TRANSTORNO NEURO COGNITIVO EM PUÉRPERAS DE ALTO RISCO: UM ESTUDO DE CASO COLETIVO
Por: Jaine Melo • 16/2/2019 • Artigo • 2.258 Palavras (10 Páginas) • 270 Visualizações
TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO EM PUÉRPERAS DE ALTO RISCO: UM ESTUDO DE CASO COLETIVO
Jaine Milene Melo da Silva Goes
Centro Universitário CESMAC – Maceió/AL
Geisa Gabriella Rodrigues de Oliveira
Centro Universitário CESMAC – Maceió/AL
Natanael Barbosa dos Santos
Centro Universitário CESMAC – Maceió/AL
Lavynia Teixeira de Carvalho Medeiros
Centro Universitário CESMAC – Maceió/AL
Evanisa Helena Maio de Brum
Centro Universitário CESMAC – Maceió/AL
RESUMO: O Transtorno Neurocognitivo é caracterizado pelo declínio de uma ou mais áreas de domínio cognitivo, causando prejuízo na independência do indivíduo para as suas atividades da vida diária; possui um amplo espectro de comprometimento cognitivo e funcional e sua prevalência varia conforme a idade e o subtipo etiológico. As estimativas gerais de prevalência costumam estar mais disponíveis para populações com maior idade, apresentando-se de forma bastante variada. Desta forma, o objetivo deste estudo foi rastrear sintomas de TNC em mães que estavam no puerpério em uma maternidade de alto risco. Para tanto, foi realizado um estudo de caso coletivo com amostra por conveniência. Assim, 49 puérperas que estavam com bebês prematuros internados na UTI neonatal da referida maternidade foram avaliadas com o Mini Exame do Estado Mental, instrumento utilizado para rastrear perdas cognitivas. Os resultados revelaram que as mães tinham em média 23 anos (DP=7,5); pertenciam em sua maioria a classe social D-E (55%); viviam em união estável (45%); pertenciam a raça parda (77,6%); desempenhavam atividades no lar (61,2%). Quanto ao TNC, identificou-se que 87,8% apresentavam indicadores leves do diagnóstico. Destaca-se como possíveis fatores relacionados à elevada prevalência deste diagnóstico a vivência de situações estressoras, como o nascimento prematuro e a própria internação da mãe; a baixa escolaridade e as poucas condições socioeconômicas. Podemos supor igualmente que os dados encontrados refletem uma possível inadequação do uso deste teste, neste contexto. Por fim, vale ressaltar que essas mães foram encaminhadas para avaliação neuropsicológica.
PALAVRAS-CHAVE: Transtornos Neurocognitivos; Avaliação de sintomas; Período pós-parto.
ABSTRACT:
Neurocognitive Disorder is characterized by the decline of one or more areas of cognitive domain, causing impairment in the individual's independence for their activities of daily living; has a broad spectrum of cognitive and functional impairment and its prevalence varies according to age and etiological subtype. The general prevalence estimates are usually more available for populations with greater age, presenting in a very varied way. Thus, the aim of this study was to track TNC symptoms in mothers who were in the puerperium in a high-risk maternity hospital. For that, a collective case study with sample for convenience was carried out. Thus, 49 mothers who had preterm infants admitted to the neonatal intensive care unit of the maternity ward were evaluated with the Mini Mental State Exam, an instrument used to track cognitive losses. The results showed that the mothers had a mean of 23 years (SD = 7.5); belonged mostly to social class D-E (55%); lived in a stable union (45%); belonged to the brown breed (77.6%); performed activities at home (61.2%). Regarding the TNC, 87.8% had mild diagnostic indicators. It is highlighted as possible factors related to the high prevalence of this diagnosis the experience of stressful situations, such as premature birth and the mother's own hospitalization; low schooling and few socioeconomic conditions. We can also assume that the data found reflect a possible inadequacy of the use of this test, in this context. Finally, it is worth mentioning that these mothers were referred for neuropsychological evaluation.
KEYWORDS: Neurocognitive Disorders; Evaluation of symptoms; Postpartum period.
- INTRODUÇÃO
O estado puerperal é uma perturbação psicológica que a mãe sofre entre o deslocamento e expulsão da placenta e a volta do organismo às condições normais (MESTIERE, et al, 2005). Durante o período gravídico puerperal, a mulher vivencia mudanças biológicas, psicológicas e sociais, e encontra-se vulnerável, física e psicologicamente (MALDONADO, 1997). Assim, a puérpera necessita de ajuda de familiares e profissionais da área da saúde para manter sua saúde mental neste período, pois, em alguns casos, podem ocorrer desordens mentais, como transtornos neurocognitivos.
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), elaborado por Folstein et al. (1975), é um dos testes mais empregados e mais estudados em todo o mundo para avaliação de transtornos neurocognitivos. Utilizado isoladamente ou em conjunto a instrumentos mais amplos, permite a avaliação da função cognitiva e rastreamento de quadros neurocognitivos. Tem sido utilizado em ambientes clínicos para a percepção de declínio cognitivo e para o monitoramento de resposta ao tratamento. Consiste em uma bateria simples de 20 perguntas, totalizando 30 pontos, o paciente leva em torno de 5 a 8 minutos para responder. (LOURENÇO e VERAS, 2006).
Historicamente, os transtornos neurocognitivos eram denominados como demência, palavra originada do latim, que significa diminuição/ falta de mente. Foi incialmente utilizado pelos manuais de diagnósticos para especificar um declínio cognitivo leve ou maior, apresentado por um indivíduo (PESSOA et al.,2016). Em 2012, a Organização Mundial de Saúde (OMS), publicou “Demências: Uma Questão de Saúde Pública”, demonstrando preocupação para esse problema que atinge a qualidade de vida das pessoas, especialmente, em países em desenvolvimento, como o Brasil. Estima-se que o total de novos casos de demência a cada ano no mundo chegue a aproximadamente 7,7 milhões de pessoas, o que significa dizer uma pessoa diagnosticada a cada quatro segundos (BURLÁ et al., 2012).
Após 2013, com a publicação do Manual de Diagnóstico e Classificação dos Transtornos Mentais (DSM-V, 2014), o termo Demência passou a ser nomeado como Transtornos Neurocognitivos (TNC). Além dessa nova nomenclatura, passou a classificar a intensidade, em leve e maior (ARAÚJO E LOTUFO NETO, 2014).
O TNC maior ou leve possui um amplo espectro de comprometimento cognitivo e funcional. A prevalência do transtorno varia conforme a idade da pessoa e o subtipo etiológico. Estimativas gerais de prevalência costumam estar disponíveis para populações com mais idade e apresentam-se de forma bastante variada. De maneira geral, o quadro leve acomete de 2 a 10% dos idosos com 65 anos, e de 5 a 25% daqueles com 85 anos (DSM-V, 2014).
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