Resenha Negro na Ciência
Por: Magda silva bazola • 9/6/2020 • Resenha • 1.054 Palavras (5 Páginas) • 196 Visualizações
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Título do Projeto: Ser negro – uma identidade em construção.
Resenha
Referência bibliográfica: NASCIMENTO, G. O negro na ciência brasileira contemporânea através de duas amostras. Revista Espaço Acadêmico, v. 18, n. 206, p. 110-123, 6 jul. 2018.
O negro na ciência brasileira contemporânea através de duas amostras
Este texto versa sobre como a presença do negro na ciência brasileira ainda é um tema pouco discutido entre educadores e pesquisadores, em qualquer âmbito da educação, ciência e tecnologia. Apresentam-se duas amostras, retiradas de dois grupos de trabalho, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa), na prerrogativa de apresentar um perfil etnicorracial da ciência brasileira e analisar a presença do racismo epistêmico no que se refere a conhecimento. Essas amostras nos remetem, no caso da Capes, à presença do negro pós-graduado nos programas de pós-graduação recomendados pela agência e, no caso do CNPq, a participação dos negros nos Comitês de Assessoramento (CAs) do CNPq.
O racismo epistêmico é utilizado nas pesquisas internacionais pelos teóricos latino-americanos para analisar as formas de construção do conhecimento pelas chamadas amarras ocidentais do colonialismo e da imposição moderna pelo histórico escravista e de exploração há séculos. O conceito norte utilizado para análise do que é o racismo epistêmico no trabalho de Nascimento (2018) foi retirado das obras de autores como Ramon Grossfoguel, Walter Mignolo, Santiago Castro Gómez e da Linda Alcoff, autores que trazem que o racismo epistêmico se configura por uma noção de sujeito criada e difundida no mundo colonial pelo europeu branco e mantida através das elites brancas locais. Esse conceito foi constatado na relação entre colonialidade e poder no mundo ocidental. O que se refere a racismo epistêmico muitas vezes surge na própria confusão entre eurocentrismo X fundamentalismo. Segundo Grossfoguel (2007) apud Nascimento (2018), isso reflete um perigo da teoria pós-colonial, pois a postura crítica em relação ao Ocidente não deve deixar de levar em conta que a falta de discussão pode levar a uma limitação de pensamentos fundamentalistas.
No contexto de colonialidade do poder em que é configurado o racismo epistêmico, encontram-se o ódio entre os povos que foram colonizados e a desvalorização do ser negro pelo próprio negro. Desta forma, o racismo epistêmico é entendido como um conjunto de configurações de hierarquização do pensamento para a construção do pensamento de uma epistemologia branca, heterossexual e de matriz burguesa que decide o que é conhecimento e destrói, subrepresenta, invisibiliza e apaga as genealogias de produção intelectual não-branca.
A Capes foi criada como campanha de formação qualificada para a pesquisa através do Decreto 29.741 de 1951. Ela é um dos mais importantes referenciais de regulação técnicos científicos do mundo, sendo capaz de recomendar milhares de programas espalhados pelo Brasil, além da condução de editais de financiamento, programas de parceria e descentralização e organização do sistema de pós-graduação.
No contexto da Capes, a inexistência de dados etnicorraciais na pós-graduação é um dos maiores fatores que ajudam a dar impulso ao racismo epistêmico e cordial. A Capes é regida por normas criadas por seu próprio colegiado e tem grande participação da comunidade científica. Apesar de ser analisada em vários aspectos, quase ou nunca o é através do recorte racial. Inclusive na base de dados da própria Capes não foi incluída a base de autodeclaração etnicorracial como mecanismo de análise e constituição da sua base de dados. Com o objetivo de discutir a inclusão social de comunidades marginalizadas na pós-graduação e com a representação dessas comunidades, a Capes apresentou, através de agentes credenciados, alguns dados referentes à composição do perfil etnicorracial na pós-graduação brasileira. Como se sabe, os agentes da pós-graduação têm ausência total de autodeclaração e de meios para compreender a realidade etnicorracial e socioeconômica dos pós-graduandos, sendo os dados mencionados os primeiros dados fornecidos pela Capes sobre a composição dos pós-graduandos brasileiros.
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