Seminário de Psico Social II
Por: Marina Murari Silva • 1/12/2018 • Seminário • 1.699 Palavras (7 Páginas) • 205 Visualizações
- O Agressor
De acordo com o artigo a análise do perfil dos agressores nos permitiu separar algumas evidencias:
A idade dos mesmos variou entre 18 e 66 anos, prevalecendo a faixa etária adulta jovem, sendo a maior representação na faixa dos 20 a 29 anos (45,4%), seguida de 40 a 49 anos (22,3%), adolescentes (3,8%), e idosos (0,8%). A maioria (76,1%) era casado ou vivia em união estável, 18,5% era solteiro e 5,4% separado.
Dentro da pesquisa evidenciou-se que dentre os agressores detidos, 90% eram alfabetizados, entretanto, prevaleceu-se a baixa escolaridade, onde 80% possuíam ensino fundamental, 7,7% ensino médio e apenas 2,3% ensino superior. O analfabetismo foi observado em 10% dos casos.
Em 82,4% os agressores exerciam algum tipo de trabalho remunerado, 3,8% eram aposentados, 12,3% encontravam-se desempregados, e 1,5% eram estudantes e não possuíam trabalho ou renda própria.
Observou-se que 70,8% dos agressores detidos não possuíam registros policiais anteriores, porém, 29,2% já apresentavam casos ou relatos de outras passagens junto aos serviços de polícia.
A pesquisa evidenciou que para a concessão de liberdade provisória, 89,3% dos agressores pagaram fiança; 6,9% não pagaram e, em 3,8% dos casos a informação não constava nos processos.
As mulheres vítimas tinham entre 9 a 77 anos, porém, a maior incidência ocorreu entre as adultas jovens de 20 a 59 anos. 93,1% delas eram alfabetizadas, prevalecendo a baixa escolaridade. 65,4% eram, financeiramente, dependentes do agressor. Em 60% dos casos foi a própria vítima quem acionou a polícia no ato da violência.
Observa-se que a residência foi o local onde os homens mais cometeram a violência (84,6%). Em 97,7% dos casos a violência praticada foi caracterizada como intrafamiliar, uma vez que foi desferida contra mulheres com quem os agressores mantinham vínculo familiar. 70% dos agressores praticaram um único tipo de violência, enquanto que 30% executaram de dois a três tipos simultaneamente. A violência física foi cometida por 61,6% dos agressores detidos, sendo praticada isoladamente em 36,2% e associada outros tipos em 25,4%. O segundo tipo isolado mais praticado foi a psicológica com 27,7%.
De acordo com a análise da relação do agressor com a vítima denota que o marido/companheiro foi, isoladamente, o que mais agrediu (61,5%). Em segundo lugar aparece o ex-marido/companheiro (15,4%), seguido dos filhos (8,5%).
Os maridos/companheiros e ex-maridos/companheiros praticaram mais violência física (40%) e psicológica (27,5%); os filhos cometeram violência psicológica (45,4%), bem como a física e psicológica, associadas (36,4%). Os irmãos executaram em maior quantidade violência física e psicológica, associadas (40%). O pai efetuou mais a física (50%), seguida da sexual (25%). O padrasto a física (50%), seguida da psicológica (50%). Entre os agressores sem relação parental observou-se que os conhecidos cometeram, exclusivamente, violência sexual (100%), os desconhecidos física (50%) e sexual (50%).
A pesquisa observou à partir dos resultados que 70,8% dos agressores faziam uso de uma ou mais substâncias lícitas ou ilícitas. O consumo de álcool foi encontrado em 60% dos casos e, associado a outras drogas como maconha, cocaína e crack em 7,7%. O uso de drogas isoladas foi observado em 3,1%.
A relação do consumo de substâncias com o tipo de violência evidenciou que os agressores que consumiram somente álcool praticaram mais violência física (39,7%); os que ingeriram álcool e drogas associados cometeram mais violência psicológica (30%); e os usuários de drogas isoladas cometeram mais a psicológica (75%).
Conclusão: Diante a verificação destes dados, nos permitiu concluir que os agressores detidos pela prática de violência contra mulheres são, exclusivamente do sexo masculino, com predomínio de adultos jovens, casados, de baixa escolaridade e com trabalho remunerado. O direito à liberdade provisória, na maioria das vezes, quando ocorrem, é obtido com pagamento de fiança. Os agressores detidos eram sua maioria maridos ou companheiros que praticaram, principalmente, a violência física contra mulheres (companheiras) dentro do espaço doméstico.
Um proporção significativa deles já haviam sido denunciados anteriormente, especialmente, por outras violências contra a mulher. Porém, as denúncias feitas contra eles, eram na maioria das vezes insuficientes para a interrupção do ciclo da violência contra as mulheres, uma vez que mesmo após terem sido denunciados mantiveram o comportamento violento, motivo esse pelo qual houve sucessivas denúncias da violência.
- A Mulher
Sabemos que a violência contra a mulher é uma das mais difíceis de ser prevenida e evitada, pois a maioria das mulheres vítimas de seus companheiros mantem-se no relacionamento por muito tempo. À partir do artigo “Os motivos que mantêm as mulheres vítimas de violência no relacionamento violento” onde é realizado um estudo, através do recolhimento e análise de relatos de mulheres que sofreram violência, pudemos verificar os principais motivos que levam as mulheres à se manterem em relacionamentos violentos.
O artigo apresenta que os principais motivos que levam as mulheres a manterem essas relações são: “a convivência com o medo, a dependência financeira e a submissão, até o momento em que decidem realizar a denúncia, e passam por cima do sentimento de pena do marido, do tempo de vida juntos e da anulação durante o relacionamento.”
Dentro dessa avaliação de porquê, não se deve esquecer que existem vários fatores, pois as relações devem ser percebidas não somente do ponto de vista individual, mas também dentro de um “contexto social de família, parentesco e afinidade, e de uma teoria das relações de gênero, em um momento histórico culturalmente em configuração”.
A violência numa relação afetivo-conjugal, muitas vezes acaba fazendo parte da relação de comunicação entre alguns casais, o que faz com que o relacionamento oscile entre o amor e a dor. Assim, atos de violência, sejam físicos, sexuais, emocionais ou psicológicos, são estabelecidos entre marido e mulher por meio de uma linguagem relacional.
Isso pode ser observado, por exemplo, quando as mulheres que sustentam suas casas falam que ao mesmo tempo querem se libertar da situação, mas ao mesmo tempo sente pena do marido, que está separado e não tem como se sustentar, como ela quem sustenta a casa. “Segundo Hoff (1991, apud CARDOSO, 1997), as teorias feministas relatam que as mulheres não são culpadas pela situação de violência, mas são responsáveis por buscar soluções para a situação vivenciada.”
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