A Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar

Universidade de Brasília

Instituto de Psicologia

Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu

Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar –

Analfabetismo Voluntário: um problema que tem se alastrado na Sociedade da Informação

A reflexão trazida no artigo ‘’Analfabetos Voluntários’’, de J.R.GUZZO publicado na revista Veja de 11 de junho de 2014, é de fundamental importância para os dias atuais. Ao ler o artigo pude repensar bastante minha vida e compreender de fato o que é ser analfabeto. Um dos equívocos que cometemos é o prejulgamento relacionado ao entendimento do que é analfabeto, principalmente nós, que atuamos diretamente na área do social e educacional, e que estudamos no ambiente virtual, compreendemos que tem gente que pode, mas não lê, por falta de interesse. Assim como diz GUZZO (2014), uma turma não difere daquela outra, de analfabetos que simplesmente não podem ler, pois não sabem. Conforme afirma Mário Quintana: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”. Então pude compreender que analfabeto não é só aquele que não saber ler e nem escrever e sim aquele que não quer ler, não quer escrever e acaba se tornando analfabeto voluntário. De acordo com o artigo supracitado, “caso você esteja entre a multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto”.

Hoje em dia, na sociedade da informação, as pessoas buscam meios rápidos e práticos de se comunicarem. Um exemplo disso são os diálogos que ocorrem na internet, em especial nas redes sociais, onde a maioria se utiliza de expressões para facilitar a comunicação como: tb (também) vc ( você), blz(beleza) rsrsrsrs( risos ) kkkkk(risos), e isso criou um novo tipo de comunicação, que para GUZZO (2014) torna a prática da leitura sem valor, deixando de lado a leitura e as expressões e a apreciação de grandes autores que já venderam bilhões de livros, como Shakespeare, Machado de Assis, Victor Hugo e outros. Essa nova comunicação, tem colocado em prática uma forma de escrita pobre, inadequada e fora das normas ortográficas e gramaticais.

Quando Guzzo fala do paradoxo da internet, é realmente preocupante, principalmente pelo fato da rejeição total da leitura por tanta gente, achando o hábito de ler um ‘’ porre’’. Se as pessoas adotam para suas vidas apenas os textos da internet, estão com pouca informação ou informação recheada de desinformação, pois muitos dos conteúdos online são de fonte duvidosa. Embora a pessoa conclua uma faculdade, mas mantenha o hábito de não ler e nem escrever, então ela será analfabeta e isso é notório no mercado de trabalho, pois esse tipo de profissional será tímido para ter iniciativas seguras em relação a tomada de decisões e, suas convicções terão uma base de conhecimento rasa e com pouca ou nenhuma consistência.

Portanto, a pessoa que não gosta de ler está sofrendo um processo letal de emburrecimento crônico, também conhecido como analfabetismo voluntário, e esta tem se tornado analfabeto porque quer! Não quer crescer! Quem não consegue ler, não vai ler o mundo em que vivemos e sofrerá as consequências de entrar na fileira de devotos dos poderosos, justamente por não ter conteúdo, pois somente quem lê tem.

Diante disto, é importante se pensar aonde vamos chegar com uma sociedade composta de pessoas que optam por não ler? É muito possível que estaremos numa verdadeira babel de pseudo-comunicações, pseudo- escritores e pseudo- leitores, justamente pelo fato da sociedade clamar por um tipo de leitura que não produz pensadores, formadores de opinião e sim pessoas passivas que apenas seguem na fila parecidas com as outras que se alienaram por falta de conteúdo. É necessário alertarmos os que estão no nosso convívio a fim de mudarmos o rumo, antes que caiamos num poço de ignorância e de analfabetismo sem fim.

...