Sobre a Morte e o Morrer
Por: Eriella • 19/8/2016 • Trabalho acadêmico • 1.995 Palavras (8 Páginas) • 765 Visualizações
Resenha do livro “Sobre a morte e o morrer”.
Referências: Kubler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes; 1985.
Elisabeth Kubler-Ross é uma psiquiatra que faz um estudo e acompanhamento de pacientes diante da morte, e através desses estudos ela observou o comportamento, relatando as observações e também as entrevistas. Ficou conhecida quando começou a falar sobre esses pacientes que estão fora de possibilidades de cura, ou como dizemos hoje, pacientes que estão em cuidados paliativos, são aquelas pessoas que receberam diagnostico de uma doença terminal. Sua obra aborda um tema de difícil aceitação como é o caso da morte e o morrer, bem como a oposição da família em aceitar o final, ao passo que surge os conflitos de médicos, enfermeiras e outros envolvidos no contexto, que impede uma boa receptividade da mortalidade iminente, implicando em crescente ansiedade diante da morte. Em linguagem simples e clara, encontram-se as discussões sobre o assunto, fartamente ilustradas por entrevistas ocorridas nesses seminários. Na primeira sessão, a autora aponta como as inovações tecnológicas afetavam o manejo com esses pacientes. A urgência em tratar e restaurar a vida restringiu a autonomia dos pacientes. Na segunda sessão, analisa as atitudes diante da morte e do morrer afirmando que nossa sociedade é propensa a evitar a morte, mas, sobretudo a ignorá- la. Na terceira sessão são exemplificadas as dificuldades dos profissionais, especialmente médicos, sobre a falar a verdade ao paciente. Para Ross a negação dos pacientes está intimamente ligada à do médico. Afirma que a reação do doente diante da condição ameaçadora não depende apenas da transmissão da notícia difícil, mas que a comunicação deveria receber especial atenção na formação médica e na supervisão dos residentes. Tais pacientes são indiretamente afastados e excluídos do convívio das outras pessoas, até os próprios médicos deixaram esses pacientes, por não ter mais possibilidade de tratamento e que já não existe mais a possibilidade de se da vida aquela pessoa, então o que resta é a pessoa esperar pela morte. Neste momento é de suma importância que o médico não lhe esconda suas verdades, mas sim que façam das esperanças dos pacientes as suas, para que assim ele possa se sentir acalentado. Elisabeth veio nos dizer então, porque não fazer dessa morte algo bom, algo bonito! Esse livro surgiu de seminários que a Elisabeth ministrou no hospital que ela trabalhava, ela sempre trabalhou com esses pacientes e alguns alunos a procuraram desejando estudar esse assunto e aí foi que ela pensou; vamos deixar que os pacientes falem quais os seus anseios, pensamentos e como eles vêem sua própria situação. O discurso a princípio é rebuscado de ressentimentos, sofrimentos, mágoas que se configuram em cinco estágios no qual o paciente que tem tempo suficiente para superá-los, chegará à aceitação de seu estado, porém nunca abandonará o fio de esperança de uma cura milagrosa da doença fatal que o acomete. As falas eram gravadas com o consentimento do paciente e em seguida transcritas por ela. E foi a partir dessas falas de pacientes que ela elaborou e esquematizou aqueles cinco estágios pelos quais passa um doente quando recebe a noticia de que vai morrer, que é o que ficou conhecido como os cinco estágios do luto:
O primeiro estágio que é a negação e isolamento, a forma como o paciente recebe a notícia de morte iminente, sendo por um estranho ou sem nenhuma preparação inicial, ou até mesmo quando são preparados desenvolvem a negação, sendo veemente negativo em suas palavras, buscam diversos subterfúgios para enviesar seus medos, usam dispendiosos rituais como, por exemplo, a convicção de que houvera uma troca de exames, que não poderiam desenvolver tais males em curto espaço de tempo, buscando diagnósticos de vários especialistas, fazendo e refazendo diversos exames para constatar o erro cruel, que infelizmente não existe. Esta primeira fase é de suma importância, porque funciona como um amortecedor, acalentando o paciente que ainda não tem forças suficientes para encarar os fatos de frente, que é mais acentuada no início da doença, e mais tarde oscila entre aceitar ou não os fatos. Mas adiante dependendo de fatores como o tempo que o paciente dispõe, de como se preparou durante a vida, influenciará na maneira como irá se desprender de sua negação. É imprescindível relatar o quão é importante ao paciente sentir-se respeitado por outrem em seu desejo de não aceitar a doença. Quando não é mais possível agarrar-se a negação, vem o segundo estágio, a raiva, mergulhada em sentimentos de revolta, de inveja, de ressentimentos, entre outros, que permeiam os questionamentos do paciente desfalecido. Sendo este um estágio não muito diferente da negação, por ambos serem difíceis de lidar, visto que estes pacientes proliferam esses sentimentos em seu ambiente, tornando o trabalho dos médicos e enfermeiros mais difícil. Neste período o enfermo recebe suas visitas com pouco entusiasmo e esperança, seus familiares sofrem devido o mau tratamento, se sentem culpados, humilhados e muitas vezes choram, contudo, evitam novos encontros causando mais raiva e revolta no doente. Este estágio poderia ser bem mais fácil de atravessar, se houvesse esforço e preparo da equipe hospitalar e familiares para desenvolverem empatia e se colocarem no lugar deste, respeitá-lo, ouvi-lo e tolerar sua raiva, para mais tarde ele perceber que sua atitude é irascível, modificando-se então seu comportamento para o seguinte estágio que a barganha.
A barganha ou troca é utilizada pelo paciente por um curto período de tempo, com o intento de um possível prolongamento de sua vida, através de um bom comportamento, sendo estas barganhas explícitas ou não. É necessária uma abordagem interdisciplinar para avaliar o estado emocional deste paciente, se ele está se culpando por algum motivo infundado, e temores irracionais, para que não se torture em fazer novas barganhas, visto que ainda não cumprira nem mesmo as primeiras promessas.
A depressão que se caracteriza pelo quarto estágio a caminho da aceitação, é nesta fase que o paciente gravemente enfermo não pode mais refutar sua doença, sendo este submetido a novas cirurgias, tratamentos mais agressivos, o surgimento de novos sintomas e a debilidade já não pode ser mais encobertas, o que lhe resta neste momento é um sentimento de grande perda, que é agravado pela questão financeira, em que alguns pacientes são obrigados a dispor de quantias altas e até muitas vezes das únicas posses, causando-lhe uma grande depressão. Os fatores da depressão são seguidos de aflição que o paciente é compelido a atravessar, ajudá-lo neste momento é imprescindível, deixando-o exteriorizar seus sentimentos, ponderar suas queixas, porém existem outros pacientes que preferem apenas um gesto de carinho, um olhar, uma companhia silenciosa. Os préstimos despendidos aos enfermos devem ser de tal modo compatível aos seus anseios, e sendo assim ele se sentirá grato, se direcionará a coisas que estão a sua frente e não o que ficou para trás, esta confiança deve ser dividida com seus familiares, pois seriam evitadas muitas angústias.
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