Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador
Por: Ghabriela Oliveira • 20/8/2015 • Resenha • 1.023 Palavras (5 Páginas) • 439 Visualizações
O artigo "Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador" de René Mendes e Elizabeth Costa Dias trás uma revisão sobre os conceitos e práticas da medicina do trabalho à saúde do trabalhador, passando pela saúde ocupacional.
O artigo busca responder algumas questões sobre os três temas citados:
- Quais as principais características da medicina do trabalho (em sua origem e evolução)?
- Como e por que a medicina do trabalho evoluiu para a saúde ocupacional?
- Por que o modelo da saúde ocupacional se mostrou insuficiente?
- Como surgiu a saúde do trabalhador e suas principais características?
Em relação à primeira questão, mostrando suas características em sua origem e evolução, os autores relatam que a medicina do trabalho teve origem no século XIX, na Inglaterra, em plena Revolução Industrial. Uma vez que as condições degradantes de trabalho geradas pelo processo acelerado e desumano de produção comprometiam de forma crucial a saúde dos trabalhadores da época, os patrões começaram a notar que essas condições de saúde tornavam o processo de produção inviável e traziam prejuízo. Foi quando o dono de uma fábrica têxtil chamado Robert Dernham, vendo o prejuízo trazido pelo adoecimento de seus funcionários, junto ao fato deles não possuírem acompanhamento médico, decidiu procurar seu médico particular, o Dr. Robert Baker, para auxilia-lo a resolver essa situação e diminuir o prejuízo.
Então o Dr. Baker sugeriu a presença de um médico no interior da fábrica, para que ele pudesse atender os funcionários doentes e afasta-los para tratamento, sem admitir qualquer relação do trabalho com o processo de saúde-doença e, portanto, sem qualquer tipo de prevenção contra doenças e acidentes ou modificação das condições de trabalho.
A decisão do senhor Robert Dernham foi contratar o Dr. Baker para trabalhar na sua fábrica, surgindo assim, em 1830, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Seguindo este primeiro modelo a medicina do trabalho teria as seguintes características:
- Os médicos do trabalho deveriam ser serviços dirigidos por pessoas de confiança do empresário e que se dispusessem a defendê-lo.
- Deveriam ser serviços centrados na figura do médico.
- A prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos de trabalho deveriam ser tarefa eminentemente do médico.
- A responsabilidade pela ocorrência dos problemas de saúde ficava transferida ao médico.
A execução de serviços baseados nesse modelo rapidamente se espalhou por outros países, no decorrer do processo de industrialização. Por conta da precariedade ou inexistência dos sistemas de assistência à saúde, os médicos de empresas passaram a exercer um papel vital nesse sistema, criando uma dependência do trabalhador e do empregador com este médico, e este médico acaba exercendo controle direto sobre a força de trabalho deste trabalhador.
Com a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), surgem novas preocupações em torno da medicina do trabalho e varias mudanças surgem. Em 1959 a OIT aprova a Recomendação 112 sobre os "Serviços de Medicina do Trabalho", que passou a servir como instrumento normativo no âmbito internacional. De acordo com a Recomendação 112 a medicina do trabalho designa um serviço organizado nos locais de trabalho destinado a:
- Proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que decorra do trabalho ou das condições em que ele é cumprido.
- Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, através da adaptação do trabalho ao homem e pela colocação deste em setor que atenda às suas aptidões.
- Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.
Em relação a segunda questão, o texto descreve o custo provocado pela perda de vidas ou por doenças do trabalho no período da guerra e pós-guerra, provocando desta forma, pesadas indenizações por incapacidade geradas por acidentes no ambiente de trabalho. A tecnologia industrial evoluíra de forma acelerada, traduzida por novos processos, novos equipamentos e novos produtos. Por conta desses avanços a medicina do trabalho não consegue intervir de forma adequada sobre os problemas de saúde causados por esse processo de produção e esses avanços tecnológicos. Em resposta a essa situação, surge uma solução cientifica e racional, a ampliação da atuação médica, antes direcionada apenas ao trabalhador, agora passa a ser direcionada também ao ambiente de trabalho. Surge então a Saúde Ocupacional, com equipes multi e interdisciplinares e ênfase na higiene industrial.
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