Visita Domiciliar: Uma abordagem complexa
Por: Patrícia Cazzonato • 20/8/2015 • Resenha • 2.420 Palavras (10 Páginas) • 4.231 Visualizações
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PSICOLOGIA E SAÚDE
Professora: Russélia Godoy
Acadêmicas: Érica Patrícia Vieira e Patrícia Cazzonato Hoppen
Período: 5º período B
Curso: Psicologia
Visita Domiciliar: uma abordagem complexa
A finalidade desse trabalho consiste em apresentar, após a leitura do livro ‘Visita Domiciliar: Guia para uma abordagem complexa’, da autora Sarita Amaro (2003), um resumo sobre a obra e uma análise crítica acerca da mesma, mantendo o foco no objeto de estudo em questão, isto é, a visita domiciliar na perspectiva da complexidade.
A autora do livro, Sarita Amaro, possui graduação, mestrado e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. É autora de inúmeros textos científicos, dentre os quais estão mais de 10 livros. Biografa também a conquista de mais de 20 títulos e distinções relacionadas, sendo um destes, o Prêmio Educação - Troféu Pena Libertária, conferido pelo SINPRO-RS, em 2005. Por sua atuação intensa como assistente social na educação, setor em que atuou por mais de 20 anos, tem defendido a institucionalização e qualificação do serviço social nas redes públicas e privadas de educação, com ênfase na promoção dos direitos humanos e sociais no meio educacional, tal preocupação tem sido tema de muitas de suas publicações (MEMORIAL BIBLIOGRÁFICO DO SERVIÇO SOCIAL, 2014).
Ela afirma na apresentação do livro em questão, que os escritos que compõem a obra surgiram do compromisso que a mesma assumiu consigo de colocar no papel seus conhecimentos sobre visita domiciliar, a qual é uma técnica que vem se popularizando, de modo a acompanhar a crescente ação de grupos governamentais e não governamentais nas comunidades. Afirma também, ser necessário desconstruir a imagem estereotipada de que visita é coisa de leigos, cristalizada num empirismo e desprovida de fundamentos. Sendo assim, segundo a autora, é possível difundí-la, oferecendo subsídios para que o seu desenvolvimento ocorra sobre bases éticas, humanas e profissionais. Segundo ela, os capítulos convidam os profissionais a reverem seus conceitos, seduzindo-os para que possam ver a realidade em sua dança complexa. A mesma enfatiza que trata-se de um livro carregado de originalidade, tendo base no pensar complexo da autora e na sua intenção de reestabelecer os fios que ligam a prática da visita à realidade concreta, sendo que tal ‘aventura epistemológica’ destina-se a assistentes sociais, médicos de família, psicólogos comunitários, enfermeiros, agentes de saúde, conselheiros tutelares, acadêmicos e outros segmentos que se utilizam da visita como ferramenta profissional.
Cabe ressaltar que na área da saúde, a visita domiciliar (VD) é uma prática antiga, a qual está sendo resgatada em função das novas políticas públicas. De acordo com Andrade (2002 apud Lopes et al 2008), nos primórdios, a visita domiciliar mantinha a preocupação centrada em evitar doenças e minimizar a dor dos doentes, ao invés de propriamente promover a saúde, a valorização de seu contexto social e a qualidade de vida dos mesmos. Porém, nas últimas décadas, a visita domiciliar passou a ser uma importante estratégia de cuidado, a qual mobiliza a participação da família, gerando assim, avanço do conhecimento. França et al (2006) citado por Lopes et al (2008) escrevem que a partir da reorientação do modelo de atenção à saúde, preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se possível apontar a visita domiciliar como um dos eixos transversais, o qual passa pela universalidade, integralidade e equidade. Pode ser considerada como um espaço de construção de acesso às políticas públicas, devido à relação que se estabelece entre os diferentes sujeitos envolvidos no processo. Com o intuito de alcançar este objetivo, tem-se na prática da visita domiciliar um dos instrumentos essenciais para o entendimento da totalidade dos condicionantes que afetam a vida de cada cidadão. Pode-se dizer que as novas políticas públicas e o modelo de atenção à saúde, a cargo do SUS, incentivam uma maior mobilidade do profissional, ou seja, o profissional da saúde deixa de ficar esperando as pessoas adoecerem, procurando recursos e atuando em seu entorno, de modo a detectar necessidades e promover saúde e cuidado.
Segundo Amaro (2003), visita domiciliar é uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou mais profissionais, junto aos indivíduos em seu próprio meio social ou familiar. A autora também revela que a visita domiciliar é um meio de intervenção que possui pelo menos três técnicas embutidas: a observação, a entrevista e a história ou relato oral. A observação constitui a ação de perceber a realidade ou ter conhecimento de algo ou alguma coisa, encontrando meios necessários para se alcançar os objetivos. Quanto à entrevista, se refere ao instrumento usado pelo profissional junto ao usuário, a mesma poderá ocorrer com perguntas abertas ou semiestruturadas, mas direcionadas à situação social que indica a necessidade da visita domiciliar. Por fim, a história ou o relato oral, os quais pretendem entender o fato ocorrido por meio da escuta.
De encontro a isso, Mioto (2001) afirma que a visita domiciliar é um dos instrumentos que potencializa as condições de conhecimento do cotidiano dos sujeitos, no seu ambiente de convivência familiar e comunitária. As visitas domiciliares “têm como objetivo conhecer as condições (residência, bairro) em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos do cotidiano das suas relações, aspectos esses que geralmente escapam às entrevistas de gabinete”. Complementando, Lopes et al (2008) expõem que a visita domiciliar pode ser compreendida como um método, uma técnica e um instrumento, ou, melhor dizendo, como método se inscreve nas possibilidades das abordagens qualitativas; como técnica requer a interação e a comunicação como fundamentos; e como instrumento faz uso do planejamento e do registro. Ainda, Romanholi (2014) em menção à visita domiciliar na formação médica acrescenta que, na Atenção Primária de Saúde (APS), são muitas as ações realizadas no domicílio, entre estas se podem destacar: o cadastramento, a busca ativa, ações de vigilância e de educação em saúde. A estratégia de visita domiciliar realizada na APS é utilizada por vários programas de saúde como saúde mental, idoso, DST/AIDS, entre outros, que possuem os mais variados objetivos que vão desde acompanhamento, redução de danos até fiscalização no modo de viver das pessoas. A VD também é atividade executada por profissionais das mais diversificadas áreas da saúde como, por exemplo, médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas entre tantos mais.
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