Estudo dirigido: As categorias de Gramsci e a realidade brasileira e dialética da dependência
Por: prispereira94 • 29/1/2017 • Resenha • 1.658 Palavras (7 Páginas) • 360 Visualizações
POLÍTICA E SEGURIDADE NO BRASIL
Estudo dirigido dos textos: “As categorias de Gramsci e a realidade brasileira” e “dialética da dependência”
Rio de Janeiro
2015
- Analise as possíveis relações entre os textos de Marini e Coutinho a respeito da dinâmica econômica-política brasileira.
Os textos se completam no sentido de apesar de desenvolverem o tema igual, abordando a política capitalista e suas implicações societárias, ambos seguem rumos diferentes para explicarem suas teorias. O autor Ruy Mauro Marini tem como prioridade destacar as diferenças entre os países centrais do capitalismo e os países periféricos, no qual tiverem seu desenvolvimento através da lógica exportadora. Já Carlos Nelson Coutinho traz as teorias de Gramsci e os seus rebatimentos para a realidade histórica e contemporânea da sociedade brasileira. É necessário primeiro haver um entendimento acerca da teoria do autor Ruy Mauro Marini para que posteriormente faça a conexão de um texto com o outro.
Marini vai começar dizendo que países periféricos jamais terão seu desenvolvimento igual ao países centrais do capitalismo: “O que deveria ser dito é que, ainda que se trate de um desenvolvimento insuficiente das relações capitalistas, essa noção se refere a aspectos de uma realidade que, por sua estrutura global e seu funcionamento não poderá desenvolver-se jamais da mesma forma como se desenvolveram as economias capitalistas como as chamadas avançadas.” Importante ressaltar que com exceção dos Estados Unidos, nenhum país pertencente aos países centrais ou avançados do sistema foram colonizados. Essa observação é necessária visto que o Brasil, desde a época em que era uma colônia de Portugal, sempre teve suas matérias primas levadas para fora do país. Não atoa o Brasil se especializou em produzir para o ramo de exportação. Isso não é uma exclusividade do Brasil, visto que o autor afirma que a América Latina sempre teve como objetivo a produção para exportação. O autor traz a definição da economia de exportação: “a economia exportadora [...] é uma formação social baseada no modo capitalista de produção, que acentua até o limite as contradições que lhe são próprias”. Essa exportação de matéria prima, ainda sendo colônia, fez com que os países da América Latina ajudassem no desenvolvimento das grandes indústrias que estavam por vir. O autor afirma que esse foi o marco para o desenvolvimento das relações dos países da América Latina com os países centrais europeus: “É a partir desse momento que as relações da América Latina com os centros capitalistas europeus se inserem em uma estrutura definida: a divisão internacional do trabalho, que determinará o sentido do desenvolvimento posterior da região”. E completa: “ E a partir de então que se configura a dependência”. Essa dependência que o autor descreve tem seu embasamento na produção de exportação dos países da América Latina, e os seus rebatimentos para a economia e sociedade desses países. Essa teoria se concretiza a partir do momento no qual a burguesia nacional dominante da América Latina escolheu não disputar espaço com a burguesia internacional, aliando-se a mesma. Ou seja, a burguesia nacional, não investiu seu capital em seu país de origem, com finalidade de desenvolvimento interno, pois havia uma tecnologia e capital inferior a concorrência, mas sim associou-se a burguesia internacional, no intuito de gerar lucros como sócia-menor. Como consequência Marini destaca acerca da industrialização na América Latina: “A industrialização latino-americana não cria, portanto, como nas economias clássicas, sua própria demanda, mas nasce para atender a uma demanda pré-existente, e se estruturará em função das exigências de mercado procedentes dos países avançados”.
Visto a importância da América Latina para o desenvolvimento das grandes indústrias, e a dependência que esses países passaram a ter dos países avançados, agora é necessário observar os rebatimentos que essa decisão política trouxe nacionalmente. Existe uma disparidade muito grande entre os países centrais e os periféricos por causa dessa dependência que se criou, dessa forma a cada avanço que se tem no centro, é um retrocesso nas periferias. Isso ocorre porque existe um processo de contradição entre os polos capitalistas. Os países desenvolvidos passaram a investir suas industrias nos periféricos, e o Brasil, como exemplo, abriu suas portas para o mercado internacional. O motivo pelo qual houve esse interesse em investimento nos países periféricos foi pela mão de obra barata. A precariedade, a barbárie e desumanidade são definidores dos ambientes de trabalhos no qual os trabalhadores são sujeitados nos países periféricos, diferenciando-se dos trabalhadores dos países centrais que apesar de fazerem o mesmo trabalho, recebem maiores salários e possuem melhores condições de trabalho. Essa é uma contradição instalada, no qual os países periféricos, devido o seu mercado de exportação, estimula a exploração de seus próprios trabalhadores através do acúmulo de mais valia. Esse é um outro ponto no qual o autor destaca. A América Latina ajuda no desenvolvimento da produção nas indústrias dos centros capitalistas, fazendo com que os mesmo desenvolvam a mais valia relativa, invistam na produtividade, porém, a América Latina, se mantém na mais valia absoluta, explorando seu trabalhador. Para além é importante ressaltar que o Brasil, exemplo do autor para exportador de aço, vende a matéria prima para o país central, onde irá através de sua produção nas indústrias transforma-se em mercadorias como automóveis e chegarão nesses mesmos países periféricos que venderem a matéria prima, muito mais caro que nos países centrais.
Carlos Nelson Coutinho vai trazer em seu texto as teorias de Gramsci e como as mesmas podem ser aplicadas na realidade histórica brasileira. A primeira teoria denominada por Gramsci de “revolução passiva” Coutinho coloca em seu texto duas causa-efeitos afirmados por Gramsci: “Por um lado, o fortalecimento do Estado em detrimento da sociedade civil, ou, mais concretamente, o predomínio das forças ditatoriais da supremacia em detrimento das forças hegemônicas; e, por outro, a prática do transformismo como modalidade de desenvolvimento histórico que implica a exclusão das massa populares”. O autor ainda afirma que pode ser aplicada ao Brasil essa teoria, visto que os latifúndios se transformaram em empresas capitalistas agrárias e com a entrada do mercado internacional no país através de orçamento estrangeiro. Ambas aconteceram sem a participação popular, sendo realizada somente com as classes dominantes, “pelo alto”, como cita Coutinho: “A transformação capitalista teve lugar graça ao acordo entre as frações de classe economicamente dominantes, com a exclusão das forças populares e a utilização permanente de parelhos repressivos e de intervenção econômica do Estado”.
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