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Suicídio na Infância e Adolescênci

Por:   •  31/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  4.648 Palavras (19 Páginas)  •  499 Visualizações

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Suicídio na Infância e Adolescência

Bruna Domingues Dionísio

Paula Nunes Laborão

Renata Vieira

Profº Wadson Arantes

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Goiânia, 2018

Suicídio na Infância e Adolescência

É possível encontrar cerca de quinze conceituações do suicídio, destacando múltiplas pesquisas sobre o tema. O termo “suicídio” é relativamente recente (nome que a modernidade dá à “morte voluntária”). O termo teria sido um neologismo latino, da Inglaterra de 1630 (Werlang, 2000). Contudo, ele foi primeiro utilizado (em língua francesa) pelo abade Desfontaines (em 1734, ou 1737) para significar “o assassinato ou morte de si mesmo” (Meleiro, Mello Santos, & Wang, 2007, p. 475), com a seguinte etimologia: sui = si mesmo; caedes = ação de matar. É comum observar o uso do termo “autocídio” como sinônimo de suicídio, tendo passado a constar no léxico (Holanda Ferreira, 1986).

Nos dias atuais, voltamos a ter de lidar com o processo de imitação e indução deste tipo de comportamento em jovens por meio da mídia, como à época de Werther, uma vez que os casos de bullying (sendo o cyberbullying uma variante digital do dessa violência [Portela, 2014]) vêm gerando uma ascensão vertiginosa no número de suicídios entre as vítimas deste tipo de assédio (National Association of School Psychologists [NASP], 2012).  

Diante disso, percebemos a influência dos nossos pensamentos sobre nós mesmos e do mundo diante dos nossos comportamentos, o que trata-se da Cognição Social, segundo os autores Coll, Marchesi & Palácios.

Cognição Social diz respeito à maneira como pensamos de nós mesmos e do mundo social: como selecionamos, interpretamos, lembramos e usamos informações sociais para formar juízos e tomar decisões. (COLL, MARCHESI & PALÁCIOS, 2004)

O bullying é definido pelo uso de força ou coerção para afetar negativamente aos demais, envolvendo um desequilíbrio do poder social, físico e/ou emocional, e atos danosos voluntários e repetitivos. Pode ser persistentemente dirigido a um alvo baseado na raça, cor, peso, origem, grupo étnico, religião, crença, deficiência, orientação sexual, gênero, aparência física, sexo, ou outras características que distingam o eleito no grupo.

         Conforme proposto pelos autores Coll, Marchesi & Palácios, atitude envolve três componentes: afetivos, que dizem respeito às emoções e nos valores do indivíduo e pode ser criada pelo condicionamento clássico ou pelo operante; cognitivos, que dizem respeito às opiniões do indivíduo sobre as propriedades do objeto da atitude; e comportamentais, que se fundamentam nas ações do indivíduo, de forma que, a atitude pode se basear mais em um componente do que em outro. Assume várias formas: verbal, física, relacional/social e eletrônica, sendo o último mais conhecido como cyberbullying (NASP, 2012).

Estudo que analisou 37 pesquisas mundiais identifica o bullying como uma das principais causas do suicídio de crianças e adolescentes, sendo o suicídio a terceira maior causa de mortalidade no mundo nesta faixa etária, atrás apenas dos acidentes de trânsito e homicídios. Físico ou psicológico, o impacto que gera na vítima é tão expressivo que faz dele, além de um dos principais motivos de suicídios de crianças e adolescentes, também o responsável por cerca de dezenove mil tentativas de suicídios ao ano (nos Estados Unidos). Dezenove por cento dos alunos entrevistados pensaram em se suicidar. Quinze por cento traçaram estratégias para cometer o suicídio, com 8,8% executando os planos suicidas (interrompidos por outrem). Por fim, 2,6% perpetraram tentativas sérias o bastante para exigir intervenções e acompanhamento médico permanente (Kim & Leventhal, 2008).

É rara a ocorrência de suicídio (ou tentativa deste) sem a associação com algum transtorno mental, mas isso de fato ocorre (Shaffer & Piacentini, 1994). O quadro de emergência psiquiátrica mais comum entre adolescentes é o comportamento suicida. Das crianças e adolescentes que recorrem aos serviços de pronto atendimento por motivos psiquiátricos, mais de 75% está acima de 13 anos (predomina o sexo feminino), sendo que 50% envolvem tentativa de suicídio ou alterações do comportamento (Schmitt & Tramontina, 2008).  

Em crianças/adolescentes, o comportamento suicida envolve pensamentos sobre provocar intencionalmente danos ou a morte auto infligidos (ideação suicida) e atos que causem danos (tentativa de suicídio) ou a morte (suicídio) (Pfeffer, 1996).

A tentativa de suicídio (com o intuito claro de morte ou como instrumento de manipulação dos demais) se definiria pela prática de um ato com a crença de ser capaz de se matar, sem sucesso fatal (Friedrich, 1989). Há que se atentar para as menos divulgadas condutas parassuicidas, atos deliberados que mimetizam o suicídio, mas não resultam em desenlace fatal, independentemente da gravidade médica ou intencionalidade psicológica (Kreitman, 1977).

Seria o uso/abuso de substâncias psicoativas uma modalidade de parassuicídio? E o que dizer da gravidez indesejada (e do aborto) entre adolescentes, na maioria das vezes moças com informação suficiente para escolher se querem ou não uma gravidez (Oliveira, 2001)? Não há estatísticas sobre quantos profissionais da Saúde sofreram coerção nos serviços de emergência para suprimir a palavra suicídio de seus relatórios de encaminhamento para procedimentos de autópsia. Seria o suicídio na infância uma “crônica da morte anunciada” (via final de toda uma vida de abusos, psicológico, físico e/ou sexual)?

Percebe-se uma grande relação ao que os autores Coll, Marchesi & Palácios chamam de Percepção Social, que se refere a maneira como formamos impressões sobre outras pessoas e seus comportamentos e fazemos inferências sobre elas. Uma fonte importante de informação é o comportamento verbal e não verbal.

É fato que o modelo de imitação responde por boa parte dos casos de suicídio e tentativas de suicídio entre adolescentes, a partir de influência midiática. A mídia é o terceiro maior motivador de suicídios, vindo atrás apenas do desemprego e da violência, para todos os grupos de pessoas. Um modelo de estimativa por pooled regression mostrou que o aumento de 1% na mídia eleva a taxa de suicídio de indivíduos jovens do sexo masculino (entre 15 e 29 anos) em 5,34%, sugerindo uma espécie de efeito contágio nas taxas de suicídio, apoiando (ainda) a hipótese de que a violência seja um dos fatores incentivadores dessas taxas. Quanto mais violenta for a localidade, maior sua respectiva taxa de suicídio. Novamente, são os mais jovens do sexo masculino os mais expostos ao risco de suicídio (Loureiro, Moreira, & Sachsida, 2013).

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