Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano
Por: edyara • 8/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.206 Palavras (5 Páginas) • 809 Visualizações
ABORDAGEM BIOECOLÓGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
O autor Urie Bronfenbrenner construiu, em sua vida acadêmica, um modelo teórico que buscava o diálogo, através de associações, entre pesquisadores de diferentes áreas de estudo. Este autor é conhecido como ecologista humano; seu pai fora doutor em zoologia, além de médico e cientista. Urie foi graduado em psicologia e música, tendo tido a oportunidade de conhecer o Kurt Lewin enquanto este elaborava sua Teoria de Campo, o que exerceu influência em sua formação científica. Em 1940, seus interesses estavam voltados para o estudo de Psicologia do Desenvolvimento e se graduou mestre e posteriormente em doutor. Em 1974, ele ressalta a importância que as políticas públicas possuem no desenvolvimento humano e isso o motivou a tentar modificar, desenvolver e implementar políticas de influência à vida de crianças e suas famílias. Para ele, a ciência dependia das ciências sociais. A construção de sua Bioecologia do Desenvolvimento teve muita influência do trabalho de sua mãe, apreciadora do mundo artístico; de seu pai, que o ensinava a observar a interdependência dos fenômenos perante a observação da natureza e o convívio que ele teve a oportunidade de ter com pessoas de diferentes países e regiões.
A ecologia do desenvolvimento humano é o estudo científico do interacionismo entre um indivíduo ativo em constante crescimento e os meios imediatos nos quais esse indivíduo vive (e transforma). O ser em desenvolvimento, portanto, tanto se molda como muda o meio, ou seja, o ambiente influencia seu desenvolvimento assim como seu desenvolvimento influencia as propriedades desse ambiente; o processo é de mútua interação.
O ambiente ecológico é, segundo Urie, "uma série de estruturas encaixadas em que cada peça contém ou está contida em outra". Os contextos (meios, ambientes) de desenvolvimento são o micro, o meso, o exo e o macrossistema. O microssistema é o ambiente no qual a pessoa em desenvolvimento tem a possibilidade de interagir através de papeis, atividades e relações interpessoais, sendo eles: a família, as instituições (ou a creche, ou a escola, ou a universidade). Esse espaço da fenomenologia na noção do ambiente se deve à influência de Lewin, já que dentro de sua concepção, o espaço psicológico é objeto, pessoa ou acontecimento para o qual a pessoa atribui significado e, aqui, nesta vertente, a realidade também é aquela percebida pelas pessoas, não sendo previamente dada. Há, com Bronfenbrenner, a inauguração do conceito de díade como unidade básica de análise. Díade é uma estrutura interpessoal entre duas pessoas que se configura quando uma presta atenção no comportamento da outra ou quando ambas fazem alguma atividade conjunta e, para este ultimo tipo de caso, o autor estabelece três características essenciais: reciprocidade (ambos se influenciarem), equilíbrio de poder (um pode, por hora, influenciar mais o outro, mas ambos devem alternar nesse aspecto) e relação afetiva (emoções negativas podem influenciar negativamente o processo ensino-aprendizagem). O mesossistema é sobre as inter-relações entre os contextos nos quais o individuo participa ativamente, por exemplo, na inter-relação família-escola ou familia-escola-igreja. Quando uma pessoa se envolve pela primeira vez com um ambiente novo, ocorre a chamada transição ecológica que é elemento-base no processo de desenvolvimento já que são consequências instigadoras de aprendizagem, e quanto mais transferências ecológicas a criança tiver, mais rico será seu mesossistema. É pertinente destacar que os microssistemas que compõem o mesossistema devem se comunicar, transferir informações ou mensagens. O terceiro contexto, exossitema, se refere ao(s) ambiente onde a pessoa em desenvolvimento não é participante ativo, mas onde ha ocorrência de eventos que afetam ou por eles são afetados o que ocorre no ambiente que contém diretamente a pessoa. A cooperação entre os meso e o exossistemas é um potencializador do desenvolvimento psicológico. Por fim, o macrossistema pode ser considerado como esquema/organização dos ambientes ecológicos das pessoas em desenvolvimento, ou seja, são referentes a protótipos gerais e culturais que determinam as estruturas que ocorrem em outros níveis.
Em trabalhos posteriores, Bronfenbrenner critica sua própria teoria devido à ênfase nos contextos de desenvolvimento em detrimento das pessoas em desenvolvimento. A partir disso há a proposta de uma elaboração da teoria bioecológica que mantém a definição de desenvolvimento como a interação pessoa-ambiente, mas propõe estudar detalhadamente características biopsicológicas das pessoas em desenvolvimento. Este modelo, contudo, não nega os pressupostos do anterior, mas amplia as noções, dando enfoque também, por exemplo, as características das pessoas em desenvolvimento e dos pais, irmãos, professores (no contexto do microssistema), todos que interagem com a pessoa em processo de desenvolvimento. As interações, é importante frisar, não se restringem às pessoas, mas são envolvidos objetos e símbolos nesse processo.
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