terapêutico, e manter uma postura empática e de tolerância, pois os pais não só atuam como responsáveis pela manutenção formal do processo, como transporte e pagamentos, mas também participam ativamente na psicoterapia, criando laços com o terapeuta, sendo estes laços um dos pilares que sustentam e encaminham a psicoterapia para o alcance dos seus objetivos. Diversos autores afirmam que os pais tem influência direta sobre a técnica empregada, logo a confiança entre terapeuta e os pais são cruciais para obtenção de informações do histórico de vida da criança, o desempenho da criança fora do setting terapêutico, e a realização de uma escuta do sofrimento dos pais em ter uma criança em uma condição de saúde mental prejudicada (STÜRNER; RUARO; SARAIVA, 2009).
A PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA INFANTIL
A psicoterapia infantil analítica foi descoberta por Freud, em uma observação de seu neto, Ernest. Este, ao brincar com um carretel em movimentos de jogá-lo para longe (fort) e para perto (da),estava transformando sua experiência de separação da mãe (simbolizada pelo carretel) em um jogo, onde ele poderia conduzir e simbolizar a realidade. Esta observação pode ser considerada como o marco para o início ao trabalho terapêutico da Psicanálise Infantil, onde a compreensão das ansiedades e angústias infantis é possível por meio do brincar (STÜMER, 2009). Em 1908, Hermine Von Hugh-Hellmuth tornou-se a primeira psicanalista de crianças. Posteriormente, surgiram duas grandes psicanalistas infantis: Melanie Klein e Anna Freud. Havia muitas discordâncias entre suas teorias:
Melanie Klein criou a Teoria das Relações Objetais, que consiste num modelo de aparelho psíquico que supõe uma relação Objetal desde o início da vida, e a internalização deste objeto proporcionará fantasias que posteriormente não corresponderão aos objetos do mundo exterior da criança. Considerava o brincar infantil
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