Teorias da Personalidade sob à Perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental
Por: Cynthia Cavalcanti • 15/7/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 1.393 Palavras (6 Páginas) • 284 Visualizações
Teorias da Personalidade sob à Perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental
De acordo com Schultz & Schultz (2011), foi no final da década de 1930 que os psicólogos acadêmicos começaram a perceber que era possível desenvolver um estudo científico da personalidade, onde desde esta época até os dias atuais, surgiu/ surge uma grande variedade de abordagens para o estudo. Cada teoria fornece um conceito de personalidade de acordo com a ênfase adotada em seus próprios pressupostos fundamentais, focando mais em alguns aspectos da personalidade em detrimento de outros.
É possível observar que cada teórico adota definições e nuances específicas, mas há algumas características que são regularmente apresentadas, tais como: as emoções, os pensamentos, os comportamentos, o contexto ambiental e a estabilidade no tempo. De particular interesse é a maneira como esses pensamentos, sentimentos e comportamentos se relacionam entre si para formar o indivíduo único e peculiar. Nesta revisão, abordou-se a teoria cognitiva de personalidade proposta por Aaron T. Beck.
No início de 1960, Aaron Beck desenvolveu uma forma de psicoterapia a qual denominou originalmente “terapia cognitiva” (Beck, J. S., 2013, p. 22), usualmente e não erroneamente chamada de terapia cognitivo-comportamental. Inicialmente, ela foi concebida para o tratamento da depressão, onde Beck idealizou uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação do pensamento e comportamentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis) (BECK, J. S., 2013).
De acordo com Beck, J. S. (2013), nesta mesma época, decidiu-se testar o conceito psicanalítico de que a depressão é resultante da hostilidade voltada contra si mesmo. Beck concluiu, por meio de vários estudos sistemáticos, que as formulações de Freud a respeito da síndrome depressiva não eram consistentes com o que havia obtido nos resultados de seus estudos, nem coerentes com suas observações clínicas. Logo, Beck discordou de Freud em vários aspectos da teoria psicanalítica e, desde então, passou a dedicar-se à formulação de sua própria hipótese sobre a depressão e o que viria a se tornar mais tarde a terapia cognitiva. “A abordagem beckiana, é aplicada hoje em uma grande variedade de populações e transtornos psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos.” (BECK, J. S., 2013, p. 24)
Knapp et al. (2004) coloca que, contrariamente à escola psicanalítica, por exemplo, o material trazido à consulta não é interpretado pelo terapeuta, mas elaborado em conjunto com o paciente num trabalho de identificar, examinar e corrigir as distorções do pensamento que causam sofrimento emocional ao indivíduo. O levantamento das possíveis hipóteses de por que os acontecimentos na vida do paciente são como são e a testagem empírica quanto à precisão e/ou validade de cada uma dessas hipóteses fazem parte do processo terapêutico.
Nesta visão, os transtornos psicológicos decorrem de um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando os afetos e os comportamentos (BECK et al., 1997). Os indivíduos têm predisposições a fazerem construções cognitivas falhas, o que é chamado de “vulnerabilidade cognitiva”.
O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que influencia o humor e o pensamento do paciente) é comum a todos os transtornos psicológicos. “Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento”. (BECK, J. S. 2013 p. 23)
A terapia cognitiva baseia-se na premissa de que a inter-relação entre cognição, emoção e comportamento está implicada no funcionamento normal do ser humano e, em especial, na psicopatologia. Um evento comum do nosso cotidiano pode gerar diferentes formas de sentir e agir em diferentes pessoas, mas não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre o evento; nossas emoções e comportamentos estão influenciados pelo que pensamos. (KNAPP et al., 2004)
O terapeuta cognitivo busca produzir mudanças no pensamento e no sistema de crenças do cliente, com o propósito de promover mudanças duradouras (BECK et al., 1997). Embora o processo terapêutico possa variar de acordo com as necessidades de cada paciente, existem alguns princípios que caracterizam o procedimento clínico nesta abordagem de tratamento.
Segundo Beck, J. S. (2013), os princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental são:
Princípio n° 1. A terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos; Princípio n° 2. A terapia cognitivo-comportamental requer uma aliança terapêutica sólida; Princípio n° 3. A terapia cognitivo-comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa; Princípio n° 4. A terapia cognitivo-comportamental é orientada para os objetivos e focada nos problemas; Princípio n° 5. A terapia cognitivo-comportamental enfatiza inicialmente o presente; Princípio n° 6. A terapia cognitivo-comportamental é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída; Princípio n° 7. A terapia cognitivo-comportamental visa ser limitada no tempo; Princípio n° 8. As sessões de terapia cognitivo-comportamental são estruturadas; Princípio n° 9. A terapia cognitivo-comportamental ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais; Princípio n° 10. A terapia cognitivo-comportamental usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.
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