Síntese Relacional sobre as bases filosóficas da Gestalt-terapia
Por: Mônica Moreira • 7/6/2018 • Trabalho acadêmico • 2.752 Palavras (12 Páginas) • 490 Visualizações
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Ciências Sociais e da Saúde- Curso de Psicologia
Disciplina: Matrizes do Pensamento Psicológico II
Professora: Virgínia Elizabeth Suassuna Martins Costa
Aluna: Mônica Moreira Campos
Goiânia, 05 de junho de 2018.
Síntese Relacional dos conceitos das Bases Filosóficas da Gestalt-Terapia
A Gestalt-terapia é composta por diversas bases filosóficas, entre elas estão: Humanismo, Existencialismo, características básicas do existir, Existencialismo dialógico, a Fenomenologia, Teoria de Campo, Teoria Organísmica e Psicologia da Gestalt. Apesar de variadas, elas relacionam-se em suas teorias. De acordo com Duarte (2002), o Humanismo foi mencionado pela primeira vez por Cícero que proferiu a frase “para a humanidade, a humanidade é sagrada”. Nessa afirmação, esse filósofo considera o processo de humanizar como complexo, em que os elementos conceituais se relacionam com a realidade concreta do homem. Essa filosofia busca colocar o homem no centro como o centro de todas as coisas. Isso é possível, porque, segundo Ribeiro (1985), “o homem é o único ser que tem uma maneira características de se fazer, de se realizar”, somente o homem é capaz de se transformar, de escolher, de se adaptar. Sendo esse homem que não é estático, ele também é a medida de todas as coisas: possui potencialidades, limitações, comportamentos, sensações físicas e sentimentos próprios.
Assim, o existencialismo também enxerga o homem como ser concreto, que é único, e ser singular com uma existência individual, o que demonstrado pela própria palavra existência em latim, ex-sistere, significando esse movimento dinâmico. E como ser único e diferenciado, que pensa por si mesmo, ele também é Dasein. De acordo com D’Acri, Lima e Orgler (2014), o homem é imerso no mundo e somente a ele pode ser aplicado o termo “mundano”, uma vez que os elementos não humanos apenas pertencem ao mundo, enquanto o homem está em relação com o mundo e o mundo com ele, o que conceituado como o homem existe e as coisas são no existencialismo.
Forghieri (1993) cita Boss (1976) ao definir nas características básicas do existir humano um ser-saudável como aquele que “pode dispor, livremente, do conjunto de possibilidades de relação que lhe foi dado manter com o que se lhe apresenta na abertura livre de seu mundo”. Aproximando do existencialismo, esse ser saudável precisa saber escolher com a sua liberdade responsável, pois homem é um ser de escolha, porque faz as suas escolhas a partir da sua vivência individual que vai orientar os seus projetos e sua vida, sendo, pois, ser de projetos que faz o seu planejamento de acordo com as experiências passadas e o que quer para o futuro, através da busca pelo saber. Mas também, qualquer pessoa ao mesmo tempo que ela pode ser saudável, ela também pode ser um ser-doente. Conforme Forghieri (1993), o “adoecimento existencial só acontece quando as limitações e conflitos não são reconhecidos e enfrentados pela pessoa, à luz de suas múltiplas possibilidades”. E isso se dá dependendo da intencionalidade de cada indivíduo que segundo a Fenomenologia, parte da consciência de maneira espontânea e dá significado a si, ao outro ou a algo. Logo, pela Fenomenologia, sempre há um fato, que é o que está na realidade e o fenômeno, que vai depender da intencionalidade da consciência para assumir um ou outro sentido ou significado. E essas decisões na existência do homem são de um ser de liberdade que de acordo com Ribeiro (1985), é a competência de guiar a própria vida, porém não é completa, já que a liberdade implica em um ser responsável, o qual assume as consequências e os compromissos com as suas escolhas. Todos esses aspectos são bem desenvolvidos em um ser saudável.
No existencialismo, a liberdade pode acarretar em angústias, as quais o homem passa pelas suas decisões, pelas responsabilidades, ou melhor, pela sua experiência, pois ele é um ser de angústias. Tal angústia faz parte também das características básicas do existir humano, pois ele possui a maneira preocupada de existir que Forghieri (1993) define como um “sentimento global de preocupação, que varia desde uma vaga sensação de intranqüilidade, por termos que cuidar de algo, até uma profunda sensação de angústia, que chega a nos dominar por completo”. Por isso, é preciso que a pessoa humana valorize o bom, belo e positivo das situações que a ocorrem a fim de permitir que continuem sendo um ser-saudável e todas as angústias e preocupações não o tornem um ser doente.
Para o homem conseguir colocar-se no centro para o humanismo, é preciso que ele perceba alguns elementos. Um deles é conhecer a si mesmo, melhor dizendo, compreender a si para permitir que conheça os mundos em seu entorno e permita-se autogerir. Nisso, como característica do existir, ele contém e está contido em três mundos: mundo circundante, mundo humano e mundo próprio. O primeiro refere-se ao mundo ao redor do indivíduo como objetos e animais. Já o segundo atribui-se ao mundo das relações dessa pessoa, o qual seria o pai, a mãe, os irmãos, o namorado, o professor, os colegas, e assim por diante. Por fim, o terceiro consiste na relação consigo mesmo, o autoconhecimento ou a consciência de si. Duas das formas que o ser humano vivência esses mundos são o temporalizar e o espacializar. O primeiro refere-se a maneira que o homem vivencia o tempo o qual possui velocidade e intensidade dependendo como o ambiente significa para este humano, podendo estar no momento presente ou o ultrapassando. E o segundo é a vivência do espaço, o qual possui expansividade e proximidade ou distanciamento que também são relativos aos sentidos atribuídos por cada consciência. No existencialismo dialógico, o mundo humano dá-se pela relação no entre, uma vez que cada pessoa sempre estará num espaço, tempo e em relação ao outro e está relacionado também no interpessoal. Além disso, no mundo próprio há uma relação com o intrapessoal. Isso também está presente na fenomenologia, a qual considera o mundo-da-vida, que é o espaço e tempo presentes em toda a experiência do ser humano.
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