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MANIFESTAÇÃO POPULARES NO BRASIL

Por:   •  29/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.162 Palavras (9 Páginas)  •  146 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Este pequeno estudo trata das manifestações populares no Brasil. Depois dos protestos de junho do ano de 2013, ganhou força um movimento da sociedade que não está organizado através de partidos políticos, nem apresenta uma liderança definida.

O movimento que vem ganhando cada vez mais importância em virtude de demonstrar uma rejeição ao modo de se fazer política nos dias de hoje. Assim, este estudo busca contribuir para o debate sobre a participação política, por meio de uma reflexão sobre elementos que são o centro do debate, como a participação popular, a sociedade civil e o Estado.

1.1 OBJETIVO

Diante do contexto apresentado, o principal objetivo do trabalho é analisar criticamente as recentes manifestações populares no Brasil.

1.2 METODOLOGIA

Para a realização deste estudo foi utilizada a pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2008) esta modalidade de pesquisa se baseia em com consulta a revistas, livros, textos, artigos, e teses entre outros, o que permitirá traçar o referencial teórico relacionado ao tema em questão.


2 AS MANIFESTAÇÕES POPULARES E O SEU SIGNIFICADO

As manifestações ocorridas em meados do ano de 2013 no Brasil expressam a insatisfação da população devido à insuficiência das políticas públicas no país. Para uma melhor compreensão do problema, é necessário analisar o contexto que antecede tais descontentamentos populares.

Para a pesquisadora Tânia Barcelar em seu artigo “As Políticas Públicas no Brasil: heranças, tendências e desafios” publicado em 2003, é preciso compreender a herança das políticas públicas no Brasil.

Para Tânia Barcelar esta herança recente, abrange o período que vai dos anos 30 até os dias de hoje, momento em que o Brasil passa por uma transformação muito grande.

Na década de 20, o Brasil era um país rural e agrícola. O censo de 1920 mostra que 30% da população brasileira vivia nas cidades e 70%, no campo.

Cinqüenta anos depois, acontecia o inverso – 70% nas cidades e 30% no campo. Até 1930, a economia do Brasil era formada por uma economia agrícola. Em 1980, o Brasil era o oitavo PIB industrial do mundo. Depois dos sete grandes, o oitavo era o Brasil. Isto oferece uma ideia da transformação de perfil na sociedade e na economia em meio século (BARCELAR, 2003).

O que alguns países demoravam séculos para fazer, o Brasil conseguiu em cinquenta, sessenta anos. Transformou-se numa potência industrial média, com a grande parte da sua gente habitando as cidades. Este é o perfil atual do Brasil (BARCELAR, 2003).

Na tentativa de compreender os dias atuais, é preciso possuir a informação de que situação havia anteriormente e que heranças e traços foram se fixando nesse percurso.

Conforme Barcelar (2003), fundamentalmente, o que marcava o Estado brasileiro nesse período (1920-1980) era seu caráter desenvolvimentista, conservador, centralizador e autoritário.

Diferente da Europa, não representava um Estado de Bem-Estar Social. O Estado era o promotor do desenvolvimento e não o transformador das relações da sociedade. Um Estado conservador que conseguiu promover mudanças extraordinárias sem mudar a estrutura de propriedade, por exemplo.

Nessa etapa, a grande meta do Estado brasileiro era concretizar o processo de industrialização. Desde o início do século, optou-se pela industrialização. A grande dificuldade era materializar esse processo e fazer do Brasil uma grande potência. Dessa forma, o objetivo principal era de ordem econômica: edificar uma potência intermediária no cenário mundial (BARCELAR, 2003).

Segundo Barcelar (2003) Estado centralizador que, em muitas ocasiões da nossa vida recente, associa-se ao autoritário. Basta lembrar a longa ditadura no período Vargas e, em seguida, uma longa ditadura nos governos militares pós-64. Assim, o viés autoritário é muito presente nas políticas públicas do país (BARCELAR, 2003).

Para Barcelar (2003) a centralização faz com que as propostas surjam de cima para baixo, e essa é uma tradição das políticas sociais no país. Soma-se a isso a consequente dificuldade de estimular a participação da sociedade (BARCELAR, 2003).

Os anos 90 serão de transformações na economia mundial. A economia capitalista inicia uma crise nos anos 90, e o que se verifica é uma etapa de preparação e de mudanças, talvez para outro momento de desenvolvimento, que ainda não se firmou.

Tratando da ainda da herança cabe mencionar a contribuição de Evelina Dagnino no seu artigo “Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando?” publicado em 2004. Nele a autora analisa os impactos neoliberais na cultura política.

Nele, a autora afirma que há no Brasil um dilema da construção democrática do qual as raízes fazem menção à dois processos distintos. De um lado, existe um processo de alargamento da democracia, que se manifesta na criação de espaços públicos e na crescente participação da sociedade civil nos processos de discussão e de tomada de decisão relacionados com as questões e políticas públicas (DAGNINO, 2004).

 Esse projeto surge da luta contra a ditadura militar empreendida por parcelas da sociedade civil, entre os quais os movimentos sociais cumpriram um papel de extrema relevância (DAGNINO, 2004).

O outro aspecto é que, com a eleição de Collor em 1989 e como artifício da estratégia do Estado para a implementação do ajuste neoliberal, acontece a emergência de um projeto de Estado mínimo que se isenta gradativamente de seu papel de garantidor de direitos, por meio do encolhimento de suas responsabilidades sociais e sua transferência para a sociedade civil. Dagnino (2004) demonstra que a década de 1990 é caracterizada pela combinação desses dois projetos.

No entanto, o progresso da estratégia neoliberal estabeleceu um profundo desvio na cultura política no Brasil e na América Latina. O projeto neoliberal encontra no Brasil um adversário, o que irá determinar as direções específicas às estratégias e formas de atuação das forças neoliberais (DAGNINO, 2004).

Conforme Dagnino (2004) os conceitos de sociedade civil, participação e cidadania conservam entre si uma estreita ligação e foram escolhidos devido ao fato de representarem, na perspectiva dessa autora, os elementos centrais objeto de um deslocamento de sentidos que representa o mecanismo privilegiado na disputa política que se trava atualmente às margens da democracia da sociedade brasileira.

Para Dagnino (2004) houve uma redefinição da noção de sociedade civil em que o projeto neoliberal tem deslocado o significado de sociedade civil e identificando-a com o de ONG’S. Nesse sentido, o Estado opta pelas ONG’s por estas evitarem a politização da interlocução com os movimentos sociais.

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