OS DETERMINANTES SOCIAIS E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES IDOSOS

DETERMINANTES SOCIAIS E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES IDOSOS

INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano é um processo natural e universal que ocorre gradativamente ao longo do curso da vida, a maturação do organismo perpassa as fases da infância, adolescência, vida adulta e por fim a velhice. Atualmente as classes sociais e regiões do país, com uma velocidade sem correspondência na experiência histórica dos países

hoje desenvolvidos.¹

Através da transição demográfica supracitada, evidencia-se a necessidade da promoção de um envelhecimento equilibrado, considerando as potencialidades e limitações do idoso. Ou seja, há de se entender o processo de envelhecimento em suas facetas biológicas e sociais, compreendendo a velhice através de uma ótica consciente e embasada com viés cientifico. É necessário diferenciar os termos que abrangem a discussão do tema, o idoso é considerado a pessoa com mais de sessenta anos de idade, sendo este o sujeito que representa as facetas do processo de envelhecimento. A velhice é compreendida como a construção do fenômeno e a terceira idade refere-se aos “jovens velhos” ativos socialmente. Atualmente há três grupos de pessoas mais velhas, os idosos jovens de 65 a 74 anos, que costumam a ser ativos e vigorosos.² Os idosos velhos, de 75 a 84 anos e os idosos mais velhos de 85 anos ou mais, com tendência a enfermidades e dificuldades de desempenhar atividades diárias. Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU³ o número de idosos no mundo crescerá para 1,4 bilhão em 2030, já em escala nacional o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE4 aponta nas projeções que no ano de 2042, teremos 57 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil.

Compreender o envelhecimento como um processo sócio vital multifacetado e se conscientizar de que se trata de um fenômeno irreversível é de suma importância para que todos, profissionais da saúde, governo, sociedade em geral e os

próprios idosos, vejam a velhice não finitude, mas como um momento do ciclo da vida que requer cuidados específicos, o qual pode e deve ser desfrutado com qualidade.5

O conceito de qualidade de vida compreende aos aspectos fundamentais de vida do ser humano, podem-se

considerar os aspectos biológicos, psicológicos, emocionais, sociais, econômicos, ambientais, as relações com a família e sociedade e suas perspectivas. Os determinantes da saúde do idoso são categorizados pelas condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais, as condições de vida e de trabalho, as redes sociais e comunitárias, comportamentos e estilos de vida.6 Por mais que o envelhecimento demográfico avance, há a compreensão de que nem todos os idosos envelheçam de forma saudável e ativa, frente ao exposto, podem-se associar as iniquidades presentes durante envelhecimento através dos determinantes sociais em saúde. A vulnerabilidade ocasionada pelo envelhecimento é de ordem social, biológica e psicológica. Envelhecer é um fator de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares pelas próprias alterações anatomofuncionais, o estilo de vida fomenta a vulnerabilidade. Os cuidados em relação a doenças cardiovasculares em idosos são primordiais, pois estes pacientes além de cardiopatas possuem demais comorbidades. Para este segmento populacional há o acompanhamento pela especialidade de Cardiogeriatria, voltada para o cuidado do idoso cardiopata. O idoso é mais suscetível a doenças crônicas, não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial, que comprometem sua saúde e bem-estar. Muitas pessoas atravessam as primeiras décadas de vida, com déficit em saúde e educação, os pilares de um bom desenvolvimento ocorre o fenômeno global do envelhecimento demográfico, causado pelas baixas taxas de natalidade e pela longevidade.

Uma das mais significativas mudanças demográficas verificadas no Brasil nos últimos decênios deste século têm sido a redução dos níveis de fecundidade, que se dá em todas humano. As desigualdades apresentadas no curso de vida do idoso comprometem seu estado de saúde, neste sentido, o padrão de qualidade de vida pode ser influenciado pelos determinantes sociais em saúde. Face ao exposto, a atuação da equipe multiprofissional compreende ações que visem à promoção e prevenção em saúde, a equipe pode ser constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos entre outros. O assistente social desenvolve o seu trabalho junto à equipe multidisciplinar, através de ações que identifiquem questões de natureza social, econômico e cultural que estejam comprometendo a adesão da proposta terapêutica do paciente.

O atendimento direto aos usuários se dá, nos diversos espaços de atuação profissional na saúde, desde atenção básica até aos serviços que se organizam a partir de ações de média e alta complexidade [...] As ações que predominam no atendimento direto são as ações socioassistenciais, as ações de articulação interdisciplinar e as ações socioeducativas.

Essas ações não ocorrem de forma isolada, mas integram o processo coletivo do trabalho em saúde, sendo complementares e indissociáveis.7 Através da identificação do padrão a qualidade de vida dos pacientes idosos, torna-se fundamental elaborar estratégias de atuação profissional que garantam um envelhecimento saudável. Assim este estudo tem como objetivo geral: Identificar a influencia dos determinantes sociais em saúde na qualidade de vida dos pacientes idosos matriculados na unidade clinica de cardiogeriatria. Os objetivos específicos foram: identificar o perfil sócio demográfico dos pacientes idosos matriculados na Unidade Clinica de Cardiogeriatria; discutir a relação entre determinantes sociais de saúde e qualidade de vida dos pacientes idosos matriculados na Unidade Clinica de Cardiogeriatria; Discutir a atuação do assistente social na promoção da saúde dos pacientes idosos matriculados na Unidade Clinica de Cardiogeriatria.

MÉTODO

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Todos os sujeitos foram informados sobre os objetivos da pesquisa e voluntariamente assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Tratou-se de um estudo transversal e descritivo, realizado no Instituto do Coração (InCor / HCFMUSP), com pacientes cardiopatas matriculados na Unidade Clinica de Cardiogeriatria no ano 2019/2020. Foram incluídos na pesquisa os pacientes idosos com mais de 70 anos, ambos os sexos, que concordassem em participar do estudo. Foram excluídos os pacientes com alterações neurológicas ou cognitivas, que impedissem de responder aos instrumentos de coleta de dados. A amostra do estudo foi composta por 50 pacientes, encaminhados pela equipe médica agendados no Ambulatório da Unidade Clinica de Cardiogeriatria e também atendidos por demanda espontânea durante rotina de atendimento ambulatorial pelo Serviço Social, durante o período da coleta de dados. Utilizamos o questionário WHOQOL – OLD elaborado pelo grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde em 1999, com o propósito de ser um instrumental que realize a abrangência de diferentes culturas, desta forma realizando a avaliação qualidade de vida em panorama internacional. Utilizamos a sua versão traduzida com questionário é utilizado em investigações cientificas, a fim de se identificar o nível de qualidade de vida de idosos. Este instrumento é constituído por 24 perguntas, atribuídas em seis blocos, com quatro questões cada um. Os blocos são denominados: Funcionamento do Sensório (FS) para questões referentes a funcionamento dos sentidos; Autonomia (AUT) referente à autonomia na vida diária em tomada de decisões; Atividades Passadas, Presentes e Futuras (PPF) concerne à percepção sobre o passado e esperança para o futuro; Participação Social (PSO) em relação às atividades sociais e familiares; Morte e Morrer (MEM) percepção sobre o processo de morte; Intimidade (INT) referente a relacionamentos íntimos.8 Utilizamos o formulário estudo sócio demográfico elaborado pelo Serviço Social do Incor, constituído de perguntas fechadas, composto por 11 questões referentes a gênero, estado civil, estado conjugal, procedência, etnia, religião, escolaridade, atividade trabalhista e benefício previdenciário/assistencial. Os dados coletados receberam tratamento estatístico.