MOVIMENTO LGBT E LUTAS POR POLÍTICAS PÚBLICAS EM RECIFE NOS ANOS DE 2000 A 2010
Por: Luciano Mobby • 18/9/2022 • Projeto de pesquisa • 3.006 Palavras (13 Páginas) • 112 Visualizações
1.0 INTRODUÇÃO:
O presente relatório é fruto do trabalho desenvolvido no projeto de pesquisa “Movimento
LGBTQIA +(lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais, queers, pansexuais, agêneros,
pessoas não binárias intersexuais e +), e lutas por políticas públicas em Recife no ano de
2002: conquistas, desafios e lutas sociais” sob orientação da professora Raquel Cavalcante
Soares, docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco -
UFPE. A pesquisa trata-se de um estudo a partir de análises documentais, tendo como
objetivo discutir os desafios para a organização e lutas do movimento LGBTQIA+, em
Recife/PE, e suas respectivas conquistas no período de 2002. O movimento aqui apresentado
foi marcado em toda sua trajetória, perseguido e recriminado, tornou-se um exemplo enquanto
movimento composto geralmente por membros da sociedade civil organizou-se, resistiu e luta
pelo reconhecimento de seus direitos como cidadãos, que perpassa pela educação, trabalho,
saúde, assistência e habitação, que tem como marca o reconhecimento dos efeitos da
discriminação e exclusão, e seus objetivos visam à redução das desigualdades, o
reconhecimento de direitos, o respeito, exclusão e injustiça social. Partindo desse cenário de
animosidades orientamos nossa pesquisa no sentido de analisar a participação desses
movimentos sociais, bem como, catalogar a atuação dos mesmos suas conquistas, desafios,
avanços e retrocessos ocorridos no período citado. A aproximação com a temática a ser
pesquisada surgiu a partir do contato com o movimento homossexual da cidade de Paulista
(GHP), região metropolitana de Recife, despertando-nos o interesse em conhecer a trajetória
dessas conquistas, como foram articuladas, e efetivadas enquanto políticas públicas. Segundo
Alejanda Pastorini,
“não se trata de uma relação unilinear onde as classes subalternas
”conquistam” e o Estado “concede”, mas sim de um processo nele
inseridos têm ganhos e perdas, ao mesmo tempo que lutam e
pressionam, “conquistam” e “concedem” alguma coisa aos demais
sujeitos envolvidos” (PASTORINI,1997).
Segundo Maria da Glória Gohn os movimentos sociais geram uma série de inovações nas
esferas públicas e privadas, participando direta ou indiretamente da luta política de um país e
contribuindo para o desenvolvimento e transformação da sociedade política e civil, assim a
autora conceitua:
Movimentos sociais são ações coletivas de caráter sócio político,
construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e
camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo
político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se
a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações
de conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo
social e político-cultural que cria uma identidade coletiva a o
movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade
decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir
da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados
pelo grupo. “(GOHN, 2000, p. 13)
Ainda, segundo a autora, com relação à definição de movimento social, é necessário
destacar algumas diferenciações. Assim, um dos conceitos de movimentos sociais acerca dos
grupos de interesses, dito isso, os participantes desses devem possuir propensões em comum.
Assim, para se tornar uma categoria de movimento é preciso que estes tenham características
semelhantes em relação à identidade. Nesse sentido, os grupos precisam de alguma
identificação específica, pois assim estarão habilitados para iniciar uma ação. Então, esta
habilitação se daria através das seguintes identificações: ser negro, mulher, não ter moradia,
etc. Estes possuem um histórico cultural que lhes dá suporte para organizarem as suas ideias
em relação às ações que devem tomar frente às demandas em comum. (GOHN, 2000)
Conforme dito em outros momentos pela autora a história enfatiza as formas de lutas e
movimentos sociais a dominação, a exploração econômica e contra a exclusão social; aponta
que não é um problema somente contemporâneo, ele vem desde o Brasil colônia. Gohn (2020)
nos mostra que os movimentos e lutas sociais registrados no Brasil colônia eram de negros,
índios, escravos, plebe e pobres. Portanto, a história do Brasil é marcada por lutas e revoltas de
coletivos populares. O recorte temporal da pesquisa deve-se ao momento em que surgem os
primeiros movimentos legítimos, as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que
defendiam os direitos dos cidadãos LGBTQI+. O movimento gay Leões do Norte foi o
pioneiro
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