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Sobre A Morte E O Morrer

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Por:   •  15/9/2014  •  7.185 Palavras (29 Páginas)  •  621 Visualizações

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Sobre a morte e o morrer

Autora: Elisabeth Kubler-RossTradução: Paulo Menezes

INTRODUÇÃO

Antigamente, a morte de crianças era freqüente e poucas eram as famílias que não tinham perdido um parente. A medicina progrediu nas últimas décadas. A vacinação erradicou muitas doenças, a quimioterapia e o uso de antibióticos, contribuiu para que diminuísse o número de casos de doenças infecciosas. Uma educação melhor ocasionou um baixo índice da mortalidade infantil. As várias doenças que disseminaram a população de jovens e adultos foram dominadas. Cresce o número de idosos, e com isto aumenta o número de vítimas de tumores e doenças crônicas. Aumentou o número de pacientes com distúrbios psicossomáticos e problemas de comportamento.

Os médicos cuidam de pacientes mais velhos que procuram não viver somente com suas limitações e habilidades físicas diminuídas, mas, também aprender a enfrentar a solidão e o isolamento em que vivem.

O livro “Sobre a morte e o morrer” tenta demonstrar na prática através de relatos de experiências reais às pessoas diversas situações em que indivíduos por algum motivo deparam com a morte, seja ele um moribundo ou um ente que acompanha o estágio final de alguém querido. Além destes relatos o livro faz comentários interessantes aos profissionais de saúde á equipe multiprofissional mais precisamente de como lidar com as diversas situações da morte em si.

Capítulo I

Sobre o temor da morte

As mudanças ocorridas nas últimas décadas são responsáveis pelo crescente medo de morrer, pelo aumento dos problemas emocionais e pela grande necessidade de compreender e lidar com os problemas da morte e do morrer. Em nosso inconsciente, a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos. É inconcebível morrer de causa natural ou idade avançada. A morte está ligada a uma ação má, a um acontecimento medonho.

A criança vê a morte como algo não permanente, quase não diferenciando de um divórcio entre seus pais. Quando crescemos e percebemos que nossos desejos mais fortes, não tem força suficiente para tornar possível o impossível, desaparece o medo de ter contribuído para a morte de um ente querido e, conseqüentemente some a culpa, mas, o medo de morrer permanece“escondido”, só enquanto não for fortemente despertado. Uma criança de cinco anos que perde a mãe tanto se culpa pelo desaparecimento dela, como se zanga porque ela a abandonou.

A morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal, mesmo sabendo que podemos dominá-lo algumas vezes. Quando permitimos que um paciente, termine seus dias no querido ambiente familiar, isto requer dele, uma melhor adaptação da morte. O fato de permitirem que as crianças continuem em casa, onde ocorreu uma desgraça, e participem da conversa, das discussões e dos temores, faz com que não se sintam sozinhas na dor.

Morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário e desumano. Morrer se torna um ato solitário e impessoal, porque o paciente é removido de seu ambiente familiar e levado ás pressas para uma sala de emergência. O caminho para o hospital é o primeiro capítulo da morte.

Quando um paciente está gravemente enfermo, é tratado como alguém sem direito a opinar. Quase sempre é outra pessoa quem decide sobre si, quando e onde um paciente deverá ser hospitalizado. Devemos lembrar que o doente também tem sentimentos, desejos, opiniões e acima de tudo, o direito de ser ouvido. Pouco a pouco, começa a ser tratado como um objeto. Decisões são tomadas sem o seu parecer.

O paciente está sofrendo bem mais, talvez não fisicamente, mas emocionalmente. Suas necessidades não mudaram através dos anos, mudou apenas nossa aptidão em satisfazê-las.

Capitulo II

Atitudes diante da morte e do morrer

O relacionamento humano e interpessoal vem perdendo cada vez mais espaço na nossa sociedade, sendo substituído pelo contato cada vez menor, concentrando seu valor nos números e nas massas do que no próprio indivíduo. Podemos observar essa tendência como o exemplo da substituição do contato entre o professor e o aluno, pelo ensino a distância, que atinge um número cada vez maior de pessoas de uma forma despersonalizada. O aluno é incentivado a desenvolver técnicas, e novas pesquisas, o relacionamento interpessoal muitas vezes não é enfatizado.

Com o avanço rápido da tecnologia e novas conquistas científicas, os homens tornaram-se capazes de desenvolver novas armas aumentando seu poder de destruição em massa, somos forçados a lidar com a morte em grande escala em várias oportunidades, onde não paramos para refletir sobre tal condição e muitas vezes em nosso subconsciente, agradecemos por não ter acontecido conosco. Não pensamos em nossa própria morte não somos capazes de enfrentar essa possibilidade.

Outro ponto relevante é a religião, antigamente as pessoas viam na morte uma possibilidade de redenção acreditavam que se sofressem na terra, sua morte seria um alívio, e também acreditavam na vida após a morte, uma vida melhor que na terra, hoje em dia a religião tem levado um número menor de adeptos que vão aos templos mais pelo encontro social do que pela própria crença. Em suma não estamos preparados para morrer, nem para lidar com a morte ao nosso redor simplesmente tentamos evitá-la, como se desse modo estivéssemos protegidos, seria melhor não falar sobre um tema que não nos é agradável, porém principalmente em nosso meio, da medicina, precisamos nos preparar para enfrentar tal situação.

Com o desenvolvimento de novas tratamentos, estamos prolongando cada vez mais a vida de nossos pacientes, sem a preocupação com o ser humano, mas com as máquinas que podem prolongar a vida. Juntamente com essa preocupação devemos nos ater ao paciente e na relação médico-paciente, fundamental para esse processo tão difícil de enfrentamento da morte.

Em contra partida o livro procura descrever atitudes das pessoas em fase terminal diante da morte e o morrer, procura relatar experiências pessoais extraindo dados que nos auxiliam na compreensão desse processo através da experiência pessoal de cada um que enfrenta tal condição.

Nesse processo, de entrevistas, foram relatadas inúmeras dificuldades pela autora, uma vez que a equipe médica não desenvolve o hábito de esclarecer o paciente sobre a sua real situação, muitas vezes se esquivando desses pacientes, como se essa atitude fosse diminuir tal sofrimento, e o que foi percebido foi justamente o contrário, os pacientes

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