Uma Visão da Loucura
Por: Ingrid Dionizio • 14/11/2020 • Resenha • 1.332 Palavras (6 Páginas) • 130 Visualizações
Uma visão da Loucura
- PESSOTI
No presente trabalho usamos a experiência trágica da loucura como matriz de entendimento para os movimentos de exclusão, julgamento e visão da loucura como mal e como doença, e que ainda hoje fica evidenciado nas práticas de saúde mental.
A ideia de loucura mudou muito ao longo dos séculos. Na Grécia antiga, a loucura era considerada um saber divino, acreditava-se que os loucos eram um meio de comunicação com deuses. Na idade média a loucura passou de dom para castigo, pessoas com doenças mentais passaram a ser vistas como “possuídas” por seres malignos. No século XVII todas as pessoas que não se encaixavam nos padrões da sociedade eram considerados loucos, dentre eles também estavam os pobres, mendigos. Nesta época surgiram também os hospitais manicomiais, com o intuito de isolá-las do convívio social. No final do século XVIII, a loucura passa a ser compreendida como doença, ou seja, deixou de ser considerado um problema de ordem social, passando a ordem médica. Já no século XX, ainda considerada doença de caráter psicológico, passaram a ser desenvolvidos remédios antidepressivos, o que inovou a forma de tratamento. A partir de então, a exclusão foi deixada de lado, os tratamentos hoje visam a reinserção dessas pessoas e não mais a exclusão social. Ao logo dos séculos, é possível constatar uma inúmera mudança da loucura e das formas de tratamentos.
O tema da Loucura foi tratado com frequência nas tragédias gregas, e nos mostraram a diversidade que esta poderia ter, nos contando sobre loucuras de todos os tipos e com as mais diversas causas possíveis para a alienação.
Para o desenvolvimento de nossa reflexão, fizemos a leitura e análise comparativa do Conto de Luigi Pirandello – Um cavalo ao Luar e como base reflexiva utilizamos o texto de Pessoti – Os Textos Trágicos – (A loucura e as épocas.) O texto de Pessotti, relata a loucura como uma contingência, natural da vida humana. Não é um episódio dramático decretado pelos deuses, e eles não causam a loucura e o sofrimento. A distorção de pensamentos, e o
descontrole, são produtos de conflitos internos que transcendem qualquer possibilidade de escolha individual, constatando um estado humano de anormalidade. Ainda segundo o texto, a loucura está muito associada à tristeza e os delírios se relacionam com os conflitos psicológicos de natureza humana. O texto não tem características médicas, é literário e trata da loucura como resultado de conflitos penosos: entre paixões, lealdade e deveres, identificando a precariedade da razão humana, nas narrativas apresentadas.
No conto Um Cavalo ao Luar de Luigi Pirandello, identificamos elementos que se assemelham a visão de Pessotti nos Textos Trágicos. Ambos descrevem histórias de paixões e como alguns personagens foram considerados loucos através da sua obsessão pelo outro, assim como Nino para com a sua noiva no Conto citado. Esses sentimentos de paixão qualificaram as pessoas como loucas, pois suas atitudes estavam em desacordo com aquilo que era considerado normal para a época.
Os textos descrevem alguns aspectos sobre a loucura, fantasias e até delírios e como estes podem transformar a realidade de cada sujeito. A precariedade da razão humana é exposta na narração, revelando uma dualidade entre o simbólico e a realidade. Em um momento parece lidar com o real e em outro com a alucinação, criando uma linha tênue entre o real e metafórico, aproximando o leitor da percepção da loucura discutida a partir de um texto literário.
Loucura na Atualidade
Em cada época que vivemos temos um conceito sobre a loucura, a maneira como enxergarmos a loucura é muito influenciada pelo nosso modo cultural, pessoas que foram considerados loucas no passado, provavelmente nesta época não seriam consideradas e poderiam estar trabalhando e vivendo as suas vidas normalmente.
A loucura é uma forma da razão e com o tempo esse contexto passa por transformações, com o passar das épocas a figura da loucura foi mudando e começaram a ver o louco como aquele que está errado, acredita-se que o homem que tem a razão nos leva ao certo e o louco é aquele que não tem direito a verdade e a razão é a única verdade, isto por volta do século XVII; então nesta época os considerados loucos começam a ser internados, nestes grupos estavam inclusos até os alcoólatras. Por volta do século XIX o poder para definir a loucura e o que é normal passou a ser definido pela classe médica e como o médico deveria trazer o louco para essa normalidade.
A prática do internamento, no começo do século XIX, coincide com o momento no qual a loucura é percebida
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