Trabalho Acadêmico de Psicologia
Por: Márcia Ricci • 16/3/2023 • Trabalho acadêmico • 1.854 Palavras (8 Páginas) • 61 Visualizações
Introdução
O conceito de adolescência diz respeito a um período do contínuo do desenvolvimento humano que demarca socialmente a transição da infância para o adulto. As tarefas e exigências do meio modificam-se na transição entre a infância e a adolescência, bem como desta para a fase adulta. Uma vez que as experiências dessa fase podem comprometer aspectos da qualidade de vida por um período considerável do ciclo vital, é necessário que a sociedade e o poder público busquem a promoção de experiências de vida saudáveis, que estimulem os adolescentes a selecionar experiências positivas para seu desenvolvimento nos diferentes contextos em que estão inseridos.
DIGITALIDADE E TECNOLOGIA
O final do século XX e o início do século XXI foram caracterizados pelo desenvolvimento e disseminação das tecnologias digitais. A expressão «nativos digitais» fundamenta-se no fato de os jovens que nasceram entre o final do século XX e o início do século XXI falam a linguagem digital de forma nativa e inerente. Para os imigrantes digitais, o ambiente digital não é o seu lugar de origem, diferentemente do que acontece com os nativos digitais. A partir das singularidades tecnológicas e digitais do ambiente no qual os jovens da geração Y se desenvolveram, podem ser observadas modificações nas formas de aprendizagem, assim como especificidades subjetivas e psíquicas.
Além disso, esses jovens referem a necessidade de likes dos amigos virtuais para condutas, ideias e outras situações vividas . Esses conflitos se manifestam, sobretudo, na busca constante de aprovação e popularidade nas postagens, fotografias e compartilhamentos, circunstâncias que têm um impacto importante nas crenças e nos comportamentos dos jovens. Entretanto, essa tutela pode se tornar contraditória e apresentar dificuldades, uma vez que, na adolescência, os jovens devem constituir sua identidade e conquistar, aos poucos, uma autonomia em relação aos genitores .
A geração Y, por exemplo, tem a qualidade mais eminente no uso constante das tecnologias digitais, umas das características principais do contexto em que esses jovens se desenvolveram . Nesse sentido, esses jovens têm sido reconhecidos como um grupo com demandas profissionais e vocacionais bastante peculiares. Observa-se que, para os jovens da atualidade, se uma ocupação ou um curso não contemplar as suas necessidades e expectativas, o abandono constitui-se em uma opção bastante razoável.
Nem tudo está perdido no que se refere às tecnologias, tampouco podemos considerar essas ferramentas um risco em si. Cabe aos indivíduos a utilização das tecnologias – aplicativos, redes sociais, entre outros – como meios, e não como fins. Distorções cognitivas, como «tudo que é postado é verdade absoluta», «se não receber curtidas para minhas postagens, não tenho valor ou não sou interessante» ou «se não respondem imediatamente a minhas mensagens, devo ficar nervoso», precisam ser ressignificadas a partir de um teste de evidências que estimule a crítica.
Não viveremos mais em um mundo sem tecnologias. Os adolescentes como nativos digitais, se constituem como indivíduos e constroem seu autoconceito e personalidade nesse mundo virtual. As mudanças são rápidas, mas o imediatismo suscitado pelas tecnologias não deve ser reforçado na clínica psicológica, tampouco nas relações afetivas, acadêmicas e profissionais dos adolescentes, mas dentro do contexto familiar que o leva ao equilíbrio, como sempre, é a «palavra mágica».
Casos de dependência em relação às tecnologias podem surgir, assim como a intensa e constante necessidade de aprovação dos amigos, por parte dos adolescentes, nas redes sociais. Discussões e iniciativas como este livro representam esforços essenciais para o avanço na compreensão do impacto das tecnologias sobre a subjetividade humana, no desenvolvimento de estratégias de intervenção e na prevenção com relação aos pontos negativos desse fenômeno, de forma a garantir a saúde mental dos jovens.
ATIVIDADE FÍSICA, ESPORTE E SONO NA ADOLESCÊNCIA.
Segundo o Diagnóstico Nacional do Esporte, realizado pelo Ministério do Esporte, 45,9% dos brasileiros são sedentários, ou seja, não praticam esporte ou atividades físicas regularmente. De acordo com o levantamento, realizado em 2013, para 26,8% dos sedentários, a prática esportiva foi interrompida até os 15 anos de idade, e, para 45%, entre os 15 e os 24 anos.
A complexidade desse contexto é evidenciada na definição de esporte que consta no texto do Sistema Nacional do Esporte.
O esporte é um bem cultural, direito social e fator de desenvolvimento humano, definido pelo conjunto de práticas corporais, atividades físicas e esportivas que, equilíbrio, como sempre, é a «palavra mágica».
Recentemente, observamos casos de racismo, violência e homofobia, por exemplo, ao mesmo tempo em que o esporte também é palco de demonstrações de paz, respeito e inclusão social. Cabe aos profissionais da saúde metal se apropriar desse conceito e perceber no esporte um campo vasto para reflexão e investigação do comportamento humano. A primeira parte deste capítulo irá discorrer sobre fatores de risco e de proteção da prática de esporte e exercício físico, evidenciando os tipos de atividades e como terapeutas cognitivo-comportamentais podem utilizar essa modalidade de linguagem como ferramenta de apoio em atendimentos com adolescentes.
EXERCÍCIO FÍSICO → Os chamados fatores de risco representam aquelas variáveis que se apresentam em contexto associado à possibilidade de prejuízos para a saúde, o bem-estar e as relações sociais. Os fatores de proteção, por sua vez, estão associados com o oferecimento de condições de desenvolvimento para uma pessoa em formação. Considerando que o adolescente é um personagem ativo no seu processo de desenvolvimento, esses domínios interagem entre si de maneira complexa e se manifestam nas diversas tarefas desenvolvimentais durante esse período da vida.
Aproximando essas considerações do tema do capítulo, a prática de esporte e exercício físico pode oferecer aos adolescentes oportunidades para lidar com desafios que, por vezes, não poderiam ser experimentados em outros domínios da vida. Assim, essa prática pode atuar como fator tanto de risco como de proteção. Em contrapartida, os motivos para abandono da prática estão ligados, principalmente, à percepção de incompetência na aquisição das habilidades físicas e falta de diversão. Além disso, o interesse em outros tipos de atividades também constitui um fator relevante para a interrupção da prática de esporte e exercício físico durante a adolescência. Todos esses aspectos podem desencadear nos adolescentes padrões de pensamento negativos, os quais ocasionam, em alguns casos, dificuldades de relacionamento, experiências de ansiedade e estresse, podendo levar, a depender do caso, a abandono da prática ou burnout.
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