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Um Método Perigoso

Por:   •  12/7/2023  •  Monografia  •  568 Palavras (3 Páginas)  •  91 Visualizações

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Um método perigoso

Após assistir ao filme “Um método perigoso” e estudar as fases psicosexuais da criança, irei traçar paralelos sobre o quadro clínico da personagem Sabina. Além disso, levantarei outras questões já discutidas em trabalhos anteriores, como a ocorrência do “amor de transferência" e a necessidade das regras constituídas por Freud visando estabelecer os limites da conduta do psicanalista a fim de conduzir um processo analítico ético.

A analisante do psicanalista Jung, Sabina, começou seu tratamento devido a crises histéricas. Como trazido pela paciente em uma de suas sessões, após presenciar cenas de humilhações públicas, tinha crises de ansiedade, que causavam contorções físicas e sudoreses. Ao decorrer do processo analítico, confidencia ao analista que sofrera sessões de espancamentos paternos que se deram início por volta dos quatro anos.

Em torno dessa idade inicia-se o que Freud denomina de fase fálica. A menina passa a deslocar seu sentimento afetivo para o pai, o que o torna seu primeiro objeto de amor sexual. No caso de Sabina, o pai, objeto afetivo, retribui seu amor com espancamentos, o que fez com que ela gerasse uma ligação entre prazer e dor. O que se pode estipular, observando o quadro, é que os traumas infantis que Sabina sofreu a tornou inicialmente uma masoquista primária, onde a persona busca prazer pelo desprazer, atendendo aos mandamentos internos da “pulsão de morte”. A paciente relata ao terapeuta que toda vez que era espancada pelo pai sentia um imenso prazer sexual. Ao longo da vida passou a vivenciar essa sensação em qualquer quadro de humilhação que viesse a presenciar, deturpando e prejudicando sua vida em sociedade.

As crises de ansiedade aparecem no momento que o superego da paciente condena esse desejo latente que seu id evidencia. Tendo um ego enfraquecido, acabava por sucumbir ao conflito que não dá conta de gerenciar, reproduzindo os sintomas físicos.

O fim das crises de Sabina se dá durante uma das suas sessões de análise, quando ao recordar-se de suas surras, é questionada pelo analista sobre qual era seu sentimento durante a ocasião, e ao reconhecer seu desejo libidinal pela punição atinge a catarse.  

Ao longo do filme, veremos que Sabina desenvolve um relacionamento amoroso com Jung. Deslocando o desejo que tinha pelo pai para o terapeuta. Ocorre aqui o que Freud chama de “amor de transferência", muito comum de acontecer durante os processos terapêuticos, inclusive necessário para o êxito do tratamento. Porém a posição do analista deveria ser outra. Jung, cede seus desejos envolvendo-se com Sabina. Dando início ao surgimento de uma relação sádica, e alimentando o masoquismo secundário de Sabina, que associava prazer sexual à necessidade de castigos e punições. O casal manteve por um período um vínculo sadomasoquista.

Por fim, Sabina acaba por libertar-se dessa necessidade, rompendo sua relação com Jung, o que viabiliza o surgimento de uma nova relação. O fim de suas crises, possibilitou seu retorno aos estudos médicos, vindo a tornar-se uma psiquiatra discípula de Freud. Tendo atuações importantes no meio psicanalítico, participou inclusive da dedução do conceito de “pulsão de morte”.

Como pano de fundo da relação de Sabina com Jung, vemos o início e o rompimento do vínculo do mesmo com Freud. As similaridades que os uniram e as diferenças de ideias que por fim os separam.

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