HISTÓRIA, CULTURA E SANEAMENTO BÁSICO: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE FARO/PA
Por: Cymony • 25/4/2017 • Trabalho acadêmico • 4.850 Palavras (20 Páginas) • 1.706 Visualizações
HISTÓRIA, CULTURA E SANEAMENTO BÁSICO: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE FARO/PA
SILVA1
FILGUEIRA2
LIMA3
OLIVEIRA4
Resumo:
O objetivo deste artigo é analisar a história e cultura da cidade Faro/PA, contemplando os aspectos da prática da Umbanda, enquanto religião tida sob a perspectiva antropológica, bem como identificar a atuação das políticas públicas no que se refere ao saneamento básico dessa realidade. É fruto de pesquisa realizada no mês de fevereiro de 2017, com moradores e representantes da Secretaria Municipal de obras de Faro, cuja base de investigação pautou-se na abordagem qualitativa. Os resultados apontam contradições em relação à significância da Umbanda para os próprios praticantes, o que reflete no desconhecimento da população e, mostram ainda, que a falta do saneamento básico viabiliza e acentua a desigualdade social no município, sendo por isso colocado como um desafio para as políticas públicas.
Palavras-chave: História e cultura; Umbanda; Saneamento Básico; Faro/PA.
Introdução
Este trabalho é resultado de uma pesquisa de campo que interligou as disciplinas História Cultural da Amazônia, Antropologia Cultural e Questão Social na Amazônia, do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas/Campus Parintins.
Teve o intuito de analisar os aspectos da prática da Umbanda contemplando a história e cultura da cidade de Faro/PA, sob a perspectiva da história cultural da Amazônia, e sob a ótica antropológica; bem como identificar a atuação das políticas públicas que se desdobra na ausência de saneamento básico no município como uma expressão da Questão Social.
A cidade de Faro foi escolhida para a pesquisa por ser uma das mais antigas da região oeste do estado do Pará, por carregar o misticismo da prática da Umbanda, e por isso ser vulgarmente conhecida como a “terra da macumba”. Poucos são os trabalhos que exploram essa questão, assunto que, aliás, configura uma das características da própria cultura amazônica, para entendimento da herança dos indígenas e negros, que historicamente povoaram a região norte do país. Culmina, contudo, com os apontamentos sobre o saneamento básico, ou como a falta desse direito para a população se torna objeto de estudo para o Serviço Social.
Quanto aos procedimentos metodológicos que orientam a elaboração deste artigo foram sequenciados em duas etapas nos meses de Janeiro/Fevereiro de 2017. Na primeira, foi realizada revisão bibliográfica cujas principais discussões foram sobre: a história cultural da Amazônia, a Umbanda enquanto religião afro-brasileira, e saneamento básico como expressão da Questão Social.
Na segunda etapa procedeu-se a pesquisa de campo de natureza qualitativa com uso de instrumentos específicos para coleta de dados. O universo de estudo foi composto por moradores e representantes do governo municipal de Faro, com os quais foi realizada aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas, e o secretário municipal de obras por meio de entrevista. De posse dessas informações fez-se a análise dos dados norteados pelo referencial teórico do estudo, como consta a seguir.
História Cultural da Amazônia
Historiadores se embasam em conceitos antropológicos para compreender e difundir a cultura, de modo geral, pois está atrelada às origens e trajetórias do homem. Embora ainda seja complexo definir, é possível dizer que resulta das práticas e das representações que conferem a identidade de um grupo humano. Somos obrigados a reconhecer que cultura constitui, na verdade, um nome aplicável a um campo semântico, em contínuo processo de ampliação e complexificação (FALCON, 2002).
A Amazônia como um espaço de diversidades, compõe a sociedade brasileira com sua realidade geográfica e histórica, se destacando principalmente por sua riqueza natural e pela magia contida nos seus mitos, nas invenções literárias, na religiosidade de seu povo. “A cultura amazônica apresenta uma fisionomia intelectual, artística, e moral, próprias e constituídas no decorrer da história regional” (PAES LOUREIRO, 2003). É justamente dentro desse contexto que está a motivação para entender os aspectos culturais da cidade de Faro/PA, que faz parte da Amazônia brasileira.
O município de Faro teve sua origem na aldeia dos índios Jamundás, o que reflete a herança indígena encontrada não só no município como na região. Situava-se logo abaixo da confluência do rio Paratucu com o Nhamundá, este último até hoje é o que encurta a fronteira com o estado do Amazonas.
A fundação de Faro aponta o marco de 27 de dezembro de 1768, sendo considerado um dos mais antigos de todos os municípios da região oeste do Pará. Por essa longa data de existência é que foi escolhida como objeto de estudo deste trabalho. São 247 anos de história e uma população de 7.168 habitantes (dados do IBGE/2010). É um município brasileiro pertencente à mesorregião do Baixo Amazonas, no norte do país e possui uma área de 11.820,39km2.
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Fonte: IBGE/2008.
Faro possui eventos culturais como o Festival das quadrilhas, assim como o festival dos bois Cacau e Tira Prosa. É considerado um paraíso ecológico no oeste paraense. Por isso, desponta hoje como um dos principais pontos turísticos seja por suas belas praias em toda sua orla, pela pesca ao tucunaré, e também pela cerâmica indígena da região, embora um pouco rara nos dias atuais.
Consta ainda no histórico do município que Faro sofreu com as ocorrências da cabanagem, um dos grandes marcos da história cultural amazônica e do Brasil. Conforme (PAES LOUREIRO, 2003)
A cabanagem foi um dos mais profundos, amplos, sérios movimentos políticos revolucionários do período regencial brasileiro, estendendo-se de 1835 a 1840. Verdadeiramente, ela serve de eixo invisível em torno do qual gira a história de uma parte da Amazônia, especialmente do Pará (pág. 69).
Esse é apenas um apontamento para justificar a importância que o município de Faro tem não apenas para o Pará, mas para a história do país, por todas as suas particularidades, seja no aspecto econômico, cultural, ou ao que tange o aspecto da religiosidade, aspecto a ser retratado a partir de agora.
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