SÍFILIS CONGÊNITA: A INTERPRETAÇÃO DAS MÃES DOS RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL
Por: Camila Cordovil • 21/4/2018 • Monografia • 9.171 Palavras (37 Páginas) • 243 Visualizações
SÍFILIS CONGÊNITA: A INTERPRETAÇÃO DAS MÃES DOS RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA, PARÁ
Anne Caroline Miranda da Silva[1]
AderliGoes Tavares[2]
RESUMO: Sífilis Congênita é o resultado da infecção do feto por meio da transmissão vertical pelo Treponema pallidum, quando a gestante infectada não é tratada ou tratada inadequadamente. O objetivo deste estudo foi identificar o entendimento das mães sobre a sífilis congênita e analisar o perfil socioeconômico das famílias envolvidas. Pesquisa de abordagem qualitativa de cunho descritivo, da qual participaram 6 mães com idade acima de 18 anos, que se encontravam com recém-nascidos internados em unidade neonatal para tratamento de sífilis congênita em um hospital de referência, localizada no município de Bragança, PA, entre julho de 2016 a fevereiro de 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada, e essas mães foram submetidas à análise temática que gerou três categorias como: as mães interpretam a transmissão da sífilis; entendimento das mães sobre a internação dos recém-nascidos; compreensão das informações repassadas pelo profissional. A pesquisa revelou que as mães apresentavam um grande déficit de conhecimento em relação ao tratamento da sífilis/sífilis congênita e pouco entendimento sobre as informações repassadas pelos profissionais do pré-natal e da unidade neonatal do HSAMZ sobre os cuidados com os recém-nascidos, fator esse que dificulta no entendimento sobre a gravidade da doença, tornando-se um grave problema para a saúde dos usuários.
Palavras-chave: Sífilis Congênita; Saúde Pública; Pré-natal; Unidade Neonatal; Serviço Social.
ABSTRACT: Congenital syphilis is a result of infection of the fetus through vertical transmission by Treponemapallidum, when the infected pregnant woman is not treated or treated inappropriately. The objective of this study was to identify the mothers' understanding of congenital syphilis and to analyze the socioeconomic profile of the families involved. A descriptive, qualitative approach was carried out in which six mothers aged 18 years and older participated in the study with newborns admitted to a neonatal unit to treat congenital syphilis at a referral hospital in the city of Bragança, Between July 2016 and February 2017. The data collection was performed through a semi-structured interview, and they were submitted to thematic analysis that generated three categories: how the mothers interpret the transmission of syphilis; Mothers' understanding of newborn hospitalization; Understanding of the information passed on by the professional. The research revealed that the mothers presented a great deficit of knowledge regarding the treatment of syphilis / congenital syphilis and little understanding about the information passed by prenatal professionals and the neonatal unit of the HSAMZ, a factor that makes it difficult to understand the severity Of the disease, becoming a serious problem for the health of users.
Keywords:Congenital Syphilis; Public health; Prenatal; Neonatal Unit; Social Service.
INTRODUÇÃO
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A pesquisa foi realizada em um hospital localizado no município de Bragança, nordeste do Estado do Pará, Região Norte, Brasil. Uma entidade filantrópica, beneficente de assistência social na área da saúde, contratualizado com o Sistema Único de Saúde (SUS), realizando metas quantitativas e qualitativas por meio de ações e serviços de média e alta complexidade, sendo a principal unidade hospitalar estratégica na região de saúde atlântico caetés do estado do Pará, composta por 16 (dezesseis) municípios: Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, Ourém, Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu.
Desta forma, a presente pesquisa objetiva interpretar o entendimento das mães sobre a sífilis congênita e analisar o perfil socioeconômico das famílias dos recém-nascidos internados em unidade neonatal. A pesquisa reafirma a garantia da assistência à saúde das mães, dos companheiros e de seus recém-nascidos, e se propõe a trocar conhecimentos acerca da doença entre mães e profissionais. Os entendimentos sobre a doença, complementados com a realidade socioeconômica buscam contextualizar a interpretação das mães sobre sífilis congênita.
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), atualmente as doenças sexualmente transmissíveis vêm se configurando como um importante problema de saúde pública. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as DST estão entre as cinco principais causas de procura por serviços de saúde. Dentre essas doenças infecciosas, encontra-se a sífilis, uma doença sexualmente transmissível, sendo o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum.
Segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (2016) sobre a sífilis congênita, no ano de 2015, foram notificados 19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. Na região norte, a sífilis em gestante é detectada no 3º trimestre com a maior taxa comparada às das outras regiões, com um total de 49,7% de incidência. No Pará, a sífilis congênita é de 4,6 % de nascidos vivos, estando no 11º lugar no Brasil (MS, 2016).
A sífilis congênita (SC) pode ser evitada por meio de assistência pré-natal qualificada que garanta a identificação da infecção materna durante a gestação e o tratamento com penicilina, cuja eficácia é em torno de 95% a 100%.
A falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita (MULLICKet al., 2004), o que aponta para um problema de saúde pública, principalmente na atenção primária.
Entre os fatores de risco que contribuem para que a alta prevalência de SC se mantenha estão: o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade, promiscuidade sexual e, sobretudo, a falta de adequada assistência pré-natal (RODRIGUES; GUIMARÃES et al., 2004).
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