Agroecologia
Trabalho acadêmico: Agroecologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: paula_andreia • 14/9/2014 • Trabalho acadêmico • 8.071 Palavras (33 Páginas) • 468 Visualizações
Introdução
Altieri (1977), em seu primeiro manual sistemático, a agroecologia foi
definida como sendo “as bases científicas para uma agricultura ecológica”.
Seu conhecimento haveria de ser gerado mediante a orquestração das
visões de diferentes disciplinas para, mediante a análise de todo tipo de
processos da atividade agrária, em seu sentido mais amplo, compreender o
funcionamento dos ciclos minerais, das transformações de energia, dos
processos biológicos e das relações socioeconômicas, como um todo.
Provavelmente, até agora, na caracterização mais acabada de agroecologia,
se desvela, em grande medida, o funcionamento ecológico necessário para
se praticar uma agricultura sustentável (GLIESSMAN, citado por GUZMÁN
CASADO et al., 2000). Isso sem esquecer da eqüidade, ou seja, da busca da
agroecologia a um acesso igualitário aos meios de vida. A integralidade do
enfoque da agroecologia requer, pois, a articulação de suas dimensões técnica
e social (SEVILLA GUZMÁN e GONZÁLEZ DE MOLINA, citado por GUZMÁN
CASADO et al., 2000).
Nos últimos anos, a agroecologia está virando moda, ao ser utilizada
como mera técnica ou instrumento metodológico para compreender melhor
o funcionamento e a dinâmica dos sistemas agrários e resolver a grande
quantidade de problemas técnico-agronômicos que as ciências agrárias
convencionais não conseguem esclarecer. Contudo, essa dimensão restrita –
que está conseguindo bastante espaço no mundo da pesquisa e do ensino
como um saber essencialmente acadêmico – carece totalmente de
compromissos socioambientais. Nessa maneira de entender a agroecologia,
as variáveis sociais funcionam para compreender a dimensão entrópica da
deterioração dos recursos naturais nos sistemas agrários.
Assim, assume-se a importância, mas não se buscam soluções globais
que ultrapassem o âmbito da propriedade ou da técnica concreta que se
encontra em questão. Na realidade, essa adulteração da agroecologia ou
agroecologia fraca não se diferencia demais da agronomia convencional e
não prevê nada, além de uma ruptura parcial das visões tradicionais.
Num sentido amplo, a agroecologia possui uma dimensão integral, na
qual as variáveis sociais ocupam um papel relevante, mesmo porque, partindo
da dimensão técnica anteriormente assinalada e tendo seu primeiro nível de
análise na propriedade agrária, é a partir daí que se pretende compreender
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Agroecologia: Princípios e Técnicas para uma Agricultura Orgânica Sustentável
as múltiplas formas de dependência que o funcionamento atual da política e
da economia provoca nos agricultores. Os outros níveis de análise da
agroecologia (GUZMÁN CASADO et al., 2000) consideram como central a
matriz comunitária em que se insere o agricultor, isto é, a matriz sociocultural
que proporciona uma praxis intelectual e política à sua identidade local e à
sua rede de relações sociais.
A agroecologia pretende, pois, que os processos de transição da
agricultura convencional para a agricultura ecológica, na unidade de produção
agrícola, se desenvolvam nesse contexto sociocultural e político e suponham
propostas coletivas que transformem as relações de dependência anteriormente
assinaladas. Para tanto, a agroecologia – que por sua natureza ecológica se
propõe a evitar a deterioração dos recursos naturais – deve ir além do nível
da produção, para introduzir-se nos processos de circulação, transformando
os mecanismos de exploração social (evitando assim a deterioração causada
à sociedade nas transações mediadas pelo valor de troca).
A agroecologia aparece assim como desenvolvimento sustentável, ou
seja, a utilização de experiências produtivas em agricultura ecológica na
elaboração de propostas para ações sociais coletivas que demonstrem a lógica
predatória do modelo produtivo agroindustrial hegemônico, permitindo sua
substituição por outro que aponte para uma agricultura socialmente mais
justa, economicamente viável e ecologicamente apropriada (GUZMÁN
CASADO et al., 2000).
Isso acarreta importantes implicações. O papel destacado que a análise
dos agroecossistemas permite às variáveis sociais, envolve o pesquisador na
realidade estudada, na medida em que este aceita colocar em pé de igualdade
com seu conhecimento, o conhecimento local gerado pelos produtores. Além
disso, as novas propostas produtivas, em sua dimensão de desenvolvimento
social, requerem uma pesquisa/ação participativa que destrua a natureza de
objeto estudado normalmente atribuída aos produtores.
Essa
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