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A Gerontologia Social - Demências

Por:   •  18/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  4.036 Palavras (17 Páginas)  •  283 Visualizações

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“Não é justo, não é humano somente prolongar a vida dos que já ultrapassaram a fase de homens adultos, quando se não lhes dá condições para uma sobrevivência digna. Sob este aspecto não há dúvida ao se afirmar que é melhor acrescentar vida aos anos a serem vividos do que anos à vida precariamente vivida.” (Netto e Ponte, 2002:9)

Introdução

Este trabalho é realizado no âmbito da unidade curricular de Gerontologia Social I, cujo objectivo é entender como todo o processo de demência de indivíduos idosos pode estar ligado a um processo de desvinculação do mesmo com a sociedade.

Relativamente ao trabalho, os assuntos falados recaiem sobre o processo de envelhecimento, tanto geral como psicológico, das modificações observadas no processo de envelhecimento; em relação ao que é considerado o cerne do trabalho, este fala sobre a Teoria da desvinculação, défice cognitivo, estabelecendo uma ligação ao conceito de demência.

Segundo Lazaeta (1994), durante o envelhecimento, os principais factores de influência da sociedade sobre o indivíduo são a resposta social ao declínio biológico, o afastamento do trabalho, a mudança da identidade social, a desvalorização social da velhice e a falta de definição sociocultural de actividades em que o idoso possa perceber-se útil e alcançar reconhecimento social.

Com os conceitos que irão ser definidos, o objectivo passa por reter as mais importantes noções tanto da teoria apresentada como tudo o que envolve o tema principal, a demência e interligá-las de modo a estabelecer uma relação. É referido tudo o que envolve o principal tema, sendo que poderá ser útil para mais tarde haver uma detecção de tal doença na ocorrência de um caso onde reconheçam tais características e sintomas.

Após a realização do trabalho, fiquei a ter conhecimento, para além do que apreendi em aula, de noções mais alargadas dos conceitos de envelhecimento, de demência, das consequências presentes no acto do desvinculo social e de tudo o que lhes está associado.

De acordo com o que será apresentado, Kahn e Antonucci (1979) defendem a importância que as actividades no quotidiano terão de forma a fazer entender ao indivíduo idoso as mudanças que são esperadas e que acontecem ao longo do seu ciclo de vida.

  1. Envelhecimento

“O envelhecimento apresenta-se como um processo normal, gradual e universal, implicando um conjunto de transformações que ocorrem em todos os seres humanos com a passagem do tempo, independentemente da sua vontade.” (Sousa, Figueiredo e Sequeira, 2006)

O envelhecimento da população é considerado um dos maiores desafios que são colocados, actualmente, às sociedades, e é muitas vezes, erradamente, confundido com velhice.

Enquanto a velhice é o um estado que caracteriza as pessoas na faixa etária dos 65 ou mais anos, denominada a entrada na reforma e é resultado de um conjunto de componentes fisiológicas, psicológicas e sociais, o envelhecimento é reconhecido como um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie. É também um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações funcionais, psicológicas, morfológicas e bioquímicas que levam a uma perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, resultando numa maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que acabam por levá-lo à morte.

Segundo Baltes (1997, 2004), o envelhecimento é definido como um processo que ocorre ao longo da vida, é dinâmico, complexo e universal, havendo várias trajectórias de vida; é caracterizado ganhos e perdas ao longo de todo o ciclo de vida, sendo consequências da relação interdependente dos recursos pessoais com os recursos do ambiente.

Sendo que o enfoque principal deste trabalho é retratar o envelhecimento psicológico e cognitivo, há outros tipos de envelhecimento como o biológico, o demográfico ou o social.

Para Hoyer, Roodin (2003) o envelhecimento psicológico é estabelecido como as habilidades adaptativas dos indivíduos para se adequarem às exigências do meio.

Este envelhecimento está ligado a processos cognitivos (como a criatividade, inteligência, aprendizagem, controlo emocional ou à memória) e ao desenvolvimento das competências comportamentais e emocionais que fazem com que a pessoa se ajuste às modificações que vão ocorrendo com a idade. As alterações cognitivas situam-se entre o declínio ligeiro e o moderado (como por exemplo, ao nível da velocidade de resposta ou da memória de trabalho), havendo áreas em que o desempenho se mantém ou melhora.

  1. Do ciclo de vida à Desvinculação

O ciclo de vida a nível biológico refere que existe uma deterioração a nível físico, bem como, e decorrente deste, uma diminuição das capacidades cognitivas, como a memória, capacidade e velocidade de resposta, entre outros. O que é certo é que se verifica um número crescente de idosos em que esta deterioração ocorre de forma mais lenta não havendo perdas tão acentuadas como ditadas pelo ciclo de vida biológico.

No que diz respeito ao ciclo de vida dos indivíduos, podemos afirmar que a fase que sucede à designada vida adulta é o envelhecimento ou fase adulta tardia, que é definida como a fase de vida dos indivíduos a partir dos 65 anos de idade. É nesta fase que se dá a desvinculação do indivíduo em diversos aspectos e na qual se dá a deterioração referida anteriormente.

 A Teoria da Desvinculação define o processo pelo qual se dá a mudança na relação entre a sociedade e o idoso, tentando deste modo explicar o processo de envelhecimento (Marshall, 1999).

Esta teoria refere que o indivíduo idoso ambiciona uma redução dos seus contactos sociais. A continuidade da actividade de trabalho trás uma sensação de bem-estar e de utilidade, o que acaba por evitar o confronto com o fim de vida.

Para Cumming e Henry (1961), este é um processo no qual as pessoas se encontram menos inseridas no ambiente que as rodeia, havendo necessariamente uma diminuição das interacções entre a pessoa e o seu sistema social. Apesar deste ser um processo que pode ser iniciado pelo próprio, este resulta muitas vezes da acção que o sistema social impõe ao indivíduo, existindo assim um distanciamento entre os dois.

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