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Transtornos de personalidade e de comportamentos em adultos (F60-69)

Por:   •  20/8/2017  •  Resenha  •  5.287 Palavras (22 Páginas)  •  394 Visualizações

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Transtornos de personalidade e de comportamentos em adultos (F60­69).

Este agrupamento compreende diversos estados e tipos de comportamento clinicamente significativos que tendem a persistir e são a expressão da característica da maneira de viver do indivíduo e de seu modo de estabelecer relações consigo próprio e com os outros (OMS, 2007). Esses estados e comportamento podem aparecer precocemente no desenvolvimento do indivíduo com a influência de fatores constitucionais e sociais. Enquanto outros podem surgir tardiamente ao longo da vida. Historicamente, o conceito desenvolveu­se a partir da observação de criminosos, conotando frequentemente caráter pejorativo nas suas sinonímias: psicopata, sociopata, personalidade dissocial ou anti social, insanidade moral, entre outros (NETO et al., 2007).

Os transtornos de personalidade e comportamento representam modalidades de comportamento profundamente enraizadas e duradouras, que se manisfestam sob a forma de reações inflexíveis a situações pessoais e sociais de natureza muito variada. Eles representam desvios extremos ou significativos das percepções, dos pensamentos, das sensações e da particularmente das relações com os outros em comparação com as de um indivíduo médio de dada cultura (OMS, 2007). Indivíduos com esse tipo de transtorno possuem comportamento e funcionamento psicológico estáveis e envolvem múltiplos domínios, estão associados ao sofrimento subjetivo e a comprometimento de intensidades variável do desempenho social.

F60 Transtornos específicos de personalidade

Trata­se de distúrbios graves da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente imputáveis a uma doença, lesão ou afecção cerebral ou a um transtorno psiquiátrico. Esses transtornos compreendem habitualmente a vários elementos da personalidade, acompanham­se em geral de angustia pessoal e desorganização social; aparecem habitualmente durante a infância e na adolescência e persistem de forma duradoura até a vida adulta.

F60.0 Personalidade paranóide

Transtorno da personalidade caracterizado por uma sensibilidade excessiva face à contrariedades, recusar de pessoas insultos, caráter desconfiado, tendência a distorcer o fatos interpretando as ações imparciais ou amigáveis dos outros como hostis ou de


desprezo; suspeitas recidivantes, injustificadas, em respeito a relação fidelidade sexual do esposo ou parceiro sexual; e um sentimento combativo e obstinado de seus próprios direitos (OMS, 2007). Apesar de manifestar­se por um falso juízo acerca da realidade, não apresenta sintomas psicóticos, diferentemente da Esquizofrenia e dos Transtornos Delirantes.

A característica básica desse tipo de personalidade é a desconfiança. Tratam­se de sujeitos que se percebem vulneráveis em relação ao mundo e veem os outros como enganadores, malevolentes e manipuladores, podendo sentir raiva por qualquer forma de abuso presumido (Vasques & Abreu, 2011). Os pacientes paranoides tem uma crença de que sempre serão enganados, trapaceados ou maltratados nas suas relações interpessoais, então se utilizam de extrema vigilância para que isso não ocorra. Assim, esses indivíduos tendem a ser reservados e defensivos com os demais e reagem de forma exagerada até com pequenos deslizes, usando da hostilidade e do contra­ataque quando se sentem ameaçados.

O transtorno da personalidade paranoide pode aparecer pela primeira vez na infância e adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas, ansiedade social, baixo rendimento escolar, hipersensibilidade, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias idiossincrásicas. Essas crianças podem parecer "estranhas" ou "excêntricas" e atrair provocações. Em amostras clínicas, esse transtorno parece ser mais comumente diagnosticado no sexo masculino (DSM­V, 2015).

A prevalência do transtorno é de 0,5 a 2,5% da população geral, é mais comum em homens do que em mulheres. Quanto ao curso e prognóstico, alguns indivíduos permanecem com essas características durante a vida toda e, de forma generalizada, têm dificuldade contínua para trabalhar e se relacionar com os demais. Com relação à busca de tratamento, normalmente, não procuram ajuda por conta própria. Em geral, são encaminhados por familiares ou empregadores e, em muitas situações, acabam se recompondo e não demonstram sofrimento psíquico (Sadock & Sadock, 2007).

Como critérios diagnósticos para o transtorno de personalidade paranóide o DSM­V pontua as seguintes características: Um padrão de desconfiança e suspeita em relação aos outros, de modo que seus motivos são interpretados como malévolos, começando no início da idade adulta e presente em uma variedade de contextos, como indicador por, pelo menos, quatro dos seguintes critérios. (1) suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, prejudicado ou enganado pelos outros; (2) preocupa­se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos ou colegas; (3) reluta em confiar nos outros em razão de um medo infundado de que essas informações sejam


maldosamente usadas contra si; (4) interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador, em observações ou eventos benignos; (5) guardar rancores persistentes, isto é, não perdoa insultos, magóas ou deslizes; (6) percebe ataques sobre seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage rapidamente com raiva ou contra­ataque; (7) tem suspeitas infundadas recorrentes quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual.

Não ocorre exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia, um transtorno do humor com aspectos psicóticos ou outro Transtorno Psicótico, nem é decorrente dos efeitos fisiológicos direitos de uma condição médica geral (DSM­V, 2015).

F60.1 Esquizoide

Transtorno da personalidade caracterizado por retiramento dos contatos sociais, afetivos ou outros, preferência pela fantasia, atividades solitárias e as reserva introspectiva, e uma incapacidade de expressar seus sentimentos e experimentar prazer (OMS, 2007). O transtorno de personalidade esquizóide é diagnosticado em pacientes que exibem um padrão vitalício de retiramento social. Seu desconforto com o convívio humano, sua introversão, afeto brando e constrito são dignos de nota.

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